Conheça os principais procedimentos que devem ser realizados antes de o bebê nascer
Toda mãe quer que seu bebê chegue ao mundo cheio de saúde, mas nem todas dão a devida atenção ao pré-natal durante a gestação. Logo na primeira consulta ao ginecologista depois de descoberta da gravidez, uma lista de exames é passada para fazer o acompanhamento da gestação. Os exames são fundamentais para acompanhar o desenvolvimento fetal e a saúde da mãe, bem como possibilitar o tratamento e terapias adequadas para eventuais problemas.
Segundo Jurandir Passos, ginecologista, obstetra e especialista em Medicina Fetal do Lâmina Medicina Diagnóstica, o pré-natal é fundamental e permite o tratamento antecipado de várias doenças. "O índice de ocorrência de malformação na população em geral é estimado em 3%, e cerca de 1% dos exames obstétricos de rotina detectam algum tipo de anomalia", salienta. A seguir, Passos lista os principais exames para garantir um pré-natal seguro:
A ultrassonografia obstétrica do 1.o Trimestre tem como principal função identificar o local da gestação, se é ectópica ou não; número de sacos gestacionais; o número de fetos e o cálculo da idade gestacional. Entre todos os parâmetros para cálculo da idade gestacional, o principal é o CCN (comprimento crânio-caudal) - o mais fidedigno de todos, com margem de erro estimada em apenas cinco dias.
Outro ponto importante é a determinação do risco de abortamento. O batimento cardíaco também tem importância nesta determinação de risco, pois o coração deve bater em bebês com mais de 5 milímetros. Nesta fase, pode ainda ser avaliada a presença ou não de anomalias morfológicas fetais.
Já a avaliação ultrassonográfica obstétrica do segundo trimestre tem por função principal avaliar o crescimento e anatomia do bebê, e seu bem-estar, que pode ser avaliado pela curva de crescimento dentro da normalidade, pela atividade fetal durante o exame e pela quantidade de líquido amniótico. Esta avaliação pode ainda ser complementada por exames como o perfil biofísico fetal e a dopplervelocimetria.
Ultrassonografia obstétrica com dopplervelocimetria: Este exame complementa a avaliação ultrassonográfica obstétrica de rotina e está indicado sempre que houver necessidade da avaliação do bem-estar fetal em gestações complicadas, seja por doenças maternas ou por alterações fetoplacentárias, bem como na predição da ocorrência de restrição de crescimento intra-uterino e/ou da doença hipertensiva da gravidez.
Ultrassonografia morfológica: Há do primeiro trimestre é um exame utilizado para detecção de problemas de malformações fetais, a fim de se realizar o diagnóstico precoce. Vale lembrar que as mulheres com menos de 35 anos representam 70% dos casos de malformações.
Este exame é realizado entre a 11.a e a 14.a semana de gestação e se baseia na mensuração da chamada translucência nucal, que é a distância da pele à porção óssea fetal na região da nuca. Associado a esta medida, faz-se o estudo da anatomia fetal, procurando evidenciar a presença dos quatro membros, sua proporcionalidade, além de checar a presença de alguns órgãos, como a bexiga urinária e o estômago. É checada ainda a proporcionalidade entre a cabeça, o corpo e os membros, o ritmo cardíaco, a movimentação fetal e, atualmente, foi acrescentada a visualização do osso nasal, visto que os fetos com Síndrome de Down não o têm ou o apresentam em dimensões menores do que a esperada para a idade gestacional no momento da avaliação.
Já o ultrassom morfológico do segundo trimestre é realizado preferencialmente entre a 19.a e a 23.a semana de gestação e permite a detecção de anomalias morfológicas fetais maiores e menores. As malformações maiores são facilmente visualizadas pela ultrassonografia e correspondem a alterações do tipo holoprosencefalia, gastrosquise, onfalocele, entre outras. Já as malformações menores podem ser detectadas com certa facilidade, como é o caso de pieloectasia renal, mas também podem ser de difícil avaliação como, por exemplo, a hipoplasia ungueal ou de alguma falange. Devido a esta gama de alterações, o ultrassom morfológico também deve ser considerado como um exame rastreador para anomalias cromossômicas e apresenta uma sensibilidade de 83,5%, que varia pela experiência do examinador.
Perfil biofísico fetal: Utilizado para avaliação bem-estar fetal, levando em consideração cinco parâmetros: o volume do líquido amniótico, o tônus fetal, os movimentos fetais corporais e respiratório, e a cardiotocografia. Esta avaliação ainda é complementada pela cardiotocografia fetal, que é explicada a seguir.
Cardiotocografia: Tem por finalidade a avaliação do bem-estar fetal. Permite também a detecção de contrações uterinas e a análise do grau de comprometimento da vitalidade fetal. É realizado preferencialmente a partir da 28.a semana de gestação normal, podendo ter um intervalo de repetição que varia de 1 a 7 dias.
Biópsia de vilo corial: Tem por função permitir a coleta de material embrionário para a pesquisa do cariótipo fetal e avaliação de paternidade. É realizado entre a 11.a e a 14.a semana de gestação e a vantagem em relação à amniocentese está no fato de o resultado ser alcançado em tempo menor, 7 a 10 dias, contra 15 a 20 dias.
Amniocentese: Tem sido utilizada para o diagnóstico pré-natal de intercorrências na gestação desde 1967. A grande indicação atual de sua realização é o estudo do cariótipo fetal em gestantes com idade materna avançada, bem como com história pregressa de malformação ou triagem positiva nos exames de screening, como o teste triplo.
Ecocardiografia fetal: Os defeitos cardíacos congênitos estão entre as malformações mais comuns na espécie humana, sendo encontradas em 8 a 9% dos nascidos vivos e com frequência ainda maior entre as perdas gestacionais. Estas anomalias resultam de muitas causas, dentre as quais as doenças metabólicas maternas, em especial a diabetes, uso de medicações, como, por exemplo, algumas drogas anticonvulsivantes, alterações cromossômicas fetais (4 a 5%) e antecedentes maternos de doença congênita cardíaca.
Com o intuito de complementar o estudo morfológico fetal em gestações onde há risco aumentado para cardiopatias, é realizada a ecocardiografia fetal, que tem por finalidade o estudo morfológico e funcional cardíaco do feto. Pode ser realizada a partir do 1o trimestre gestacional (14a semana de gestação), mas é mais indicada entre a 20a e a 26a semana de gestação.
Tipagem sanguínea materna: Este exame orienta o médico quanto aos riscos de ocorrência da chamada doença hemolítica perinatal (DHP), caracterizada pela destruição progressiva das hemácias fetais, levando o feto a um quadro de anemia tão intensa que pode culminar com a perda da gestação. Esta doença ocorre quando a mãe tem o Rh negativo e o pai é Rh positivo. Apesar de poder ocorrer já em uma primeira gestação, a chamada isoimunização ocorre mais frequentemente na 2a gestação, ou subseqüentes, quando não houve a aplicação da imunoglobulina anti-D no período gestacional e pós-parto ou na ocorrência de algum sangramento durante o período gestacional.
Glicemia de jejum: A glicemia de jejum deve ser pesquisada principalmente nas pacientes que apresentam algum sobrepeso, história de síndrome dos ovários policísticos ou que tenham algum antecedente de diabetes. A incidência de diabetes é de 2 a 3% de todas as gestações, sendo que a diabetes induzida pela gestação representa 90% dos casos de diabetes do período gestacional e sua ocorrência aumenta o risco de abortos e partos prematuros, doença hipertensiva da gestação, polihidrâmnio (aumento do volume do líquido amniótico), malformações fetais (principalmente as cardíacas), macrossomia fetal (fetos grandes para a idade gestacional), e da mortalidade materna e fetal.
VDRL ou FTA-ABS: Este exame pesquisa a existência da sífilis, doença sexualmente transmissível de caráter sistêmico e que pode atingir o feto, sendo responsável por perdas gestacionais.
Teste de AIDS: A AIDS representa um risco maior de complicações como abortamento, prematuridade, restrição do crescimento intra-uterino (CIUR), óbito fetal, bem como representa a forma de contágio de 90% dos casos de AIDS pediátrico no Brasil. Como a gestação cursa junto com uma certa diminuição do estado imunológico da gestante, existe também um maior risco de complicações infecciosas para a gestante, bem como maior risco de mortalidade materna.
Toxoplasmose: A toxoplasmose é conhecida popularmente como a doença do gato. Na verdade, o gato é somente seu hospedeiro definitivo, onde o ciclo reprodutivo se completa, mas o contágio do ser humano ocorre principalmente quando ingere alimentos contaminados.
No homem, o toxoplasma penetra na corrente sangüínea e atinge os mais diversos órgãos, onde provoca uma destruição focal do tecido. Ele pode atingir a placenta e consequentemente o feto. Se considerarmos que a proliferação celular fetal é extremamente grande, qualquer destruição focal pode acarretar danos profundos nos mais diversos órgãos e ser responsável por quadros de hidrocefalia, hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço), calcificações hepáticas e cerebrais, e corioretinites. Se houver o diagnóstico durante o período gestacional, deve ser feita a pesquisa de infecção fetal e o tratamento ser instituído o mais precoce possível.
Rubéola: A rubéola é outra doença infectocontagiosa que pode acometer o feto e é responsável por um quadro clínico que se caracteriza por retinopatia, surdez, catarata congênita, hepatoesplenomegalia, entre outras. Uma vez detectado que a paciente não apresentou rubéola, esta deve ser orientada a ser vacinada até 3 meses antes de pensar em engravidar.
Hepatite B: Cerca de 70% a 90% dos recém-nascidos infectados por essa doença evoluem para a forma crônica da doença. O risco de contágio durante o período gestacional é de 95% e o tratamento deve ser feito logo ao nascimento com a aplicação da gama-globulina hiperimune para hepatite viral B e a primeira dose da vacina específica.
Além dos exames laboratoriais, vale à pena salientar a realização de exames ultrassonográficos. Hoje se dá valor a pelo menos três exames durante o período gestacional.
› FONTE: Karin Villatore Talk Assessoria de Comunicação