Fiscalização em cinco supermercados feita durante a semana pela Secretaria de Defesa do Consumidor de Florianópolis para verificação de produtos fora da validade não identificou problema do tipo. Razão para isso pode ser a intensificação dos cuidados que estabelecimentos do gênero passaram a ter para evitar que fiscais e clientes encontrem produtos vencidos em suas gôndolas.
Desde a última segunda-feira (30), os fiscais da secretaria, a qual o Procon da Capital está vinculado, vistoriaram os supermercados Imperatriz (de Coqueiros), Bistek (do Monte Verde), Nacional (do Floripa Shopping), Angeloni (de Capoeiras) e Forte Atacadista (do Jardim Atlântico).
O secretário Tiago Silva não tem dúvidas de que a nova postura dos supermercados é resultado da atuação dos órgãos de defesa do consumidor. "A fiscalização está mostrando que os supermercados estão se adaptando às legislações que tratam dos direitos dos consumidores. Isso é um grande avanço", comemora.
Função de olhar
O gerente Laudeli Garcia, do Supermercado Imperatriz do bairro de Coqueiros, por exemplo, conta que há oito meses um colaborador da loja tem a função de "só olhar a validade", e pode, inclusive, receber advertência ou até suspensão, caso não desempenhe bem o trabalho. Segundo Garcia, a medida adotada em toda a rede reduziu em 95% as falhas que costumavam ocorrer quando a mesma verificação cabia aos responsáveis pelo abastecimento "dos corredores" do supermercado.
"Cada vez fecha mais o cerco pra gente errar menos. Não vou dizer que não tem falha, mas elas são muito extremas. Achar produto em quantidade fora da validade ninguém vai. Pode-se achar uma unidade ou outra perdidinha", garante o gerente que, para chegar a tal resultado conta com o colaborador que tem a incumbência de anotar tudo o que vai vencer no mês e retirar a mercadoria de circulação antes do término do prazo de validade.
Segundo ele, a medida busca prevenir uma série de situações, entre elas, o descumprimento de determinações do Procon e da Vigilância Sanitária. "Tem que estar tudo certinho, Deus o livre", diz o gerente. Bem como zelar por estabelecer uma relação com o consumidor que vai além dos interesses comerciais, e assim evitar problemas até mesmo de cunho emocional. "Uma mãe, ao perceber que deu um produto vencido ou estragado para um filho, vai ficar indignada. E como pode ser com qualquer cliente, pode ser com a minha família. Então, temos preocupação com a questão emocional", relata o funcionário.
Além disso, claro, tem a questão econômica. "Se o cliente pega um produto vencido, ele pode levar outro, idêntico ou similar, em igual quantidade, de graça, e a gente está aqui para vender, e não para doar", sentencia, em tom de brincadeira, Laudeli Garcia, tendo em vista a lei municipal nº 9.337/13.
Comitê de Validade
A gerente auxiliar Michelle Oliveira, do Supermercado Angeloni do bairro de Capoeiras, também conta que há mais de um ano foi instituído na loja o que chamam de Comitê de Validade, aos moldes do que já vinha sendo feito em outras unidades da rede. Segundo ela, um funcionário de cada um dos 10 setores do estabelecimento forma uma equipe com missão preventiva: a de acompanhar semanalmente a validade das mercadorias para tirá-las de venda antes de vencerem o prazo. Trabalho que conta com registros feitos em planilhas no computador.
Pelos cálculos de Michelle, a quantidade de produtos vencidos diminuiu em 70% com a instalação do comitê – antes dele cada setor deveria cuidar para isto não acontecer. "Ainda existem casos, mas baixou muito o volume. Essa coisa ou outra é que a gente não quer que aconteça", defende Michelle, que atesta que o comitê gerou uma mudança de postura, no sentido de aumentar a responsabilidade dos colaboradores em não deixar mercadoria fora da validade exposta ao público.
Aliás, a gerente revela que, em área do Angeloni de acesso restrito aos funcionários, tem painel que expõe o setor que, por acaso, falhou nesse sentido. "E ninguém quer estar lá!", admite.
› FONTE: Secretaria Municipal de Defesa do Consumidor