Com apoio do PSDB, a CPI do BNDES aprovou, nesta quinta-feira (12), a convocação do empresário José Carlos Bumlai, um dos alvos da Operação Lava Jato
Mais uma vez a base do governo tentou impedir a votação de requerimentos par barrar a convocação do pecuarista amigo do ex-presidente Lula, beneficiário de suposto tráfico de influência praticado pelo petista na instituição financeira. Mas deputados tucanos reagiram à investida do PT e aliados para blindar Bumlai e atrapalhar as investigações.
O deputado Caio Narcio (MG) foi um dos que criticaram a ofensiva. “É um absurdo que queiram impedir as investigações dessa maneira. Os parlamentares ligados ao governo têm medo porque sabem o que ele pode revelar aqui”, disse. “Esse amigo de Lula recebeu milhões do BNDES ano após ano e depois pediu recuperação judicial. Será que não é mesmo importante trazê-lo aqui? O Brasil está vendo o que o PT está fazendo e por que não quer apurar”, completou João Gualberto (BA).
Os pedidos de convocação de Bumlai constavam da pauta da reunião anterior da CPI e estava sendo votado quando a reunião teve que ser encerrada devido o início das votações no plenário da Câmara. Na sessão de hoje, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) pediu que o requerimento tivesse sua apreciação concluída, como determina o regimento da Casa. PT e PCdoB tentaram impedir a aprovação, obstruindo a sessão. Mas, ao final, a convocação foi acatada com os votos favoráveis da oposição.
SOB MEDIDA
Bumlai recebeu um empréstimo concedido pelo BNDES no valor de R$ 101,5 milhões. O financiamento contornou uma norma interna do banco que o proíbe de conceder empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça, como foi o caso. Além disso, poucos meses após a concessão, sua firma entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial por não conseguir pagar as dívidas que tinha no mercado.
Vice-presidente da CPI, o deputado Miguel Haddad (SP) rechaçou a tentativa de derrubada do requerimento de convocação a Bumlai mesmo depois de ser aprovado. “A votação foi legítima e aprovamos por maioria. O que tentam é impor uma manobra”, disse. Por fim, a convocação foi confirmada.
O deputado Betinho Gomes (PE) ressaltou que as apurações sobre irregularidades nos empréstimos do BNDES precisam ser aprofundadas. “O governo não quer investigar, mas o BNDES teve um aporte de quase meio trilhão de reais para ceder a empresários a juros subsidiados, colocando o país em situação de total desequilíbrio fiscal. Não querer investigar isso é um absurdo”, disse.
ARNO AUGUSTIN E PEDRO BARUSCO
Dois requerimentos apresentados pelo PSDB também foram apreciados na sessão desta quinta-feira. O primeiro deles pedia a convocação do ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin. Os tucanos criticaram a blindagem feita pelo governo, que acabou impedido a aprovação do pedido.
“Augustin era quem de fato respondia por todas as ações econômicas do governo. As pedaladas fiscais e os recursos repassados aos bancos eram de responsabilidade do Tesouro. Ele precisa vir aqui explicar essas manobras”, apontou o deputado Alexandre Baldy (GO). O parlamentar pontuou que a crise gerada pelo governo com medidas como essas já acarretaram em 2,2 milhões de desempregados, contando os que foram demitidos e os que deixaram de ser contratados.
Aprovado, o outro requerimento de autoria dos deputados do PSDB solicitava a convocação do ex-gerente da Petrobras Bedro Barusco. A oitiva com Barusco é importante, de acordo com os tucanos, pois ele foi o primeiro diretor da empresa Sete Brasil. Um dos objetivos específicos da CPI do BNDES, lembraram os parlamentares, é o de investigar supostas irregularidades relacionadas com contratos de empréstimos temerários feitos pelo banco, como as transações com a empresa.
A comissão aprovou, ainda, uma série de pedidos de informação ao BNDES sobre empréstimos e obras subsidiadas pela instituição no Brasil e em diversos outros países.
› FONTE: PSDB na Câmara