O dia 14 de novembro é considerado o Dia Mundial do Diabetes. Ele foi instituído em 1991 como um meio de aumentar a conscientização global sobre a doença e hoje é realizado em mais de 150 países. A campanha é organizada pela International Diabetes Federation (IDF), com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A campanha deste ano tem como tema "Qualidade de Vida & o Diabetes". De acordo com a OMS, cerca de 10% da população adulta sofre de diabetes. Segundo o IDF, o Brasil ocupa a 4.ª posição entre os países com maior prevalência de diabetes, com mais de 13 milhões de pessoas, o que corresponde a aproximadamente 6.5% da população entre 20 e 79 anos de idade.
De acordo com Myrna Campagnoli, endocrinologista do Lâmina Medicina Diagnóstica, o diabetes é um sério e crescente problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento devido ao aumento de sua prevalência, morbidez e mortalidade. A maioria das pessoas apresenta o tipo 2 da doença e está na faixa etária de 45 a 64 anos. "Portanto, em fase de grande participação no mercado de trabalho, fazendo com que o tratamento acarrete em elevado custo social, humano e econômico, de forma direta e indireta,", afirma a Dra. Myrna.
A médica explica que o diabetes do tipo 1 aparece como resultado da destruição das células produtoras de insulina do pâncreas. Essa destruição é provocada por células de defesa (anticorpos) do próprio organismo, que reconhecem as células produtoras de insulina como estranhas. Esse mecanismo é chamado de resposta autoimune. "Algumas vezes, esses anticorpos são encontrados no sangue. Não se sabe exatamente a causa que inicia o processo, mas existem pesquisas indicando fatores genéticos, vírus e outros fatores ambientais", explica a especialista. O diabetes do tipo 1 se inicia mais comumente na infância e na adolescência, porém, também pode se iniciar na idade adulta. Representa entre 10 e 20% dos casos e requer, obrigatoriamente, o uso de insulina desde o diagnóstico.
Já o diabetes do tipo 2, segundo a endocrinologista, representa entre 80 e 90% dos casos. O tipo 2 resulta de um mecanismo duplo, pois existe tanto uma resistência à ação da insulina nas células do organismo quanto uma redução progressiva da produção de insulina pelo pâncreas. Este último mecanismo da doença é muitas vezes esquecido e explica porque a maioria dos pacientes vai necessitar do uso de insulina com a evolução da doença. A Dra. Myrna relata que este tipo começa na idade adulta mais frequentemente, porém, atualmente, devido à "epidemia" de obesidade que ocorre no mundo, cresce cada vez mais sua incidência também entre crianças. Está associado ao excesso de peso, vida sedentária, idade avançada e tem forte influência hereditária. "Assim, filhos de pais diabéticos devem fazer a dosagem da glicose no sangue com maior frequência, com o objetivo de diagnosticar a doença precocemente", alerta.
A Dra. Myrna revela que o diabetes pode ocasionar vários sinais e sintomas, entre eles: sede excessiva; vontade de urinar diversas vezes; perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o habitual); visão embaçada; infecções repetidas na pele ou mucosas; machucados que demoram a cicatrizar; cansaço inexplicável; dores nas pernas. Mas, em vários casos, não há sintomas importantes até que o paciente apresente um quadro grave. "O paciente pode passar muito tempo, às vezes anos, para descobrir a doença. Isto ocorre com maior frequência no tipo 2. Portanto, é importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade", reforça.
O diagnóstico do diabetes, de acordo com a Dra, Myrna, é feito através da medida da glicose do sangue. Os valores diagnósticos estabelecidos pela American Diabetes Association (ADA) são:
Normal: glicemia de jejum entre 70 mg/dl e 99mg/dl e <140mg/dl, 2 horas após sobrecarga de glicose (teste de tolerância à glicose).
Glicemia de jejum alterada: glicemia de jejum entre 100 a 125mg/dl.
Intolerância à glicose: glicemia entre 140 mg/dl e 200mg/dl, 2 horas após sobrecarga de glicose (teste de tolerância à glicose).
Diabetes: 2 amostras colhidas em dias diferentes com resultado igual ou acima de 126mg/dl ou quando a glicemia feita a qualquer hora, estiver igual ou acima de 200mg/dl na presença de sintomas.
A especialista lembra que as mortes ocasionadas pelo diabetes chegam a mais de 3 milhões por ano no mundo. "Se a glicose não é controlada e permanece em níveis altos durante muito tempo, aumentam as chances do surgimento de complicações como doenças cardíacas, dos rins, cegueira e amputação de membros", alerta. A médica diz que o controle rigoroso da glicose reduz significativamente a chance destas complicações, porém, é negligenciado por muitos pacientes. "A mudança de hábitos de vida é uma exigência do controle da doença e requer disciplina e persistência, porém, uma vez incorporada à rotina diária torna-se fácil e o paciente passa a ter uma qualidade de vida excelente. A busca constante por informações sobre o diabetes deve ser feita pelo paciente e o médico deve ser consultado periodicamente", reforça.
› FONTE: Talk Assessoria de Comunicação