Mostra Inova, realizada em São Bento do Sul, têm 15 projetos voltados à eficiência da indústria, tecnologias educacionais, integração de pessoas com deficiência e preservação ambiental
Iniciativas que apoiam a inclusão social de pessoas com deficiência, reaproveitam rejeitos poluentes, melhoram a eficiência da indústria ou geram alimentos mais saudáveis estão entre os projetos em exposição na Mostra Inova SENAI/SC, em São Bento do Sul. O evento integra a programação da etapa estadual 2015 da Olimpíada do Conhecimento, realizada durante esta semana nas unidades da instituição na cidade e em Joinville, Blumenau e Jaraguá do Sul. Os 15 projetos expostos foram selecionados entre 216 inscritos, que envolveram 480 estudantes, professores ou pesquisadores da instituição.
Os estudantes do curso superior de Tecnologia em Automação Industrial e da pós-graduação em Engenharia de Automação do SENAI em Florianópolis Vinícius Perozzi e Roberto de Andrade apresentaram uma versão eletrônica do Cela Braille (mecanismo que permite a alfabetização em braile). O projeto exposto agrega uma máquina de escrever na linguagem e permite o autoaprendizado. Também para apoiar na integração dos cegos, a área de moda do SENAI em Jaraguá do Sul projetou uma loja que permite a independência de pessoas cegas ou com baixa visão na hora de adquirir roupas. A ideia é utilizar todos os demais sentidos para facilitar a escolha das confecções – sistemas de audiodescrição, temperaturas, aromas e informações em braile. “O estado da arte de tudo o que se trabalhou no projeto está pronto. A inovação reside em combinar todos os elementos em torno de um projeto de integração de pessoas com deficiência, algo fundamental para a sociedade”, afirma Renata Valvolizza, coordenadora do curso superior em design de moda do SENAI em Jaraguá do Sul.
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia em Materiais, de Criciúma, criaram um filtro para metais fundidos, reaproveitando rejeitos do próprio setor (areia de fundição e borra de anodização de alumínio), que, associados à argila, são queimados junto com uma esponja de poliuretano 1,6 mil graus Celsius. O resultado é um filtro cerâmico que retém as impurezas existentes nos metais em estado líquido utilizados na fundição. Após o uso, o filtro pode ser descartado ou reaproveitado na própria fundição, mas já estará inerte (diferentemente dos rejeitos originais).
O viés ambiental está presente em outros dois projetos apresentados pelo SENAI em Jaraguá do Sul. Um deles, desenvolvido pelos cursos de edificações e de química, prevê a fabricação de tijolos em resina produzida com casca de arroz. Pela sua composição, essas peças têm um bom acabamento e encaixes, que permitem flexibilidade, redução de tempo e de trabalho e ergonomia, permitindo que o próprio consumidor erga ou desloque paredes. O modelo dispensa até mesmo a necessidade de pintura. O outro projeto, de alunos do curso técnico em eletroeletrônica, é o direcionador de placas solares. Um motor de limpador de para-brisas de automóveis e sensores nas extremidades das placas fotovoltaicas faz com que elas se desloquem em dois eixos, em busca de um melhor ângulo para captação da luz solar. “Placas do gênero no Brasil são muito caras e, quando existem, fazem movimento em apenas um eixo”, afirma o estudante André Luiz Ponciano.
Sorvetes que ao invés de gordura hidrogenada (maléficas à saúde) utilizam azeite de oliva (benéfico), desenvolvido pela faculdade de tecnologia de alimentos do SENAI em Chapecó, permite a redução em 80% do teor de gordura e em 60% nas calorias. O grupo alcançou o desafio de minimizar o sabor do azeite, que desaparece por completo nas versões com sabores. Já o creme de leite de arroz, criado no Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, também de Chapecó, permite o uso de grãos quebrados (descartados na seleção do produto para venda em pacotes). O creme não possui lactose nem glúten e apresenta sabor mais agradável do que as versões produzidas com leite de soja. Além disso, tem metade do teor de gordura do creme de leite de vaca, embora contenha também menor percentual de proteínas.
Oficinas gratuitas no OC 2015
Mais de 100 ações estão sendo realizadas nas quatro cidades que recebem a Olimpíada do Conhecimento. As oficinas são gratuitas à comunidade e as inscrições podem ser feitas na secretaria do SENAI da sua cidade. Os visitantes da Olimpíada do Conhecimento, em Blumenau, conferiram nesta quarta (28) o Ciência em Show, uma iniciativa dos cientistas Wilson Namen, Gerson dos Santos e Daniel Angelo, professores licenciados em Física na Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é disseminar a ciência de uma forma lúdica e divertida.
Assim funciona também o SESI Ciências, um programa desenvolvido pela entidade da FIESC para ensinar a disciplina de um jeito bem diferente do tradicional. Nas cidades-sede da Olimpíada do Conhecimento, os visitantes podem conhecer a unidade móvel do programa. Beatriz Ern tem apenas 14 anos e ficou encantada com os recursos do SESI Ciências. Ela e seus colegas do 9º ano do ensino fundamental visitaram a Olimpíada do Conhecimento nesta quarta (28). “Gosto das ciências exatas e se pudéssemos aprender estas disciplinas com recursos como estes que conhecemos aqui seria muito mais fácil compreender como alguns fenômenos estão presentes no nosso dia a dia”, fala a estudante.
Ao todo, 140 competidores disputam o torneio. Além de buscar o ouro em Santa Catarina, eles estão de olho na classificação para as fases nacional e internacional e de olho no mercado de trabalho na indústria. A Olimpíada do Conhecimento 2015 ocorre nas cidades de Joinville, São Bento do Sul, Blumenau e Jaraguá do Sul.
› FONTE: FIESC