Nos últimos cinco anos, 190 cães foram diagnosticados com leishmaniose visceral em Florianópolis
O aumento do número de animais infectados na Capital catarinense motivou a realização da primeira edição do Seminário Regional sobre Leishmaniose Visceral pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC). O evento será na próxima quarta-feira, 30, no hotel Cambirela, no Bairro Estreito.
Os primeiros casos foram registrados em 2010, quando quatro cães da localidade Canto dos Araçás, no Bairro Lagoa da Conceição, tiveram exames positivos para a doença. A leishmaniose visceral é uma doença transmitida ao homem pela fêmea do inseto conhecido como “mosquito palha” ou “birigui” que, ao picar, introduz na corrente sanguínea o protozoário Leishmania chagasi. No ambiente urbano, o cão é a principal fonte de infecção.
“No Brasil, o número de pessoas e de animais infectados com essa grave doença vem crescendo de forma preocupante, a despeito dos esforços e medidas sanitárias que têm sido realizadas”, destaca Renata Ríspoli Gatti, responsável pelo Programa de Controle das Leishmanioses na Gerência de Zoonoses da Dive/SC. O evento é dirigido aos profissionais de saúde da rede pública e privadados municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu, bem como a médicos veterinários que atuam em clínicas atendendo pequenos animais.
Os riscos da doença
Até o momento, Santa Catarina não possui em seu território registro de transmissão da doença em humanos, que apesar de grave, possui tratamento. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os principais sintomas da doença, em humanos, são febre de longa duração, perda de peso, fraqueza, aumento do baço e fígado, diarreia e anemia. Se não tratada, a leishmaniose visceral humana pode levar a óbito em até 90% dos casos. No Brasil, em 2013, foram registrados 3.253 casos, com 231 mortes, conforme dados do Ministério da Saúde.
O tratamento dos cães não é uma medida recomendada pelo ministério e traz riscos para a saúde pública. Os cães quando tratados melhoram os sintomas temporariamente, mas continuam com o parasita na pele, servindo de fonte de infecção para novos insetos, aumentando o risco de transmissão da leishmaniose visceral para as pessoas. No cão, os sintomas são emagrecimento, descamação da pele, queda de pelos, desânimo, olhar triste, os olhos remelentos e crescimento exagerado das unhas.
A ação em Santa Catarina
No município de Florianópolis são realizadas desde 2010 ações previstas pelo Programa de Controle da Leishmaniose: busca ativa por cães com sintomas, adoção de medidas sanitárias ao cão e ao meio ambiente e ações de caráter educativo/informativo junto aos profissionais de saúde e à população.
“O aumento do número de casos na Ilha de Santa Catarina pode ser atribuído a fatores como a permanência de animais positivos nas localidades, o deslocamento de animais infectados para áreas com a presença do inseto e as condições ambientais favoráveis à sua proliferação”, avalia Renata Ríspoli Gatti, da Dive/SC.
PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO
8h20 - ABERTURA OFICIAL
Eduardo Macário
Diretor da DIVE/SES/SC
8h35 às 9h15 PALESTRA: Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Canina
Lucas Edel Donato SVS/Ministério da Saúde
9h15 às 11h30 MESA: Leishmaniose Visceral Canina em Santa Catarina
1 - Monitoramento da leishmaniose visceral canina no município de Florianópolis
Fábio Indá CCZ/Florianópolis
2- Monitoramento da fauna de flebotomíneos em SC
João Cezar Nascimento / GEZOO/DIVE/SES
3 - Diagnóstico Laboratorial da leishmaniose visceral em SC
Fernanda Lautert P. Silva / LACEN/SC
4 - Pesquisas acadêmicas sobre leishmaniose em SC
Mário Steindel / UFSC
11h30 às 12h DEBATES
12h às 13h30 INTERVALO: ALMOÇO
13h30 às 14h15 Situação epidemiológica do Brasil
Lourdes Amélia SVS/Ministério da Saúde
14h15 às 15h15 Aspectos clínicos da leishmaniose visceral humana e desenvolvimento de formas graves
Dra. Dorcas Lamounier Costa / Universidade Federal do Piauí
15h15 às 16h Diagnóstico da leishmaniose visceral humana
Dr. José Ângelo
Instituto de Infectologia Emilio-SES-SP e Laboratório de Investigação Médica (LIM38) HC-FMUSP
16h às 16h20 INTERVALO: Coffee Break
16h20 às 17h Coinfecção LV-HIV: Manifestações clínicas e resposta terapêutica
Dr. José Ângelo
Instituto de Infectologia Emilio-SES-SP e Laboratório de Investigação Médica (LIM38) HC-FMUSP
› FONTE: Núcleo de Comunicação – DIVE