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Acidentes de trânsito custam cerca de R$ 40 bilhões, por ano, ao Brasil

Publicado em 24/09/2015 Editoria: Trânsito Comente!


Foto: Arquivo/CNT

Foto: Arquivo/CNT

Cálculo faz parte de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) em parceria com a PRF

O Brasil perde, por ano, cerca de R$ 40 bilhões em decorrência de acidentes de trânsito. Desse montante, R$ 12,3 bi são de ocorrências registradas nas rodovias federais e o restante diz respeito a vias estaduais e municipais. A estimativa faz parte de um estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), nesta quarta-feira (22), com base em dados de 2014. 

“É um custo para a sociedade brasileira. Mais de 80% das vítimas são pessoas em idade produtiva – de 15 a 64 anos -, o que representa um impacto na renda das famílias. Mas também há uma parcela significativa do orçamento público, especialmente da Previdência e da Saúde”, explica o pesquisador Carlos Henrique Carvalho. “Nós inferimos que esse valor é bem superior ao investido, por exemplo, na fiscalização e em infraestrutura”, complementa. 

Para se ter uma ideia, esses R$ 40 bilhões representam quase metade de todo o orçamento do Ministério da Saúde (R$ 91,5 bilhões) e é mais que a soma dos recursos dos Ministérios das Cidades (R$ 14,5 bi) e dos Transportes (R4 10,1 bi) para este ano. O pesquisador lembra, ainda, que o Brasil arrecada R$ 6 bilhões, anualmente, com multas, que devem ser investidos em educação para o trânsito. 

Média de R$ 72 mil por acidente

Conforme o levantamento, o custo médio, por acidente, é de R$ 72 mil. Nos casos em que há morte, o valor chega a R$ 646 mil. O valor contabiliza cuidados com saúde e pagamentos de indenizações, os danos ao veículo e ao patrimônio público, além de custos institucionais, como da mobilização de equipes de socorro. Assim, segundo Carlos Henrique, “é importante medidas para reduzir não apenas a quantidade, mas também a gravidade dos acidentes”. 

As colisões frontais são o tipo de ocorrência com maior índice de mortes: 33 de cada 100 óbitos nas rodovias federais. A PRF aponta, ainda, que 93% das mortes e 89% dos acidentes em BRs são registrados em trechos de pista simples. “Onde se tem investimentos em infraestrutura, melhoria da sinalização e das rodovias reduz, e muito, a quantidade de acidentes”, diz a diretora-geral da PRF, Maria Alice Nascimento Souza. Conforme a Pesquisa CNT de Rodovias 2014, 87% dos trechos de rodovias federais no país são de pista simples. 

Outras das principais causas de ocorrências são saídas de pista, comumente associadas a excesso de velocidade, e atropelamentos. 

Acidentes mais caros

Acidentes com automóveis consomem o maior percentual dos gastos (66%). Mas, quando se relacionam as proporções entre o percentual de casos e o dos gastos, as ocorrências com motos e caminhões são mais caras. Em 2014, 18% envolveram motocicletas. Mas consumiram 25% dos recursos. Aqueles com caminhões equivaleram a 33% do total de acidentes em BRs, mas responderam por 44% das despesas. 

Número de acidentes

Aproximadamente, oito mil pessoas perderam a vida e 100 mil ficaram feridas em 169 mil acidentes registrados nas BRs em 2014. Os números cresceram 34%, 50% e 50%, respectivamente, em dez anos. No entanto, a frota de veículos aumentou 121% nesse período. 

“Não dá mais para tratar isso como fatalidade. Isso é uma questão de segurança pública e, como tal, deve-se tratar preventivamente”, diz a diretora-geral da PRF. “Quando você tem um trabalho que otimiza recursos humanos e tecnologia, é possível reduzir esses números”, complementa Maria Alice Souza. 

“Observamos uma tendência de queda nas mortes em rodovias federais desde 2010. Nesses quatro anos, a redução chegou a 4,5%. Isso tem sido possível com a definição de estratégias de fiscalização desenvolvidas a partir da análise de dados estatísticos”, explica o chefe do Núcleo de Estatística da Polícia Rodoviária Federal, Marcus Vinícius Moreira.

Políticas públicas

O estudo do Ipea aponta, ainda, o que deve ser alvo de atenção das políticas públicas para reduzir as estatísticas. Uma delas diz respeito a ações permanentes de educação para o trânsito e garantir a correta destinação, para esta finalidade, dos cerca de R$ 6 bi arrecadados, anualmente, com multas no país. Fiscalizar e garantir a punição em casos de infração e crimes de trânsito, para reduzir a sensação de impunidade, é outra medida considerada essencial. 

Os municípios também têm sua parcela de responsabilidade. Apesar de o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) dizer que as administrações municipais devem ter órgãos de gestão e fiscalização de trânsito, menos de oito em cada dez prefeituras dispõem dessa estrutura. “É no município que começa a educação para o trânsito. Isso é muito grave”, avalia a diretora-geral da PRF. Além disso, estados e municípios deveriam aprimorar os sistemas de dados sobre o tema. Essa deficiência prejudica na definição de ações específicas. 

Investimentos para garantir a manutenção e melhorias das condições das vias e de suas sinalizações, inspeções veiculares periódicas e programas de renovação de frotas, para retirar veículos muito antigos e sem condições seguras de circulação da rua também são citados como ações importantes. 

A íntegra do estudo está disponível no site do Ipea. Para acessar, clique aqui.

 

› FONTE: Natália Pianegonda/Agência CNT de Notícias

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