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A renda de bilro quebrando paradigmas

Publicado em 31/08/2015 Editoria: Cultura Comente!


Dinho Rendeiro/Foto: Petra Mafalda

Dinho Rendeiro/Foto: Petra Mafalda

Trabalhando no Armazém da Renda desde a inauguração, Dinho é o único homem que produz renda no local; atividade é "remédio" contra a depressão

O Armazém da Renda – espaço cultural inaugurado no Mercado Público no último mês - tem chamado a atenção de quem passa pelo local. Quem visita o espaço se surpreende com a história de Edivaldo Pedro de Oliveira, de 59 anos, popularmente conhecido como Dinho, o único homem que trabalha no local e sabe fazer renda de bilro. De terça a sexta, das 10 às 15 horas, Dinho fica no Armazém da Renda e demonstra a técnica que aprendeu desde os 15 anos: a Tramoia.

Natural do Pântano do Sul, Dinho sempre observava a madrasta fazendo renda de bilro e tinha curiosidade em aprender. Desde pequeno, o artesão ia para a casa da prima para aprender com ela, escondido da madrasta, a fazer a renda. "O preconceito era muito grande, homens eram proibidos de aprender a renda de bilro, já que isso era considerado um trabalho para mulheres. Os homens eram obrigados a fazer rede de pesca. Cheguei a ganhar agulha, malheiro e todo o material para fazer tarrafa, mas nunca nem toquei", disse.

Já adulto, a rotina de trabalho fez Dinho ficar cerca de 20 anos longe da renda. "Aos 18 anos fui para São Paulo e depois morei alguns anos no Canadá. Em 1998, voltei ao Brasil para trabalhar como motorista de ambulância. Fui demitido logo depois e entrei em uma depressão profunda", contou.

Morando novamente no Pântano do Sul, Dinho conheceu um grupo de rendeiras da localidade e decidiu voltar a fazer renda de bilro. "Meu médico me deu duas opções: O uso de remédios fortes para a depressão ou ocupar minha mente com algum trabalho que me fizesse feliz. Não poderia pensar em outra solução além da renda de bilro", disse.

Dinho venceu o preconceito da sociedade e também da família. Somente aos 42 anos, há 17 anos, o artesão conseguiu fazer renda com a madrasta sem ser reprimido. Atualmente, seu sustento deriva de um negócio próprio, um bar no Pântano do Sul, e da renda de bilro, que ele vende na localidade e no Armazém da Renda, no Mercado Público.

No local, os visitantes poderão ver o artesão Dinho e outras rendeiras produzindo, além de poderem adquirir produtos feitos ali mesmo ou nos núcleos formados nas comunidades. Toalhas de mesa, porta-guardanapos, cerâmicas decoradas com renda, colares e os mais diversos produtos feitos com bilros estão expostos no box 78, na Ala Norte do prédio histórico, e os preços variam entre R$ 20,00 e R$ 300,00.

› FONTE: Comunicação PMF

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