Na semana do dia 6 de junho, Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, a Secretaria de Estado da Saúde faz um alerta para os pais: a maioria dos acidentes envolvendo crianças acontece no ambiente doméstico.
Em 2014, a Ala de Queimados do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, registrou 146 atendimentos. De janeiro a abril deste ano, 68 crianças já foram atendidas. A unidade é referência no Estado para esse tipo de atendimento na rede pública e recebe pacientes de todas as regiões. Curativos de alta tecnologia utilizados no tratamento garantem melhor cicatrização e diminuição do tempo de internação dos pacientes.
Gabriel Meurer Gil, de um ano e quatro meses, puxou de cima do fogão uma leiteira com café quente, queimou o rosto e uma parte do abdômen. “Nós estávamos apressados para ir ao trabalho e não percebemos a presença do Gabriel na cozinha”, contou a mãe, Viviane Kulkamp Meurer, 31.
O menino, que veio de Grão-Pará, cidade do Sul do Estado a 200 quilômetros da Capital, está internado desde o dia 19 de maio. Passará por uma cirurgia de enxerto de pele e deverá ir para casa em duas ou três semanas.
O cirurgião pediátrico Rodrigo Feijó lembra que os casos mais comuns de queimaduras em crianças com menos de cinco anos são as escaldaduras com água ou leite quentes.
“Muitos acidentes ocorrem na cozinha. Porém, medidas simples podem evitá-los, como virar os cabos das panelas para a parede, não usar toalhas compridas e instalar protetores nos fornos embutidos. O ideal, no entanto, é que a criança tenha acesso restrito a essa área da casa”, destaca o médico.
Na França, segundo Feijó, uma ação criativa está ajudando a diminuir os casos de queimaduras. Fitas adesivas coloridas são usadas para demarcar lugares que as crianças não podem ir, como ao redor do fogão. Dessa forma, elas são educadas ludicamente e com uma linguagem de maior compreensão.
Crianças acima dos cinco anos se queimam com mais frequência por chama direta, usando álcool, substância facilmente encontrada na dispensa de casa.
“Nessa idade é importante prestar atenção com os líquidos inflamáveis, que devem ser armazenados em locais fechados e de preferência no alto. Evitar trocar as embalagens também ajuda a prevenir esses acidentes”, recomenda o médico. Feijó lembra que o álcool recomendado para uso doméstico é o 40%, pois não explode e é tão bom para limpeza quanto o 90%.
Tratamento para queimados em Santa Catarina
Em caso de queimadura, a primeira medida a ser adotada é resfriar o local com água corrente e em temperatura ambiente. “A água não deve ser morna nem gelada. Depois disso, a pessoa deve ser levada ao hospital. Nenhum tipo de produto caseiro deve ser usado”, reforça Feijó.
O Hospital Infantil Joana de Gusmão utiliza tecnologia avançada para tratamento de queimaduras de todos os tipos. “A pele nasce como uma planta. Se semearmos algo e remexermos a terra todos os dias, arrancaremos os brotos. Assim é se retirarmos os curativos de uma queimadura diariamente. Hoje, a tecnologia permite que os curativos possam ser mantidos por até sete dias, contendo antibióticos que combatem infecções, cicatrizando melhor e diminuindo o tempo de internação”, explica o cirurgião.
A tecnologia está presente também no tratamento cirúrgico. Segundo Rodrigo Feijó, vai para cirurgia a criança que teve queimadura de terceiro grau, quando a pele daquela região não vai mais nascer e se torna necessário enxertar.
“A tecnologia mais avançada que temos hoje é uma máquina que mede até 0,02 milímetros, para retirar pele de um local e enxertar onde for necessário. Aliada a isso, utilizamos uma matriz de regeneração dérmica, que é uma pele sintética que se integra ao músculo e recupera a elasticidade”, acrescenta Feijó.
Outra novidade, que começou a ser utilizada no Hospital Infantil e já está disseminada em outras unidades, é o tratamento de pressão negativa que acelera a cicatrização e diminui o tempo de internação. O tratamento funciona por meio de um invólucro que veda a queimadura e estimula o crescimento de vasos e pele. Essa técnica pode acelerar em até uma semana a cicatrização.
› FONTE: Governo do Estado de SC