Pais de alunos do Instituto Estadual de Educação (IEE), de Florianópolis, compareceram à reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (19), para pedir que os deputados atuem pelo fim da greve dos professores da rede estadual. A preocupação dos pais é com o comprometimento do ano letivo, já que as aulas estão paralisadas há dois meses.
“Enquanto pais, nos sentimos alijados do processo. Oficialmente, nossos filhos estão sem aulas há 60 dias, mas o sistema não está funcionando desde o início do ano”, disse Aurélio Pereira, representante dos pais que falou à comissão. A neta dele, estudante do 9º ano do IEE, ainda não teve aula de inglês em 2015, por falta de professor.
Eles não querem apenas o retorno dos professores, querem discutir qualidade. “A educação pública do nosso estado está falida”, frisou. Na opinião dele, falta capacitação pedagógica dos professores e falta discussão sobre conteúdos. A artesã Adriane Groehs, mãe de um estudante, escreveu uma carta em nome dos pais. “Queremos aula, mas também queremos qualidade de ensino e para isso precisamos de professores motivados”, enfatizou.
O presidente da comissão, deputado Valdir Cobalchini (PMDB), explicou que o colegiado atuou ativamente pela retomada da negociação entre governo e sindicato. “Estávamos muito otimistas de que a assembleia da categoria decidisse pelo fim da greve na última quinta-feira (14) porque o governo concordou com parte da pauta.
Infelizmente, os professores decidiram manter a greve. Ainda assim, continuaremos conversando.” Cobalchini informou que hoje à tarde haverá mais uma reunião na Secretaria da Casa Civil para tratar desse assunto. “Os pais estão preocupados, nós estamos preocupados. Desejamos que as escolas voltem à normalidade o mais rápido possível.”
Luciane Carminatti (PT) ressaltou que as negociações com o governo foram reabertas, mas algumas reivindicações dos professores não foram atendidas.
“Na principal delas, que é a questão financeira, não houve avanço.” Os professores reivindicam 13,1% de reajuste na carreira. O percentual equivale ao reajuste do Piso Nacional da Educação. Luciane frisou que o “o papel dos parlamentares é apenas intermediar para manter aberto o canal de negociação, a decisão da categoria é soberana”.
O deputado Gabriel Ribeiro (PSD) opinou que a situação provoca desgaste para as duas partes. “Para chegar a um acordo, provavelmente o sindicato e o governo precisarão ceder em alguns pontos”, disse. O deputado Gean Loureiro (PMDB) demonstrou preocupação com o prejuízo para a qualidade do ensino, uma vez que o calendário escolar já está comprometido. “Nosso papel é ouvir o testemunho de vocês e intermediar para que essa situação seja resolvida.”
Seminários e audiências
A Comissão de Educação aprovou a realização de duas audiências públicas, uma em Chapecó e outra em Florianópolis para debater o Projeto de Lei 207/2013, de autoria de Luciane Carminatti, que regulamenta a presença do segundo professor em sala de aula.
A deputada esclareceu que muitas escolas não cumprem adequadamente a exigência do segundo professor para atendimento de alunos com deficiência. “Queremos regulamentar as atribuições e a habilitação desses profissionais, pois os alunos especiais carecem de um cuidado e de um trabalho pedagógico tão sério quanto os demais estudantes”, explicou.
Também por requerimento da parlamentar, a comissão aprovou a realização de seminários macrorregionais para debater com a sociedade a implantação do Plano Nacional da Educação e a necessidade de elaboração do Plano Estadual de Educação e dos planos municipais. O calendário das audiências públicas e dos seminários será elaborado pela comissão e apresentado na próxima semana.
› FONTE: ALESC