Atas e áudios de reuniões do conselho administrativo da estatal registram declarações da ex-presidente da empresa, que também classificou o esquema revelado pela Operação Lava Jato como um “fato tenebroso”
Áudios e atas de reuniões do Conselho Administrativo da Petrobras mostram a ex-presidente da estatal Graça Foster admitindo que a empresa era “míope” diante da corrupção e que a Operação Lava Jato, que deflagrou esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro entre a companhia, partidos e empreiteiras, foi um “fato tenebroso”. As informações são do jornal O Globo.
Em um dos registros dessas reuniões, o conselheiro Silvio Sinedino, representante dos funcionários, disse que a simples criação de uma diretoria de governança, isto é, um controle interno na companhia, não resolveria os problemas. Também falou que só os “peões” eram alvo de investigação.
“Há governança na Petrobras. Ninguém pode dizer que não há. A governança hoje funciona para os peões. Se um operador de refinaria erra uma permissão de trabalho, é severamente punido. Já os diretores puderam comprar a refinaria de Pasadena sem EVTE (estudo de viabilidade técnica e econômica). (…) Governança existia. Só que só funciona para baixo”, questionou.
Em reunião no dia 25 de novembro de 2014, quando seria aprovada a criação da Diretoria de Governança, Risco e Conformidade, Graça defendeu medidas anteriores já aplicadas pela Petrobras, mas admitiu que elas não foram capazes de impedir desvios de recursos.
“Mesmo com esse trabalho que há alguns anos a Petrobras vem fazendo, criando gerências voltadas para a busca da conformidade, ainda assim não nos livramos desse fato tenebroso para nossa companhia, que se chama Operação Lava-Jato”, disse Graça.
Mesmo com as críticas de Sinedino quanto às novas propostas de políticas de compliance, a aprovação para criação da diretoria foi unânime.
› FONTE: Congresso em foco