foto: Policiais usaram bombas de gás, balas de borracha e jatos de água para dispersar os manifestantes - Joka Madruga
Em greve desde segunda, professores protestavam contra projeto de lei que altera a Previdência estadual, aprovado em segundo turno no início da noite. Houve confronto com a Polícia Militar
Pelo menos 170 manifestantes ficaram feridos no confronto entre manifestantes, na maioria professores, e policiais militares em Curitiba na tarde de ontem (29) em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, no Centro Cívico. Eles receberam os primeiros socorros no prédio da prefeitura da cidade e na sede do Tribunal de Justiça, que ficam nas proximidades do local. Desses, pelo menos 45 foram levados para unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e hospitais da região.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, 20 policiais ficaram feridos. Os professores, em greve desde segunda-feira (27), protestavam contra um projeto de lei (PL) que altera a Previdência estadual. O projeto foi aprovado no início da noite, em segundo turno, pela Assembleia Legislativa.
A confusão começou por volta das 15h, no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa, quando os deputados estaduais começaram a sessão. Manifestantes tentaram romper o perímetro de segurança que a Polícia Militar (PM) traçou em torno do prédio. Os policiais usaram bombas de gás, balas de borracha e jatos de água para dispersar os manifestantes. Os professores recuaram, mas a polícia continuou jogando bombas de efeito moral.
Crianças foram retiradas das escolas da região. “Algumas delas passavam mal em decorrência do gás lacrimogêneo usado pelas forças policiais na Praça Nossa Senhora de Salete [localizada em frente ao prédio da Assembleia Legislativa] para afastar os manifestantes”, informou em nota a prefeitura de Curitiba.
A confusão acabou depois que choveu forte no local. Os manifestantes, que saíram de várias cidades do Paraná, continuam na praça, onde planejam os próximos passos da paralisação. O protesto reuniu professores dos ensinos fundamental, médio e superior. A maioria das universidades públicas do Paraná é estadual.
Sete pessoas foram presas, segundo a Secretaria de Segurança Pública, “por envolvimento direto nos ataques aos policiais”. O governo do Paraná atribiuiu o confronto a “manifestantes estranhos ao movimento dos servidores estaduais”.
“Lamentável, cenas chocantes e indesejáveis. Arruaceiros, black blocs que partiram para cima de PMs, que preservavam a assembleia. A agressão não partiu dos policiais. Eles ficaram parados para proteger o prédio da Assembleia Legislativa. A polícia não partiu para cima dos manifestantes uma única vez”, disse o governador do Paraná, Beto Richa.
Segundo a Secretaria de Seguraça, será aberto inquérito policial militar, com participação do Ministério Público, para apurar as ações durante o protesto. No total, 1,6 mil policiais participaram da ação.
O Sindicato dos Professores do Paraná repudiou a ação policial. “Centenas de policiais foram deslocados, de todas as regiões, para a capital, apenas com o intuito de garantir a votação, na Assembleia Legislativa do Paraná, de uma proposta que poderia ter encontrado consenso, mas que, pela ganância e incompetência do governador, teve sua discussão atropelada”, disse a entidade, em nota. O sindicato informou ainda que a greve continua.
Esta terça-feira foi o terceiro dia de protesto dos professores. Eles são contra um projeto de lei encaminhado pelo Executivo para alterar a Paraná Previdência, regime de Previdência Social dos servidores paranaenses. O projeto foi aprovado, faltando concluir o texto final, para ser devolvido ao governo para sanção.
O Paraná Previdência é formado pelos fundos Militar, Financeiro e Previdenciário. O governo paranaense quer tirar 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e transferi-los para o Fundo de Previdência estadual, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário. Os professores são contra o projeto porque dizem que vai prejudicar a aposentadoria dos servidores, para “salvar as contas do governo”. A categoria representa 70% do funcionalismo estadual.
› FONTE: Congresso em foco