No mês de março, os atrasos no comércio recuaram 0,82%. Varejistas concentram nove em cada dez dívidas não pagas pelos consumidores
O indicador anual de dívidas em atraso com o comércio registrou a quinta queda consecutiva na série histórica calculada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). A variação negativa no último mês de março foi de -0,82% na comparação com o mesmo mês de 2014.
De acordo com os dados apurados, o comércio varejista detém quase a totalidade das pendências devidas ao comércio: 92%, seguido pelo setor do atacado (6%) e pelo comércio de automóveis (2%). O número de dívidas não pagas apresenta tendências distintas dentre as categorias que compõem o comércio varejista.
O segmento que inclui estabelecimentos como supermercados, armazéns, lojas de departamento e variedades registrou alta de 26,85%. Outras categorias que também apresentaram crescimento da inadimplência foram os de artigos culturais, recreativos e esportivos (6,62%), de produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,30%) e de produtos farmacêuticos (2,02%).
As variações negativas ficaram por conta do comércio de artigos de informática e comunicação (-17,47%), comércio de combustíveis (-7,07%) e materiais de construção (0,19%).
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a tendência de queda da inadimplência no comércio como um todo e de desaceleração em alguns segmentos reflete a difícil conjuntura macroeconômica pela qual o país atravessa.
"Além dos juros e da inflação em patamares elevados e da perda de dinamismo do mercado de trabalho, que influenciam fortemente a confiança dos consumidores, os estabelecimentos comerciais estão mais seletivos na concessão de crédito, fato que tem como consequência imediata a redução da quantidade de atrasos nas compras parceladas", explica a economista-chefe do SPC Brasil
Menos dívidas no comércio
Embora o comércio tenha a segunda maior participação no número total de dívidas não pagas no Brasil (20,42%), ficando atrás apenas dos bancos (47,71%), nos últimos anos o setor vem perdendo força relativa na comparação com os demais segmentos.
Em 2010, por exemplo, o comércio era responsável por mais de um quarto (26,6%) de todas as dívidas em aberto no país. Em cinco anos houve uma queda de 6,18 pontos percentuais de participação. Uma das razões que ajudam a explicar essa mudança, segundo os economistas do SPC Brasil, é a substituição do financiamento próprio das lojas, geralmente crediário, pelo cartão de crédito bancário.
Adultos devem mais para o comércio
Os dados apurados pelo SPC Brasil mostram ainda que a maior parte das dívidas pertence aos consumidores adultos com idade entre 30 e 39 anos (30%). O destaque da inadimplência de pessoas físicas com o comércio varejista foi na região Centro-Oeste, onde o crescimento foi mais expressivo: 5,25%.
Em segundo lugar aparece a região Norte (5,13%), seguida pelas regiões Sudeste (2,47%) e Sul (1,77%). Na outra ponta, destoando das demais regiões brasileiras, o Nordeste registrou leve queda de 0,16%.
› FONTE: SPC