Este será o primeiro intercâmbio dos produtores em 20 anos de trabalho
Eles são apaixonados pelo que fazem, há cerca de 20 anos a ostra é a única fonte de renda da família e dois deles nunca pisaram em solo estrangeiro. Os três maricultores sorteados nessa quarta-feira (22) para um intercâmbio na Europa deixam a Capital no dia 12 de maio e pretendem retornar com a mala cheia de novas ideias para a maricultura.
A viagem de 15 dias rumo à Bourcefranc-le-chapus, uma das principais regiões produtoras de ostras do litoral da França, é resultado de um termo de cooperação técnico firmado entre o Igeof e a Escola Liceu do Mar e do Litoral. O projeto estava parado há 10 anos e retornou em 2013, na troca de gestão do município.
Estes são os três primeiros de um total de 12 maricultores que devem passar pelo intercâmbio até o final de 2016. A seleção leva em conta a apresentação dos documentos exigidos, entre eles que os maricultores comprovassem ter registro de aquicultor e contrato de cessão de uso de águas públicas da União para fins de aquicultura.
Na escola, eles irão conhecer novas técnicas na área, que levam, por exemplo, uma região com condições adversas para o cultivo, a produzir 140 mil toneladas do molusco por ano frente aos 4 mil produzidos em Florianópolis.
"Eles trabalham com isso há mais de 300 anos. Lá as condições são horríveis, a ostra só fica boa para o consumo em 4 anos, aqui leva apenas 8 meses, a diferença no número da produção está justamente na tecnologia e na técnica utilizada", destaca o superintendente do Igeof, Everson Mendes.
O quê prevê o acordo
- Até 2016, 12 maricultores de Florianópolis devem ir à região de Bourcefranc-le-chapus para capacitação;
- No retorno, os sorteados irão repassar o aprendizado aos demais produtores da cidade em palestras e workshops. A intenção é que a primeira ocorra na próxima Fenaostra;
- Da mesma forma que em Florianópolis, produtores da França também devem vir à Capital conhecer a produção no mesmo sistema de intercâmbio.
Quem são os primeiros sorteados
Nei Leonardo Nolli , 43 anos, da Ponta do Sambaqui
Agrônomo desde 1994, Nei trabalha com produção de ostras no Norte da Ilha há 19 anos. Tem uma microempresa e ela é sua única fonte de renda. Nunca foi para o exterior e tentou passar pela mesma seleção há 10 anos, mas não foi sorteado.
O maricultor estava desanimado com a profissão e a viagem veio em boa hora.
"Este foi um dos piores anos para mim, a produção não foi boa, esta viagem já animou. Quero voltar com novas ideias para implantar aqui", diz.
Ruy Avila Wolf, 51 anos, do Campeche
Trabalha na Fazenda Marinha Atlântico Sul, no Campeche, e está na profissão há 20 anos. Como agronômico e amante do mar e da pesca, resolveu apostar na produção de ostras quando ela ainda estava começando na Ilha. É o único sorteado que já foi para França a estudo e pretende trazer o novo aprendizado para a empresa.
"Sabemos que lá a tecnologia é superior a nossa e o que pudermos trazer para cá já irá ajudar", conta.
Klaus Nelson Ferreira, o Cacau, 43 anos, do Ribeirão da Ilha
Exerce a profissão sozinho em um rancho na geral do Ribeirão da Ilha há 20 anos. Apesar das dificuldades, diz ter paixão pela profissão e que esta primeira viagem ao exterior poderá mudar o cenário vivido em Florianópolis.
"É uma atividade que precisa ter amor para trabalhar, não é nada fácil, mas esse intercâmbio vai contribuir com certeza", afirma.
› FONTE: Prefeitura de Florianópolis