foto: Elizabete de Souza observa sua foto na exposição "Um clique, muitas histórias" - Eduardo Guedes
Há quase 28 anos, a auxiliar operacional Elizabete Erotildes de Souza, 52, veste diariamente o uniforme e trabalha na varrição de ruas e no recolhimento do lixo em Florianópolis.
Além de gari (ou margarida, como são popularmente conhecidas as varredoras), Elizabete também é mãe e esposa e, como qualquer outra mulher, carrega consigo uma rica história de vida.
Com a proposta de contar a história dela e de outras 100 funcionárias, a Comcap e o Estúdio Mag Foto realizam a exposição fotográfica “Um clique, muitas histórias”, que estará aberta à visitação do público no Espaço Cultural Rita Maria, no Terminal Rodoviária de Florianópolis, até quarta-feira (1º). A mostra é composta por 101 fotos de mulheres que trabalham na empresa municipal responsável pela coleta de resíduos sólidos e pela limpeza pública da capital.
Foi a primeira vez que Elizabete e a maioria de suas colegas de trabalho participaram de uma sessão de fotos profissional, com direito a maquiagem e figurino. “Foi maravilhoso. Me senti poderosa”, conta Elizabete.
Fabiana dos Santos Lara, 33 anos, também participa exposição. Há três anos, ela está na Comcap, onde já trabalhou no refeitório, na varrição e atualmente é supervisora de equipes da empresa. “As fotos ficaram lindas e o resultado foi fantástico. Muitas vestem o uniforme e passam desapercebidas das pessoas. Nas fotografias, elas se viram de uma forma como nunca tinham se visto”, comenta Fabiana.
Voluntários
A ideia da exposição partiu da fotógrafa e empresária Maristela Giassi. “Eu queria fazer algo em homenagem às mulheres. Um dia, vi uma margarida na frente da minha loja e tive a ideia de contar a história dela e de outras margaridas por meio da fotografia”, conta.
Maristela levou a proposta à Comcap, que aceitou. Em poucos dias, de forma voluntária, foram mobilizados fotógrafos, maquiadores, tratadores de imagem e outros profissionais. Empresas de vários segmentos também colaboraram. Foram quatro dias de trabalho e mais de 17 mil cliques. Das 254 colaboradoras da empresa, 101 aceitaram participar do projeto.
“Tivemos o caso de uma mulher que odiava ser fotografada. Ela disse que não gostava de se ver nas fotos, mas aceitou participar, desde que não visse depois a foto. Quando ela se viu, depois de maquiada, adorou”, conta Maristela. “O fato de conhecer essas mulheres, contar e viajar na história delas me emociona.”
Quando a exposição for encerrada, cada mulher receberá a foto exposta de presente e terá sua história contada napágina da Comcap no Facebook. “Essa é uma forma de reconhecer o trabalho dessas mulheres, que, juntamente com a população, mantêm a cidade limpa. É uma forma também de mostrarmos que por trás dos uniformes que elas vestem, há histórias de vida que devem ser valorizadas”, comenta o diretor-presidente da empresa, Marius Bagnati.
› FONTE: ALESC