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Inadimplência registra alta de +0,72% em agosto

Publicado em 17/09/2013 Editoria: Economia Comente!


Vendas  a  prazo retraem -0,62%, a primeira vez em 20 meses. Para SPC e CNDL, o brasileiro está no limite do endividamento e mais cauteloso para contrair crédito

Após quatro meses consecutivos em trajetória de desaceleração, a inadimplência do consumidor brasileiro no comércio apresentou crescimento de +0,72% em agosto de 2013, na base de comparação com agosto do ano passado. Os dados são do indicador mensal calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O indicador leva em consideração mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 1,2 milhão de pontos de vendas espalhados por todo o Brasil.

Ainda que os números de agosto sinalizem uma interrupção da trajetória em declínio da inadimplência, os economistas do SPC avaliam que a alta de +0,72% é moderada. A projeção dos especialistas da entidade é que a inadimplência registre novas altas pelos próximos meses e comece a recuar com a proximidade das festas de final de ano, período em que tradicionalmente há uma maior recuperação de crédito.

Quando comparada com julho, a taxa de inadimplência, que mede o atraso de pagamentos superiores a 90 dias, ficou um pouco maior e avançou +1,34%. No acumulado dos oito primeiros meses de 2013, comparando com igual período do ano passado - de janeiro a agosto de 2012 - a inclusão de novos consumidores no cadastro de inadimplentes do SPC cresceu +4,64%.

Na avaliação de Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, nos últimos anos a inadimplência do consumidor esteve muito associada ao crédito farto e à entrada de mais brasileiros no mercado de consumo. “Hoje, com a empregabilidade menos robusta e menores ganhos salariais, somados a perda da confiança do consumidor devido a fatores macroeconômicos desestabilizadores como juro mais alto, inflação elevada e dólar apreciado, é natural que haja um arrefecimento na inadimplência, porque o consumo também acaba sendo inibido”, explica Pellizzaro Junior.


Vendas a prazo

Em relação às consultas ao banco de dados do SPC Brasil, que refletem o nível de atividade no varejo para as compras parceladas, o mês de agosto registrou umaretração de -0,62% frente ao mesmo período de 2012. Embora as vendas no varejo venham em ritmo de desaceleração desde abril deste ano - período que coincide com a retomada do ciclo de aumento dos juros por parte do Banco Central para conter a inflação fora da meta -, é a primeira vez em 20 meses que o varejo apresenta desempenho negativo.

Na avaliação de economistas do SPC Brasil, o brasileiro está com o ‘pé no freio’ quando o assunto é consumo. O principal fator responsável pela leve retração das vendas em agosto é a falta de confiança do consumidor, que tem evitado tomar crédito para não comprometer ainda mais o orçamento familiar com novas despesas.

Nesse sentido, o SPC Brasil e a CNDL também advertem que os lojistas e os bancos estão mais criteriosos para conceder crédito. "Estamos observando uma tendência de maior rigor no processo de concessão de crédito por parte do varejista e uma maior cautela das famílias na hora de se endividar com compras a prazo", revela Pellizzaro Junior.

A redução do poder de compra ocasionada pela inflação acima da meta oficial e o dólar apreciado, que também é fonte de pressão inflacionária para determinados produtos, como os importados, são outros fatores a serem levados em conta, além da falta de planejamento financeiro, ainda pouco comum entre as famílias brasileiras.

“Mesmo que a inflação esteja crescendo em patamares menores, no acumulado do ano ela continua relativamente alta. A inflação vem reduzindo o poder aquisitivo das pessoas, principalmente daquelas com menor renda. Por isso, as compras de produtos com mais valor agregado, que geralmente são parceladas, têm sido adiadas", explica Pellizzaro Junior.

Na comparação com julho, as vendas apresentaram uma variação positiva de +0,80% e no acumulado do ano, as vendas a prazo no comércio apresentam um aumento de +4,74%.

Pellizzaro Junior explica que o aumento no número de consultas na base de comparação mensal resulta do efeito calendário, influenciado, principalmente, pelo incremento nas vendas na semana do Dia dos Pais e das liquidações dos segmentos de vestuário e calçados, motivados pela mudança de estação.

Recuperação de crédito

O percentual de recuperação de crédito no varejo, que reflete o número de pessoas que ‘limparam o nome’ regularizando dívidas em atraso, registrou baixa de                -0,95% em agosto de 2013 sobre o mesmo mês do ano passado. Em relação a julho, o cancelamento de registros de inadimplência também caiu e apresentou um encolhimento de -0,33%. No acumulado do ano, contudo, o número de consumidores que saldaram dívidas em atraso e voltaram a ter crédito no mercado é positivo e cresceu +3,38%, segundo o indicador do SPC Brasil.

Na avaliação de Pellizzaro Junior, o levantamento demonstra que o comprometimento da renda da população para quitar dívidas, somados ao encarecimento do crédito e a permanência da inflação em patamares elevados, dificultaram a renegociação de dívidas em agosto.

“A inflação reduz a capacidade de pagamento dos consumidores à medida que possui um efeito corrosivo sobre a renda, fazendo com que se torne mais difícil o pagamento destas dívidas. No entanto, no acumulado do ano, o número é positivo e a projeção é fecharmos o ano com uma quantidade maior de pessoas que deixaram a condição de inadimplentes”, estima Pellizzaro Junior. 

Baixe o material completo em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa

 

› FONTE: SPC Brasil

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