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Só 3% dos eleitos em 2014 se declaram negros

Publicado em 18/12/2014 Editoria: Política Comente!


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foto: "O sistema político só favorece quem tem dinheiro”, diz Leci Brandão, deputada estadual reeleita em São Paulo

A mais acirrada disputa presidencial das últimas décadas suscitou discussões acaloradas sobre um país que se dividiria entre o vermelho, do PT, e o azul, do PSDB. Poucos notaram a cor que, de fato, predominou nas urnas – o branco. Se o mapa nacional fosse pintado de acordo com os políticos que se elegeram em outubro, pouco restaria da imagem de nação multirracial: de cada quatro eleitos, três se apresentam como brancos aos eleitores.

Pela primeira vez, os candidatos foram obrigados este ano a informar sua cor à Justiça eleitoral. O balanço &64257;nal não poderia ser mais revelador das contradições de um país que se fez, como poucos no mundo, da mistura de raças e se cobriu historicamente sob o manto da “democracia racial”, tese pela qual todos viveriam harmonicamente e em igualdades de condições, independentemente de sua raça.

Passados 126 anos da Lei Áurea, que aboliu o&64257;cialmente a escravatura, os parlamentos e o comando dos Executivos brasileiros ainda são de acesso restrito a pretos e pardos – dois dos termos empregados no Censo pelo Instituto Brasileiro de Geogra&64257;a e Estatística (IBGE) para de&64257;nir a cor dos brasileiros. Embora representem mais da metade da população e do eleitorado, esses grupos conquistaram apenas 24% das cadeiras em disputa.

Dos 1.627 candidatos eleitos, 1.229 se declararam brancos (76%). Os pardos &64257;caram com 342 vagas; os pretos, com 51; os amarelos (de origem oriental), três, e os indígenas, duas. Os dados são de levantamento da Revista Congresso em Foco com base nas informações prestadas pelos eleitos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O critério utilizado pelo TSE foi o da autodeclaração, feita em alguns casos pelo próprio candidato ou pelo diretório partidário.  A lógica das urnas repete o que se vê nas grandes empresas e repartições públicas: quanto mais alto o cargo, menor a chance de um negro ocupá-lo. Dos 27 governadores eleitos, 20 são brancos. Nenhum se diz preto ou indígena. No novo Congresso, de cada 100 cadeiras, 80 serão ocupadas por políticos que se de&64257;nem como brancos. Dos 540 congressistas eleitos, 81 deputados e cinco senadores se declararam pardos e apenas 22 eleitos para a Câmara se identi&64257;caram como pretos. No Senado, não há um negro sequer entre os 27 recém-eleitos. Atualmente existem apenas dois que assim se de&64257;nem: Paulo Paim (PT-RS) e Magno Malta (PR-ES), ambos na metade do mandato.

As cores da eleição
Como os 1.627 candidatos eleitos em 2014 se declararam à Justiça eleitoral e a desproporção entre o resultado das urnas e a representação racial da sociedade

Eleições 2014

Brancos

Pardos

Pretos

Amarelos

Indígenas

Presidente da República

1

-

-

-

-

Governadores

20

6

-

1

-

Senadores

22

5

-

-

-

Deputados federais

410

81

22

-

-

Deputados estaduais

776

250

29

2

2

Eleitos

1229

342

51

3

2

           

Como se classificam

% da população

% de eleitos

     

Brancos

47,7

75,6

     

Pardos

43

21

     

Pretos

7,6

3,1

     

Amarelos

1,1

0,2

     

Indígenas

0,4

0,1

 


 

 

 

› FONTE: Congresso em foco

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