Um pré-natal eficaz, com a realização de vários exames e cuidados básicos, pode evitar e muito os riscos do desenvolvimento de deficiências físicas, motoras e intelectuais. Informações sobre os principais fatores de risco e como evitá-los foram abordadas no “Seminário Prevenção de Deficiências: uma solução”, realizado nesta quinta-feira (20), em Orleans.
Promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, o encontro reuniu cerca de 200 profissionais da área que atuam na região Sul do estado.
O neurologista Jaime Lin abriu o seminário com a palestra “Prevenção de Deficiências”, abordado fatores ambientais e genéticos que podem levar às deficiências intelectuais em seus mais diversos níveis.
“Ter habilidades é diferente de capacidade cognitiva e desenvolvimento. Ter habilidades não significa que a pessoa tem inteligência normal. Há uma dificuldade no diagnóstico devido a essas diferenças. Não existe nenhum exame específico, apenas avaliação neuropsicológica”.
Lin afirmou que o diagnóstico analisa o funcionamento intelectual abaixo da média, presente antes dos 18 anos, comprometendo diversas funções, como comunicação, desenvolvimento acadêmico e laboral.
Entre os fatores que apresentam risco à deficiência intelectual é a falta de ácido fólico na gestação, o que pode levar à má formação do tubo neural. “O uso do ácido fólico deve ser iniciado antes da gestação. O tubo neural se fecha no 23º dia da gravidez. O ácido fólico deveria ser tomado por todas as mulheres em idade fértil”, acredita.
Diabetes ou pressão alta na gestação, dificuldades no parto, doenças como rubéola e toxoplasmose também são fatores de risco, que podem ser identificados no pré-natal, com acompanhamento médico e realização de exames.
Entre os fatores genéticos, o médico falou das doenças autossômicas recessivas. Caso presentes no pai e na mãe podem oferecer 50% de chance de se ter um filho com deficiência cognitiva. “Planejamento familiar é muito importante, com investigação genética”, orientou. Segundo estudos apresentados, cerca de 750 síndromes podem levar a algum tipo de deficiência cognitiva.
Intervenção no recém-nascido
A importância da intervenção precoce na prevenção de deficiências na criança: triagem e intervenção no recém-nascido foi abordada por Álvaro José de Oliveira, professor doutor em Medicina, Pediatria e Neuropediatria, especialista em desenvolvimento infantil.
Oliveira abordou as sequelas perinatais, que ocorrem na hora do parto. “Muitas crianças têm asfixia. Muitas vezes é falho o primeiro minuto, que deixa sequela nas crianças”.
O médico ainda falou do momento do diagnóstico para os pais. “Quando é que eu devo dizer para uma mãe que a criança tem Síndrome de Down? Digo que é quando eu vejo. É necessário esse diagnóstico precoce, por mais que doa. É preciso ter esse choque para se fazer um planejamento”, orientou.
As fases do desenvolvimento do recém-nascido, os estímulos necessários e o desenvolvimento motor e psicossocial também foram abordados na conversa do especialista. O “empoderamento” dos pais frente aos filhos é fundamental para o desenvolvimento das crianças, segundo Oliveira.
A psicóloga Silvana da Silva Margheti encerrou as atividades com a palestra Drogas: prevenção e intervenção na família. As consequências do uso de entorpecentes na má formação foi pauta das orientações repassadas pela profissional.
Informação e capacitação
O deputado José Nei Ascari (PSD) conduziu a abertura do seminário em Orleans ressaltando o trabalho desenvolvido pela Assembleia Legislativa, especialmente pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Ascari falou das funções do colegiado na formulação de leis, fiscalização, parcerias e a disseminação de informações e eventos de capacitação.
“Sabemos que muita coisa ainda está no papel, mas é preciso que os profissionais cobrem dos administradores públicos o que está nas leis”, frisou o deputado. “É nosso dever disseminarmos informações em relação à prevenção, que é fundamental. Só temos uma forma de avançar nesta área: disseminando informação”.
O presidente da Apae de Orleans, Lourenço Ascari Junior, falou em nome dos profissionais presentes, agradecendo a iniciativa de trazer esse tipo de evento para a região. “As Apaes de Santa Catarina são exemplo para o Brasil devido ao apoio que recebemos do poder público e da sociedade, o que possibilita o ensino gratuito que oferecemos nas Apaes e escolas especiais”.
Durante a solenidade de abertura, ocorreu a premiação do Concurso de Redação sobre prevenção de deficiências, que teve a participação de cerca de 400 adolescentes de Orleans. Os primeiros colocados receberam premiação. Ainda no seminário, alunos da Apae fizeram uma apresentação com tema natalino.
› FONTE: ALESC