Por Carlos Henrique Pianta
Desde o anuncio do Programa Mais Médicos, alguns estudantes de medicina, médicos, políticos e a grande mídia tem argumentado e protestado contra a vinda de médicos cubanos para atuar em regiões carentes do Brasil. A insatisfação destes setores é tanta que estudantes e médicos cearenses vaiaram os profissionais cubanos em seu desembarque no nordeste brasileiro.
O argumento dos contrários ao Mais Médicos iniciou com as manifestações pelo Revalida, exame de nivelamento de conhecimento dos médicos. Em princípio as notícias eram de que os cubanos não teriam se saído bem no exame. Com o passar do tempo e a mudança das notícias sobre o aproveitamento dos profissionais estrangeiros, a argumentação destes setores mudou, o mais recente é que médicos brasileiros estariam sido demitidos para a colocação de médicos cubanos e de que estes estariam sendo vítimas de trabalho escravo pelo seu próprio governo.
Os atos geraram indignação de diversos setores da sociedade, que não só apóiam a vinda dos profissionais, como acusam de racistas e xenofóbicos o teor dos protestos. Manifestações públicas de boas vindas aos cubanos foram realizadas por todo país. Mas a resposta veio dos próprios cubanos. “Escravo da saúde e dos pacientes doentes, pelo tempo que for necessário” assim afirma Juan Delgado, médico cubano que foi chamado de escravo em seu desembarque no Ceará.
Cuba possui médicos em mais de 60 países atendendo gratuitamente a população. Na Venezuela, o ex-presidente Hugo Chávez, no ano passado, fez um acordo com o presidente Raúl Castro, que encaminhou aproximados 500 médicos para o país sul-americano. A missão dos profissionais é atender a população e treinar os médicos venezuelanos. Enquanto Estados Unidos, Brasil e outros países mandam militares para o Haiti, lá também estão presentes os médicos cubanos.
Estes profissionais não fazem o que fazem por dinheiro, status, ou reconhecimento, é uma questão de pacto de solidariedade com a humanidade.
Medicina de prevenção
Em janeiro de 1959, chegam a Havana os revolucionários de Sierra Maestra, com eles a ânsia de um povo sofrido e sem perspectiva e a vontade de romper com o domínio de grandes multinacionais. Em 1961, o então presidente estadunidense, John Kennedy, anuncia um bloqueio político-econômico ao país caribenho. O embargo dura até hoje, no entanto, o compromisso de superar a dependência das grandes multinacionais e o apoio de países aliados politicamente fizeram com que o país fosse referência mundial em igualdade social e atendimento às necessidades básicas do seu povo.
Mesmo fora do círculo de comércio da industria farmacêutica, Cuba é o país com mais avanços nas pesquisas sobre a cura do câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O modelo de medicina cubano é baseado na prevenção e não exclusivamente na medicação, a vitória deste modelo é o que confere a Cuba, a condição de exportador de um modelo de saúde pública cujo foco é atender o interesse do povo e não do grande capital privado.
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)