A mais célebre marcha política da história brasileira e latinoamericana foi homenageada na noite de quinta-feira (30), na Assembleia Legislativa.
A sessão especial pela passagem de 90 anos da Coluna Prestes foi proposta pelo deputado Sargento Amauri Soares (PSOL) para lembrar o feito de jovens oficiais, que na década de 1920, lideraram uma caminhada de 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil para incentivar a população a se rebelar contra o governo e as elites agrárias.
Os levantes que deram origem à Coluna Prestes aconteceram na noite de 28 para 29 de outubro de 1924, no Rio Grande do Sul. A marcha ganhou o nome de um de seus idealizadores, o capitão Luiz Carlos Prestes.
“Ele foi uma liderança, primeiro tenentista e depois comunista, que participou ativamente da vida política brasileira do século 20 durante 70 anos - ele viveu 92 anos, teve 70 anos de intensa atividade política.
Tornou-se especialmente respeitado pelo nosso povo pela sua coerência. Foi uma pessoa que nunca abandonou as ideias às quais ele tinha aderido ainda jovem, principalmente o compromisso com a luta por justiça social, por liberdade e democracia”, disse a historiadora Anita Benário Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes com a comunista Olga Benário Prestes. Ela recebeu a homenagem da Assembleia Legislativa em nome do pai.
A pauta da Coluna Prestes era o rompimento com as velhas práticas da República Velha. “O voto secreto e universal, que vieram depois, são frutos desse movimento. Não era uma pauta comunista, era uma pauta liberal, democrática, de direitos e liberdades políticas que aqueles jovens oficiais tinham”, explicou Soares.
Na opinião do professor universitário de Sociologia e Teoria Política, Gilberto Barbosa, que é membro da direção do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes, “a coluna foi um movimento democrático antioligárquico de grande importância. Um movimento vitorioso, diferente de muitas lutas que ocorreram no Brasil. Ela não foi vitoriosa, num primeiro momento, mas também não foi derrotada, porque permaneceu invicta até se internar na Bolívia”.
A marcha
Em abril de 1925, duas frentes de oposição, a paulista, liderada por Miguel Costa, e a gaúcha, liderada por Prestes, uniram-se em Foz do Iguaçu e partiram para uma caminhada pelo Brasil. Do Sul, o grupo rumou para o Centro-Oeste do país e percorreu o Nordeste, até o estado do Maranhão.
Na volta, os combatentes refizeram o caminho, até chegar à fronteira com a Bolívia, onde a marcha se desfez, em fevereiro de 1927.
O núcleo fixo da marcha tinha cerca de 200 homens, a maioria oficiais. Porém, em vários momentos da caminhada o movimento chegou a contar com cerca de 1,5 mil pessoas, militares e simpatizantes do movimento, pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Artur Bernardes e, posteriormente, de Washington Luís.
Por meio de comícios e manifestos, a coluna denunciava à população a situação política e social do país. Conforme os historiadores, o movimento ajudou a balançar as bases, já enfraquecidas, do sistema oligárquico e a preparar caminho para a Revolução de 1930.
› FONTE: ALESC