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Grupo apoia familiares de pessoas desaparecidas em Santa Catarina

Publicado em 03/10/2014 Editoria: Geral Comente!


foto: Divulgação

foto: Divulgação

Os olhos de Maria de Brito Caetano, 78 anos, se enchem de lágrimas ao lembrar da filha Tereza Cristina de Brito Galliani. Em 1982, a jovem de 19 anos desapareceu da Ponte do Imaruí, em Palhoça, na Grande Florianópolis, sem deixar pistas.

As três décadas sem notícias não impedem que a Tereza seja uma presença constante no dia a dia da mãe. “Eu era uma pessoa saudável. Depois que ela desapareceu, tive pressão alta, diabetes. Ainda tem noites que eu não durmo”, conta Maria.

A história de Tereza é apenas uma entre as milhares que motivaram a criação, em 2011, do Grupo de Apoio aos Familiares de Desaparecidos (Gafad) em Santa Catarina. A entidade sem fins lucrativos é formada por amigos, familiares e voluntários. Seu objetivo principal é ouvir, acolher e amparar as pessoas que vivem o drama de ter um ente querido desaparecido.

O Gafad conta com atendimentos na área psicológica, de assistência social e advocatícia aos familiares, realizados por voluntários. “Nosso objetivo é lidar com o lado humano das estatísticas das pessoas desaparecidas”, conta Aldaléia Conceição, presidente do Gafad. “Nós percebemos que cada desaparecido é um número, mas por trás desse número há um drama, há familiares que precisam ser amparados”.

O grupo, formado por aproximadamente 30 pessoas, conta com o apoio do SOS Desaparecidos, projeto da Polícia Militar que mantém uma equipe exclusiva e especializada em desaparecimentos.

Além de apoio às famílias, o Gafad trabalha na coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular, a ser protocolado na Câmara dos Deputados, que crie políticas públicas para o tema, além de estruturar as polícias nos estados, já que atualmente só existem três delegacias especializadas em desaparecidos no Brasil – uma delas está em São José, na Grande Florianópolis.

Drama

Segundo o grupo, os casos mais comuns de desaparecimentos envolvem adolescentes que estão em conflito com a família e pessoas que sofrem de problemas mentais.

É o caso de Everton Luiz da Cruz, que é autista e epilético e desapareceu aos 27 anos, em agosto de 2011, na Capital. Segundo a mãe dele, Elodi Matilde Fontoura Alves, que também é vice-presidente do Gafad, Everton saiu para passear com o cachorro. O cão retornou para casa, mas o rapaz nunca mais foi visto.

“A gente não vive mais depois que alguém desaparece. A gente apenas sobrevive”, relata Elodi. “A sua vida para, você não consegue dormir direito. Qualquer carro que passa na rua e buzina, você pensa que pode ser seu filho. Toda hora que o telefone toca, você corre para atender, pensando que vai ter notícias”.

Elodi considera que o trabalho do grupo é essencial para o bem-estar das famílias dos desaparecidos. “Esse grupo é tudo. Aqui um apoia o outro. Os voluntários nos dão estrutura, nos dão um rumo para seguir em frente, voltar à vida normal, mas sem desistir da busca pelos nossos familiares”, comenta.

As pessoas e profissionais interessados em atuarem voluntariamente no Gafad podem entrar em contato pelo telefone (48) 9845-4555. O grupo mantém uma página no Facebook e também atende pelo e-mail[email protected].

A relação das pessoas desaparecidas está disponível no site do SOS Desparecidos. Quem tiver informações sobre o paradeiro de algum desaparecido pode entrar em contato pelos telefones (48) 3229-6715 ou (48) 9156-8264.

 

 

 

› FONTE: foto: Gafad é formado por familiares de desaparecidos e voluntários - Eduardo Guedes de Oliveira

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