Você já pensou em visitar uma exposição inteira na internet? Este ano, a Bienal Internacional de Curitiba trouxe uma inovação que é uma exposição de web arte exibida inteiramente no site da Bienal. As obras que estarão expostas na plataforma digital têm como representantes onze artistas nacionais e internacionais.
Segundo a curadora convidada Maria Amélia Bulhões, as obras selecionadas estão focadas em referências interativas e colaborativas e não mais contemplativas. "Elas se expandem além dos muros da Bienal, para buscar e acolher a vida cotidiana. Todos os projetos promovem trocas físicas e também no ciberespaço, estabelecendo novos e mais amplos diálogos".
Pós-graduado em História da Arte pela Universidade de Barcelona, o video-artista Antoni Abad é um dos pioneiros a aproveitar os novos recursos que a tecnologia digital oferece. Seu trabalho "Megafone.Net" é uma plataforma que agrega materiais produzidos por grupos que sofrem algum tipo de discriminação, utilizando celulares com dispositivo fotográfico. Já foram desenvolvidas ações com desabrigados na Colômbia, taxistas no México, trabalhadores do sexo em Madrid, motoboys em São Paulo, cadeirantes em Barcelona, jovens camponeses em Leon e Lérida (Espanha).
O Google Earth, usado como ferramenta, aparece em três diferentes formas na Bienal. Aaron Koblin, diretor de criação da equipe de artes do Google, apresenta trabalhos que brincam com a interatividade. Em "The Wilderness Downtown" um personagem se desloca em um cenário gerado a partir de um endereço fornecido. A trajetória acompanha a música da banda canadense Arcade Fire. Koblin já expôs no Berkeley Art Museum, Center of Contemporary Art and Media Art Lab Kiev (Ucrânia), net.culture.space (Vienna), Science and Technology Museum Shanghai. Suas obras compõem coleções do Art Institute of Chicago, MoMA (Nova Iorque), no Centre Georges Pompidou (Paris). Vencedor de prêmios no Sundance Film Festival (2011), Cannes Lions (2010, 2011 e 2012), Japan Media Arts Festival (2005, 2006, 2008 e 2011), dentre outros.
Na mesma linha está o escritor, publicitário e tecnólogo James Bridle, que utiliza imagens do Google Earth para interagir com literatura, cultura e internet. Na obra "Rorshmap", lança mão do programa para transformar a imagem de algumas cidades em um caleidoscópio virtual. Já expôs no Brighton Festival (Reino Unido), na Feira de Design de Milão, na Bienal de Design de Istambul, na Semana de Design de Londres e de Beijing.
Em seus projetos mais recentes, Paula Lavine utiliza a web, mapeamento e coordenadas GPS para recolher fronteiras geopolíticas locais e globais. Um dos trabalhos que faz uso do Google Earth é “Error! Hyperlink reference not valid.”, que usa o programa para mostrar o muro de 15 milhas na Cisjordânia, que pode ser projetado em qualquer cidade. Dentre suas principais exposições estão: VIVO Media Arts Centre (Vancouver), Milwaukee Institute of Art & Design, Image Festival (Toronto), Jewish Museum of New York e suas obras em acervos estão no Sonoma County Museum (Califórnia), Art Bank (Ottawa, Ontário) e National Gallery of Canadá.
Imagens captadas no cenário urbano também se transformam em arte. É o caso da obra "Glitched Landscapes Games" de Giselle Beiguelman, que utiliza estratégias de programação em html5 para montar um quebra-cabeça de paisagens urbanas, combinando inquietações com as imagens em trânsito. Ela é professora da FAU-USP, vencedora do prêmio Rumos Arte Cibernética (2012)e já se apresentou na Bienal de São Paulo, na Net_Condition e na Algorithmic Revolution (Alemanha) e Arte.Mov (São Paulo), Bienal de Sevilha e Netescópio (Espanha).
A pesquisa sobre o meio urbano também faz parte do trabalho do coletivo argentino Woki Toki, formado por pessoas de diferentes áreas que buscam fomentar a circulação do pensamento, o intercâmbio e o debate. É o caso do projeto “_ZQ*f^” onde relatos são construídos a partir de webcams localizadas na cidade, cuja imagem é modificada em uma sequência binária. O projeto continua investigações anteriores, produzindo percepções subjetivas sobre o meio urbano, em um olhar coletivo.
Um percurso visual sobre diferentes rios do mundo é o que propõe o vídeo “River Studies”, de Michael Aschauer. O percurso visual destaca a importância que os rios têm para a humanidade e pesquisa a paisagem geográfica e cultural de grandes rios. O artista utiliza ferramentas baseadas em software livre e hardware aberto, focado em torno do desenvolvimento de ideias e representações para a sociedade contemporânea. Foi artista residente em Paris e na Bélgica, já expôs em Lille (França), em Nova Iorque, San Diego, Madrid, Beijing, Viena, Belgrado, já participou de vários festivais transmídia na como o Transmediale (2004 e 2009) e o International Media Art Award (2003).
A crítica ao capitalismo é tensionada em trabalhos como o do artista Gustavo Romano, que já expôs na Galerie Max Mueller (Goethe Institute – Mumbai), CAAC (Sevilha), Fundación Telefónica (Madrid), Museu da Cidade do México, desenvolvendo-se em arte de ação, vídeo, instalação e fotografia. Em "Time notes house" fala sobre a compra e venda do tempo, sendo possível escrever sobre o tempo perdido ou o que fazer com ele, carregar cartões de crédito, etc.
O tema também faz parte da pesquisa de Michael Mandiberg na obra "Oil Standard" que instala um plug-inque converte automaticamente qualquer preço de produto disponível na internet em dólares americanos para um valor em barris de petróleo. O artista cria projetos de arte conceitual, objetos de design e publicações que exploram ideias sobre ambientalismo, sistemas de câmbio, a pedagogia, arte, software de colaboração e cultura livre. Atualmente é professor assistente do departamento de mídia e cultura da Universidade de Nova Iorque.
Obras virtuais que permitem a interatividade com o usuário aparecem em trabalhos como o dispositivo de busca "YouTag", de Lucas Bambozzi. A partir de palavras dadas pelo usuário, o site cria peças audiovisuais conforme o material disponível na rede. O artista investiga a mídia em uma ampla variedade de formatos, como instalações, vídeos de canal único, curtas-metragens e projetos interativos. Dentre suas principais exposições estão: Videoakt 2013 (Barcelona), Zero1 Biennial (San José, Estados Unidos), WRO Media Art Biennale (Polônia), Netherlands Media Art Institute (Amsterdã), Museum of Modern and Contemporary Art Rijeka (Croácia) e o Laboratório Arte Alameda (México)
Por fim, a pioneira na arte web Olia Lialina apresenta "Once Upon" que recria as redes sociais Google+, YouTube e Facebook com tecnologia e espírito de 1997. No site, o usuário pode interagir trocando a foto do perfil e postando uma mensagem. Em 2013, expôs na xpo gallery (Paris), na Photographer's Gallery (Londres)e Networked Art Forms and Tactical Magick Faerie Circuits (Tasmania). Já expôs no The New Museum (Nova Iorque), Gallery b (Stuttgart), Institute of Network Cultures (Amsterdã) Ars Electronica (Linz, Áustria) e foi vencedora dos prêmios NET-ART'98 e Web Art Contest (São Paulo, 1997) e menção honrosa Prêmio Michetti (2005).
Veja outras obras que também estarão na Bienal:
Aaron Koblin (Estados Unidos)
The Johnny Cash Project
This Exquisite Forest
Giselle Beiguelman (Brasil)
I Lv Yr GIF
Esc For Escape
Gustavo Romano (Argentina)
IP Poetry
Azul cielo y blanca
James Bridle (Reino Unido)
Dronestagram
Lucas Bambozzi (Brasil)
Meta4walls
Postcard
Michael Aschauer (Áustria)
Danube Panorama Project
Nile Studies
Michael Mandiberg (Estados Unidos)
After Sherie Levine, After Walker Evans
Olia Lialina (Rússia)
Animated GIFs Timeline
My boyfriend came back from war
Paula Levine (Estados Unidos)
Shadows from another place
Woki Toki (Chile)
Post Urbano
Rastrojero
Serviço:
Bienal Internacional de Curitiba 2013
Data: 31 de agosto a 1º de dezembro
Local: Curitiba − PR
Ingresso: Gratuito
Redes sociais: Facebook, Twitter e Youtube
Informações: www.bienaldecuritiba.com.br
› FONTE: Sorttie Soluções Criativas