Com o desempenho oscilante do comércio e com a indústria em retração, a economia brasileira encolheu 1,2% no segundo trimestre deste ano, nos cálculos do Banco Central.
O número veio acima da expectativa dos analistas do mercado financeiro de que o IBC-Br (índice que mede a atividade no Brasil) tivesse uma queda de cerca de 1,6% no período, mas, ao mesmo tempo, é o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, auge da crise financeira, quando o recuo havia sido de 2,68%. De acordo com os dados revisados pelo Banco Central, esse já seria o terceiro trimestre de retração da economia.
Os dados consideram o índice dessazonalizado (que não leva em conta as variações por época do ano). No primeiro trimestre deste ano, a economia encolheu 0,02%, de acordo com o IBC-Br.
Já nos últimos três meses do ano passado, a retração foi de 0,29%. No entanto, metodologicamente, o IBC-Br não pode ser considerado uma simples prévia do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Isso porque o dado oficial, calculado pelo IBGE, é muito mais complexo.
O índice construído pelos técnicos da autoridade monetária é o que os economistas chamam de proxy, ou seja, uma aproximação. O resultado oficial será divulgado pelo instituto no próximo dia 29.
Os dados oficiais do IBGE são de que o PIB cresceu 0,2% no primeiro trimestre sobre os últimos três meses de 2013. Mas boa parte dos analistas não descarta a possibilidade de que esse número seja revisado para mostrar contração, com a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre.
Somente em junho, mês da Copa do Mundo (que diminuiu o número de dias úteis e, consequentemente, de atividade econômica), esse índice do BC revelou que a economia encolheu 1,48%. Foi o pior resultado mensal desde maio do ano passado.
Isso porque o resultado do comércio ficou muito abaixo do que previam os especialistas. A queda de junho também foi a quinta seguida na comparação mensal. O IBC-Br acumula alta de 1,41% em 12 meses, ainda segundo dados dessazonalizados.
"Acho que não podemos falar em recessão técnica (dois trimestres seguidos de retração) porque o IBC-Br não crava exatamente o que aconteceu na economia brasileira. O primeiro trimestre, por exemplo, teve desempenho positivo nas contas oficiais do IBGE", ponderou André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual. "Mas esse número já indica que teremos um segundo trimestre negativo no resultado das contas nacionais do IBGE".
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, porém, reforçou nesta sexta-feira (15), que não é correto afirmar que a variação do PIB do Brasil foi negativa no segundo trimestre tendo como base o IBC-Br.
O diretor lembrou que a projeção do BC para o PIB é a que consta no Relatório de Inflação, que é de 1,6% para 2014. Entretanto, as expectativas dos especialistas, ouvidos em pesquisa Focus do próprio BC, são de que o PIB crescerá apenas 0,81% em 2014, bem aquém dos 2,5% vistos em 2013.
O IBC-Br foi criado pelo BC para balizar a condução da política de juros para controlar a inflação. É para ele que o BC olha na hora de fixar a taxa básica de juros (Selic), que está em 11% ao ano.
O dado leva em consideração Esses são os indicadores que mais pesam no PIB do BC. No segundo trimestre, as vendas do varejo registraram uma queda de 0,6%, na comparação com o primeiro trimestre, de acordo com os dados do IBGE após ajuste sazonal. Já a indústria registrou uma retração de 0,9% da sua produção no período.
› FONTE: Fecomércio