As memórias medievais, recriadas em uma exposição no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, nos dão uma ideia do papel dos cavaleiros, das roupas e equipamentos utilizados por eles e desta época, situada entre os séculos V e XV.
Montada pelo Sistema de Combate de Artes Marciais Medievais (SCAM), do Núcleo de Estudos Medievais do curso de História da Universidade Federal de santa Catarina (UFSC), a exposição permanece até o dia 31 de agosto, com apresentação de lutas nas tardes de quinta-feira.
Instituição feudal dos cavaleiros nobres e dos ideais que lhe eram associados ou que lhe foram associados pela literatura, nomeadamente a coragem, a lealdade e a generosidade, bem como a noção de amor cortês, as histórias da cavalaria medieval costumam aguçar, principalmente, a imaginação infantil. Quem nunca teve vontade de lutar com espadas, escudos e se transformar num guerreiro, mesmo que só de brincadeira?
Arthur Rodrigues Medeiros, 12 anos, aluno do Colégio Adventista de Florianópolis, foi conferir a exposição e uma apresentação de luta e mostrou seu entusiasmo com as histórias de guerras.
Empunhando um dos livros de Harry Potter, Arthur confessou adorar as guerras medievais e admirar seu xará, Rei Artur, figura lendária britânica que, de acordo com as histórias medievais e os romances, teria comandado a defesa contra os invasores saxões chegados à Grã-Bretanha, no início do século VI.
O organizador da exposição, Anderson Tsukiyama, explica que a ideia do projeto é, basicamente, trazer para a vida real coisas que só se poderia ver em filmes. “A ideia é que o público possa conhecer os materiais, equipamentos, armaduras, desenvolvidos em Florianópolis, por meio de um processo artesanal. Todo o equipamento tem um embasamento, uma fundamentação, uma pesquisa intensa”.
Inserido em projetos do departamento de História da UFSC, o SCAM produz desde 2002 armas, armaduras e equipamentos usados por guerreiros de diferentes épocas da história, principalmente da Idade Média, e que são utilizados para o treinamento dos praticantes do grupo. As oficinas de lutas, fabricação de equipamentos e grupos de pesquisa estão abertos ao público.
O acervo da exposição é inteiramente fabricado pelo SCAM e inclui réplicas de peças usadas pelos cruzados, pelos vikings, por samurais e legionários, e também por arqueiros de diferentes culturas.
Os filmes e games de lutas medievais despertam a atenção e curiosidade de Vinicius Borges de Abreu Machado, 9 anos. O carioca, natural de Niterói, veio passar uns dias com a família em Florianópolis e aproveitou para visitar a exposição.
“Eu me amarro nas histórias medievais e adoro as espadas grandes. Às vezes eu brinco que sou um bonequinho azul e tenho poderes”. Os games fazem parte do seu cotidiano e os de lutas medievais estão entre os preferidos por ele, mas no meio da empolgação, Vinicius entrega: “Só tenho medo da manopla (armadura utilizada nas mãos e punhos), porque vi um filme que ela foi arrancada e a mão do cavaleiro caiu junto e não voltou nunca mais para o lugar”, contou, mais alegre do que assustado.
Programação
Durante os dias da exposição, serão realizadas nos jardins do Palácio Cruz e Sousa demonstrações de tiro com arco e de combates medievais com armaduras, além da mostra do funcionamento de uma forja medieval, quando os visitantes poderão ver as armaduras e armas sendo produzidas ao vivo.
A programação inclui ainda oficinas de tiro com arco e de fabricação de armaduras, que terão inscrições gratuitas com vagas limitadas. Estão previstas ainda palestras sobre referências históricas na criação de mundos de fantasia e estudo de brasões e escudos históricos.
› FONTE: ALESC