A Justiça Eleitoral divulgou esta semana a lista dos eleitores selecionados para trabalhar como mesários nas eleições de 2014. Santa Catarina contará com 59.128 voluntários trabalhando em grupos de quatro pessoas nas 14.592 seções eleitorais existentes no estado.
Outros 760 mesários trabalharão nas mesas receptoras de justificativa. A listagem pode ser conferida no site do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC).
Os selecionados recebem uma carta de convocação do TRE-SC e, apesar de o atendimento ser obrigatório, o mesário que tiver algum impedimento para comparecer poderá pedir a dispensa do serviço. Servidora do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Tânia Maria Gomes Pereira vai trabalhar nas eleições pela quinta vez e destaca a importância do comparecimento dos mesários.
“Quem é convocado deve ter a responsabilidade de ir, pois os mesários faltosos sobrecarregam os demais”. De acordo com a legislação, o membro da mesa receptora que não comparecer no dia e na hora da eleição, ou abandonar os trabalhos, pode receber multa que varia de R$ 17,57 a R$ 702,80.
Muitas pessoas não se disponibilizariam a abrir mão de um domingo com a família (ou dois domingos, quando há segundo turno) para passar o dia trabalhando de graça.
Para Tânia, essa é uma atividade gratificante, para a qual se voluntariou espontaneamente, desde que se mudou do Rio Grande do Sul. Presidente de mesa em uma seção antiga, no Centro da Capital, a servidora elogia o comportamento dos idosos com mais de 70 anos que, não precisando mais votar, fazem questão de comparecer à urna e registrar sua participação. Ela e os colegas de seção aguardam, todos os anos, a chegada de um eleitor que é padre e distribui pirulitos aos mesários.
Outra servidora do INSS, Rosana Cordeiro Mendes é veterana nas eleições. Trabalha como mesária desde 1984, embora não tenha sido convocada em todos os pleitos.
Chegou a atuar como escrutinadora, na época das cédulas de papel, quando a contagem dos votos era feita a mão, após o encerramento da votação. O trabalho dos escrutinadores atravessava a noite, enquanto hoje o resultado final é conhecido cerca de duas horas após o fechamento das seções.
Além de agilizar a votação e a apuração, Rosana considera que o processo digital facilitou a vida dos mesários. O trabalho ficará ainda mais fácil e rápido com a implantação do sistema biométrico, na opinião dela. “Uma das dificuldades é a conferência da fotografia, às vezes o eleitor leva um documento de identidade muito antigo”, explica.
Em 30 anos de serviços prestados à Justiça Eleitoral, a servidora lembra-se de raros episódios que fugiram da normalidade. “Nunca tivemos problema com a urna eletrônica”, relata. Na última eleição, conta que um eleitor apareceu logo cedo, alcoolizado. Insistia em votar, mas não estava registrado naquela seção. Ficou no meio da sala, ‘empacado’, até que a diretora do colégio eleitoral foi chamada para ajudá-lo a se locomover entre as seções e encontrar a sala certa.
Muitos eleitores chegam ao colégio sem título eleitoral e não sabem exatamente onde votam. Para facilitar o trabalho, na última eleição Tânia baixou um aplicativo da Justiça Eleitoral que ajuda a encontrar a seção adequada, informando o nome e a data de nascimento do eleitor.
Cidadania
Claudecer José da Silva é mais um servidor público que gostar de “fazer a sua parte”. Morador de São José, ele vota e atua como mesário no bairro onde vive, por isso aproveita as eleições para reencontrar os vizinhos e antigos moradores que voltam apenas para votar.
“As eleições são muito importantes para a democracia. Como funcionário público e como cidadão, a gente tem que fazer a nossa parte”, reforça. As eleições municipais são as mais difíceis para o trabalho dos mesários, conforme o servidor, porque se torna mais intensa a pressão dos candidatos, dos fiscais e a movimentação dos partidos.
A lei garante que, para cada dia trabalhado nas eleições, a pessoa tem direito a duas folgas compensatórias. Na carreira do servidor público, a prestação de serviços à Justiça Eleitoral pode contar pontos para a promoção, sendo utilizada como critério de desempate.
› FONTE: ALESC