Carta da Indústria foi entregue para os três principais candidatos ao governo de Santa Catarina pelo presidente da FIESC - Crédito: Filipe Scotti
Raimundo Colombo, Paulo Bauer e Claudio Vignatti debateram a Carta da Indústria, da FIESC, durante painel promovido pela entidade, nesta sexta-feira (08)
Os candidatos ao governo de Santa Catarina Raimundo Colombo, Paulo Bauer e Claudio Vignatti assumiram o compromisso de buscar a redução da carga tributária do Estado, se eleitos. Eles participaram de painel na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (8), em Florianópolis.
No encontro, a FIESC debateu com os candidatos a Carta da Indústria, documento que contempla as demandas do setor, elencadas a partir de pesquisa com industriais e do trabalho realizado por meio dos diversos fóruns de discussão da FIESC. Clique aqui e conheça as propostas da Carta.
"Queremos o compromisso de iniciar um programa de redução da carga tributária", afirmou Côrte. "Temos a expectativa que os candidatos incorporem em seus programas de governo a agenda de melhoria e investimentos que estamos propondo e esperamos que seja implementada pelo candidato que vier a ser eleito", completou.
No encontro, os postulantes ao governo foram questionados se firmariam o compromisso de não aumentar a carga tributária de competência do Estado e de iniciar um processo de redução gradativa do ICMS.
"Temos uma carga tributária extremamente elevada e complexa. É preciso simplificá-la e melhorá-la ao máximo", defendeu Raimundo Colombo. "A redução dos impostos é um trabalho que tem que ser feito permanentemente. Essa é nossa meta. Minha proposta é muito clara nesse aspecto: tem que diminuir o tamanho e o custo do Estado e aumentar a sua eficiência", disse.
Paulo Bauer, por sua vez, disse que reduzir a carga de impostos e simplificar o sistema tributário é uma necessidade. "Este é um pleito antigo, que precisa ser enfrentado e tratado com responsabilidade. Precisamos assegurar a boa aplicação dos recursos e, também, diminuir a carga", ressaltou. Ele defendeu ainda a criação dos conselhos de gestão fiscal, que estão previstos na lei de responsabilidade fiscal.
"A Constituição de 1988 cometeu um grande erro ao constitucionalizar o sistema tributário nacional. Conseguimos mudar o Simples no Brasil, com a diminuição da alíquota", disse Cláudio Vignatti. "Arrecadamos mais porque o Simples passou a garantir que o empreendedor individual pague, de fato, o que deve. O nosso sistema tributário é o mais arcaíco que tem. Precisamos arrecadar mais sem aumentar os tributos", afirmou.
Além de responderem perguntas sobre tributação, os candidatos também falaram sobre suas propostas para energia, infraestrutura logística, educação e inovação. Veja abaixo.
RAIMUNDO COLOMBO
Energia: O setor entrou em colapso financeiro por causa do uso das térmicas. A FIESC tomou a atitude correta: acionou a Aneel, que regula o setor. O aumento penaliza a indústria, tirando a competitividade. É preciso prestar atenção ao setor, pois o uso de térmicas continuará por mais algum tempo e isso desequilibra todo o setor. Na questão do gás, temos autonomia e temos negociado com a FIESC. A SC Gás estava tendo lucros elevados e distribuindo para os acionistas.
Infraestrutura: o número de veículos que transitam em nossas estradas aumentou de maneira que certamente não foi projetada. Lá atrás faltou o projeto que permitisse duplicação, melhorias e redução do número de acidentes. Colombo destacou ainda as dificuldades da execução das obras. Temos recursos assegurados, projetos em andamento e 80% do meu tempo é cuidar disso: cobrar das empreiteiras, substituir empresas, negociar, de tal forma que as obras tenham andamento.
Inovação: assumimos o compromisso e alcançamos a meta de qualificar cinco mil jovens. Isso foi muito importante para o setor e sob o ponto de vista social. Temos o empreendedor, a mão de obra e um ambiente favorável. Santa Catarina é referência nacional. Acredito que o modelo que está sendo construído e em curso vai fortalecer ainda mais o setor.
Educação: a questão da educação é, com certeza, o maior desafio da sociedade brasileira hoje. A qualificação dos trabalhadores e o aumento da produtividade são, de fato, os maiores desafios. Este ano contratamos cinco mil professores efetivos e vamos norteá-los para qualificação. O governo tem que apoiar o sistema existente, como incentivar a interiorização da Udesc. O desafio é a utilização da estrutura existente para fomentar setores importantes identificados com a economia de cada região.
PAULO BAUER
Energia: Precisamos fomentar a implantação de parques eólicos, térmicos e hídricos. Temos dezenas de projetos em Brasília aguardando outorga da Aneel. Além de gerar energia, estes empreendimentos permitem a dinamização da economia, seja pela fabricação de equipamentos, seja pela arrecadação de tributos. Precisamos buscar aumento no volume de gás fornecido para o Estado. A SCGás está com a capacidade de abastecimento praticamente exaurida e não tem como garantir o fornecimento para novos empreendimentos. Isso atrapalha o crescimento da indústria e a oportunidade de novos negócios em Santa Catarina.
Infraestrutura: A infraestrutura precisa de atenção, através de parcerias com a iniciativa privada e o governo federal. Não devemos ter medo das Parcerias Público-Privadas. Elas devem ser viabilizadas com segurança jurídica e com fiscalização, por meio de agências.
Inovação: os parques de inovação são importantes para formar gente qualificada e criar uma cultura voltada ao tema. Eles permitem que o jovem talentoso de Santa Catarina fique no Estado. Vamos criar uma nova fase a partir do que já existe. Temos que ter política tributária adequada, com redução de impostos, para que sirva de estímulo à inovação.
Educação: é necessário fazer grandes ajustes, grandes reformas. Temos que definir com clareza de quem são as competências, se é da União, do Estado ou do município. Devemos convocar a sociedade para discutirmos estas mudanças na política educacional, que vão trazer resultados em favor da indústria, pela qualificação das pessoas.
CLAUDIO VIGNATTI
Energia: É preciso reduzir a tarifa energética para se equiparar a Estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Isso freia a nossa competitividade em relação aos demais estados. Quero assumir o compromisso de reduzir essa tarifa para a indústria, estudar modelos diferentes para chegar numa tarifa que garanta de fato que a indústria seja mais competitiva. Vamos potencializar a nossa capacidade de geração de energia aproveitando outras matrizes.
Infraestrutura: A infraestrutura também precisa ser repensada. A falta de investimento em infraestrutura freia o desenvolvimento de Santa Catarina. Não temos ferrovias, rodovias duplicadas, nem um bom aeroporto. Obras estruturais precisam ser cuidadas pelo Estado, mesmo que os recursos sejam federais. Vemos uma precarização das estradas estaduais. E não tem um programa de manutenção permanente delas além de tapa-buracos. A ferrovia tem que ser prioridade. Vamos buscar parcerias para construí-las. A União fazer sozinha é muito difícil e sabemos da importância dos ramais ferroviários para a agroindústria do Oeste.
Inovação: Avançamos muito nos últimos anos em inovação. Hoje este setor contribui com a arrecadação, com melhores empregos. Penso em tornar o Badesc um banco, por conta das políticas de crédito diferenciadas para tornar o crédito mais atrativo. No Oeste, por exemplo, conheço empresários que relatam a falta de profissionais para o desenvolvimento de softwares.
Educação: Melhorar a qualidade da escola pública é outro desafio para o Estado. Temos índices fantásticos, a melhor frequência escolar do Brasil, mas o Estado deixou de investir no ensino técnico e de aprimorar a escola. Podemos ter um dos melhores índices de educação do mundo, esse Estado rico mostra que temos capacidade de buscar isso.
› FONTE: FIESC