Dados divulgados pela Unaids, programa das Nações Unidas sobre Aids, no último dia 16, apontam que entre 2005 e 2013 o número de casos de Aids verificados em todo o mundo caiu 27,5%.
A tendência, entretanto, não foi acompanhada pelo Brasil, cujo índice de novas infecções pelo vírus subiu 11% no período.
A situação é particularmente preocupante em Santa Catarina, que neste ano completa três décadas do primeiro registro da doença em seu território. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o estado é o segundo no ranking de taxa de incidência da doença, com 33,5 registros a cada 100 mil habitantes, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 41,4.
Somente em 2012, foram 2.141 notificações. Os homossexuais, que na década de 1990 lideravam o número de infectados, voltaram a ser o principal grupo de risco, mas o avanço da doença também foi verificado entre os heterossexuais, sobretudo os com mais 60 anos. Atualmente, 2,3% dos casos notificados em Santa Catarina ocorrem entre idosos, de ambos os sexos.
Para a coordenadora do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa), de Florianópolis, Helena Edília Lima Pires, o alto índice de infecção no estado está ligado principalmente à banalização da doença.
O surgimento e a facilidade de acesso aos coquetéis antivirais, que proporcionam uma maior sobrevida aos portadores do vírus, teriam levado a população a deixar de lado medidas básicas de prevenção, como o uso de preservativos, disse.
“Há uma década a sociedade estava mais mobilizada para o problema. De lá para cá houve uma mudança comportamental, que deixou as pessoas mais vulneráveis ao vírus.”
Liderança também em mortalidade
Helena também chamou atenção para as elevadas taxas de mortalidade decorrente da doença no estado, com 6,4 óbitos a 100 mil habitantes. Os dados, de 2012, colocam Santa Catarina em quarto lugar entre todas as unidades da federação neste quesito. “Não é de agora que nós, ativistas, chamamos a atenção para este fato. O governo investe muito, disponibilizando gratuitamente camisinhas e medicamentos, mas peca na assistência médica, deixando a porta aberta para o avanço de doenças associadas à aids, como hepatite e tuberculose.”
Os números apresentados pela Unaids, anunciou Helena, bem como as formas de tratamento e medidas de prevenção, devem ser tratados nos próximos meses em uma conferência nacional convocada pelo Fórum Nacional de Ongs ligadas a Aids (Fonaids). “A aids é uma doença grave, que tem tratamento, mas não cura, daí a importância de promovermos continuamente o debate e a conscientização da população sobre o tema.”
› FONTE: ALESC