Em meio a vaias e objetos atirados, Haddad, Padilha e Berzoini deixam de discursar em evento da CUT. No ato da Força Sindical, ao lado de Aécio, Paulinho fala até em Papuda para Dilma. Eduardo Campos também esteve lá.
Os eventos organizados pelas duas maiores centrais sindicais do país em comemoração ao Dia do Trabalho foram marcados pela tensão política e eleitoral.
O ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidade historicamente alinhada ao PT, acabou em constrangimento, com objetos atirados contra petistas, como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o pré-candidato a governador Alexandre Padilha e o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini.
Em meio a uma chuva de papeis, garrafas e latas arremessados contra o palco, eles se retiraram sem discursar. Padilha limitou-se a saudar o público com um “bom dia, boa tarde e boa noite” e a perguntar quem ali era contra o racismo.
Já a festa promovida pela Força Sindical, também em São Paulo, transformou-se em palco de troca de acusações entre governo e oposição neste 1º de maio. Com a presença de dois pré-candidatos à Presidência, o evento teve vaias para ministros, bananas para a presidenta Dilma e até insinuação de que ela deveria ir para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Papuda
Apesar da presença do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), as palavras mais duras do ato da Força vieram de um deputado que, até recentemente, fazia parte da base aliada e agora ensaia apoiar Aécio, o ex-pedetista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente do recém-criado Solidariedade.
“O governo que deveria dar o exemplo está atolado na corrupção. Se fizer o que a presidente Dilma falou ontem, quem vai parar na Papuda é ela”, discursou o deputado paulista, ao lado de Aécio. Em duas oportunidades, Paulinho pediu que o público desse uma “banana” para Dilma.
O senador mineiro também não poupou críticas à presidenta. Acusou Dilma de fazer propaganda eleitoral antecipada em um espaço reservado para pronunciamento oficial da Presidência, em referência ao pronunciamento feito em cadeia de rádio e TV por ela ontem.
“A presidente da República protagonizou ontem um momento patético da vida pública deste país. Ela utilizou um instrumento de Estado, que é a cadeia de rádio e televisão, para fazer proselitismo político para atacar adversário”, atacou.
Segundo ele, a correção na tabela do Imposto de Renda, o aumento no benefício do Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo, anunciados por ela ontem, são insuficientes. “As medidas que ela [presidenta Dilma] anuncia vêm na direção daquilo que já vínhamos defendendo há muito tempo. O reajuste [da tabela do IR] não atende ao crescimento inflacionário”, criticou. Ele disse que retornará ao evento, no próximo ano, como presidente da República.
Eduardo Campos defendeu maior diálogo entre o governo e os sindicalistas. ”O movimento sindical reclama muito do baixo diálogo com o governo brasileiro. O Brasil precisar ter diálogo, diálogo com empresários, com os sindicalistas, porque o diálogo é fundamental, ouvir a verdade, ouvir as críticas”, discursou.
Ministro contra-ataca
Os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, e do Trabalho, Manoel Dias, representaram o governo no ato da Força e foram vaiados. Gilberto rebateu as acusações da oposição de que o governo Dilma está desmantelando a Petrobras com atos de corrupção e aparelhamento político dos seus quadros. Segundo ele, os oposicionistas tentam destruir a Petrobras, por meio de uma campanha negativa contra a empresa, para privatizá-la.
“A Petrobras que eles estão criticando e falando mal, que o FHC tentou privatizar, hoje é a grande empresa do país que eles querem tentar destruir para privatizar depois em um eventual governo deles, que não virá”, discursou. Gilberto Carvalho afirmou que a eventual chegada de Aécio Neves ao Planalto representaria a volta do “desprezo ao trabalhador” que, segundo ele, marcou a gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso por oito anos.
Manoel Dias declarou que o país “vive o melhor momento” para os trabalhadores e que não há indícios de aumento do desemprego. De acordo com o ministro, o Brasil vai acelerar a criação de vagas e investir na qualificação profissional.
Discursos divergentes
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, destacou as principais reivindicações da central: a valorização do salário mínimo, o fim do fator previdenciário, uma política de valorização do aposentado, o fim das terceirizações e a destinação de 10% do PIB para educação. “Essas são as nossas bandeiras”, afirmou.
Torres também criticou Dilma ao afirmar que a tabela do Imposto de Renda deveria ser reajustada em 68% para repor as perdas decorrentes da inflação. “Ontem, ela [Dilma] reajustou em 4,5%, o que não é nem a inflação deste ano”, disse.
No ato da CUT, apesar das vaias aos petistas, Dilma foi defendida pelo presidente da central. “Você mantém a política de valorização do salário mínimo e corrige a tabela do Imposto de Renda, é dinheiro para os trabalhadores para investir no desenvolvimento. Extremamente importante isso e faz parte das reivindicações que as centrais sindicais entregarão a ela [presidenta Dilma]”, discursou o presidente da CUT, Vagner Morais, ao comentar as medidas anunciadas na véspera pela presidenta em cadeia de rádio e TV.
› FONTE: Congresso em Foco