O artista Carlos Asp trabalhou durante 14 meses com detentas da Penitenciária Feminina do Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre, buscando com sua arte reconstruir histórias de vida interrompidas ou fragmentadas pela reclusão. Esse trabalho inspirou a exposição Persona, que abriu as portas para o público na quarta-feira (21), na Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, no Centro. A exposição pode ser visitada até dia 4 de outubro, gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h.
Persona representa um “autorretrato com as sobras do mundo. Ver o belo no desconforme, no (i) mundo”, descreve Carlos Asp. Na exposição, o artista propõe a “reconstrução do eu” como uma reflexão sobre sua própria vida, espalhada pela cidade em obras expostas nos museus, instituições culturais e na casa das pessoas. Usando caixas de chá, de remédios, de alimentos e embalagens em geral, Asp faz recortes e colagens, brinca com as palavras, com as imagens e o design, transformando objetos em anotações visuais. A última exposição individual realizada pelo artista na capital catarinense ocorreu em 2008.
Natural do Rio Grande do Sul, Carlos Asp vive e trabalha em Florianópolis há três décadas, destacando-se pelos desenhos que produz a partir da saturação de camadas de grafite aplicadas sobre os papéis. Por meio do gesto de traçar e do colorir, o artista consegue criar campos relacionais que dialogam com as paisagens interiores de cada um. “Ele é o sujeito que nunca deixou de ter um olhar terno para o céu, para as estrelas e para as miudezas das coisas que se espalham sobre a terra”, observa Fernando Boppré.
› FONTE: FUNDAÇÃO FRANKLIN CASCAES