Sapatos altos, calças apertadas e massagens modeladoras podem causar dor e ser prejudiciais à saúde. Especialista alerta sobre problemas e cuidados para não sofrer por causa da beleza
Algumas vezes você sente dores pelo corpo e não consegue identificar de onde vêm? O grande vilão pode ser justamente aquele recurso usado para buscar beleza e elegância. Saltos e roupas justas são responsáveis por problemas de circulação, dores nos pés, calcanhares, tornozelos, joelhos e coluna.
A maior preocupação dos médicos é com relação aos sapatos de salto alto. Nos calçados com saltos maiores de seis centímetros, 90% do peso do corpo é concentrado na ponta dos pés, acarretando em deformidades como joanetes. Além disso, o uso contínuo pode causar ainda retração na musculatura da panturrilha e atrofia do tendão.
Por causa do calcanhar elevado o corpo é projetado para frente e, para se equilibrar, a tendência é inclinar o tronco para trás, formando uma hiperlordose na região lombar. Esta postura errada compromete a coluna, causa lesões e comprometimento do andar, em especial para quem está em fase de crescimento, como as adolescentes.
Para amenizar os problemas causados pelo uso de saltos altos o Dr. Charles Oliveira, médico intervencionista da dor do Centro de Controle da Dor Singular indica que o uso seja alternado em dias ou períodos diferentes. “Se você faz questão de usar saltos altos todos os dias, procure andar descalço à noite ou caminhar com um tênis que amorteça o impacto ao final do dia. Isso ajuda os músculos não atrofiarem”, recomenda.
Saltos do tipo plataforma costumam ser mais confortáveis para pés e costas e cumprem o papel de acrescentar alguns centímetros à estatura, porém deve-se ter cuidado com as torções de calcanhar, porque este tipo de calçado tende a dar uma falsa ideia de sustentação.
Outro inimigo da saúde relacionado à moda são as roupas apertadas. Mais uma vez a coluna pode sofrer danos com calças justas e causar dores por causa da restrição de movimentos. “Com os músculos presos dentro da roupa, o corpo exige mais das vértebras e o esforço empregado para desenvolver os movimentos passa a ser maior”, explica Dr. Oliveira.
O especialista alerta ainda para o uso de cintos e redutores que pressionam a região abdominal e afirma que “além de prenderem a circulação sanguínea estes acessórios podem fazer os ácidos responsáveis pela digestão voltarem para o esôfago, causarem azia e desconforto”.
Tratamento pode dar errado
Queridinha dos tratamentos estéticos, a drenagem linfática promete reduzir medidas e diminuir o inchaço, mas se não for aplicada da forma correta, a massagem pode deixar a região dolorida e até causar o endurecimento da pele.
A estimulação das glândulas linfáticas podem ainda disseminar vírus e bactérias pré-existentes no organismo. Em casos extremos, a terapia mal aplicada pode provocar deslocamento dos trombos, levando até uma embolia pulmonar ou um acidente vascular cerebral. “Para não haver problemas relacionados ao tratamento estético, a anamnese, conversa entre paciente e médico antes ao início do tratamento ou procedimento, é de extrema importância. Nela o terapeuta deve conscientizar o paciente a contar todos os detalhes de saúde e orientar sobre as contra-indicações da massagem”, recomenda Dr. Oliveira.
Para tratar marcas de expressões e rugas, muitos especialistas recomendam o uso de Botox, uma pequena injeção de toxina botulínica que paralisa os músculos da face. Com a popularização da técnica, muitos profissionais têm feito uso indevido da substância e isso pode causar desde paralisias faciais até reações alérgicas. “O processo pode ser dolorido, então é preciso estar disposto e, mais uma vez, consciente das consequências”, finaliza o especialista.
*Dr. Charles Oliveira é anestesiologista e Médico Intervencionista da Dor, com certificação pela AMB - Associação Médica Brasileira. Membro da American Academy of Pain Medicine, título internacional FIPP-WIP (Fellow of Interventional Pain Practice pelo World Institute of Pain). Foi membro do Departamento de Dor do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do capítulo latino-americano do WIP (2011-2013). É membro do comitê de examinadores do WIP nas avaliações para titulação em Fellowship em Medicina Intervencionista da Dor, Secretário do Comitê Intervencionista de Dor da SBED e co-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Intervencionista da Dor (SOBRAMID). Atualmente é vice-presidente do novo capítulo brasileiro do WIP (2013-2015).
› FONTE: www.conexuscom.com.br