Objetivo é pressionar Congresso a votar projetos que esterilizam animais, proíbem uso de bichos em circos e testes industriais e aumentam punições para maus tratos.
Um acampamento no gramado em frente ao Congresso Nacional é a arma de ativistas defensores dos animais para aprovar projetos de lei em defesa dos bichos.
A expectativa dos organizadores é trazer cerca de 1.500 pessoas em 800 barracas de uma segunda-feira até quinta-feira. Pelo menos um deputado garantiu que vai pernoitar com os militantes para sensibilizar os colegas. O “Acampamento Nacional Pelos Animais” está previsto para acontecer entre 17 e 20 de fevereiro.
O principal pleito dos militantes e de um grupo de deputados é aprovar o projeto de lei que esteriliza animais gratuitamente para evitar a superpopulação, o sacrifício de bichos e mesmo garantir a saúde humana. De autoria de Afonso Camargo (PSDB-PR), o PL 1376/03 quase foi votado no plenário no ano passado. Segundo o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), um dos defensores da proposta, é importante reduzir o crescimento de cães e gatos nas cidades, onde não há predadores destes animais não só por uma questão moral.
“Um casal de cachorros gera, em 14 anos, 10 mil descendentes diretos. O pior é o resultado na saúde humana, pois a leischmaniose mata mais que a dengue. E ainda tem a cinomose”, afirmou Izar.
Em Porto Alegre (RS), o uso de veículos especiais nas periferias, os chamados “castramóveis”, reduziu em 80% o crescimento de cães e gatos. As zoonoses reduziram-se em 90%, informou o deputado, que vai dormir de terça-feira para quarta em uma barraca no acampamento.
Outra proposta é proibir testes com animais para a produção de cosméticos. Izar diz que não é necessário usar esse tipo de experimento, prejudicial aos bichos e ao bolso da indústria brasileira. Isso porque a Europa se nega a comprar cosméticos brasileiros porque de 5% a 10% ainda fazem testes com animais. A situação se tornou comoção nacional depois da denúncia de maus tratos com cachorros beagles em um instituto em São Paulo.
O projeto de lei 2833/11 aumenta as punições para quem machuca os bichos, sejam eles domésticos ou selvagens. De acordo com a ativista Carolina Mourão, assessora parlamentar e coordenadora política do acampamento, hoje a punição se limita ao pagamento de cestas básicas. “A ideia é aumentar para oito anos de cadeia”, informa ela.
Sem elefante
No que depender dos ativistas e de um grupo de deputados, nenhuma criança vai mais ver elefantes no circo. Nem leões ou qualquer outro animal. Segundo Carolina, está bem amadurecida a ideia de proibir qualquer bicho em circo, medida já tomada em outros países e em dez estados brasileiros.
“Animais não nasceram para ser entretenimento em circos e rodeios”, afirma ela, que não acredita em vaquejadas e rodeios sem sofrimento para os bichos. Segundo Carolina, o que faz o boi pular embalado pelo grito de “Segura, peão” é uma “profunda e incômoda dor” causada por apertos nos testículos, esporas e supositórios de pimenta.
Os ativistas ainda desejam criar uma CPI dos maus tratos dos animais, para punir prefeitos e organizadores de eventos, como rodeios e vaquejadas, que molestam os bichos.
Comissão esp
Hoje há 185 projetos que tratam de animais, mas a ideia do acampamento é não lutar apenas por quatro ou cinco projetos. Em uma comissão especial recém-criada ficariam causas mais polêmicas e com forte rejeição da bancada ruralista, como a proibição de rodeios e vaquejadas.
Na semana passada, a comissão foi criada na Câmara, sob a chancela do PV e do Solidariedade. O objetivo é consolidar projetos em defesa dos animais. “Uma legislação consolidada estabelece a relação das pessoas com os animais, protegendo a fauna e, por sua vez, dando as respostas pelas quais a sociedade clama”, afirma o líder do PV na Câmara, Sarney Filho (MA).
› FONTE: Congresso em Foco