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"Não se constrói civilidade sem arte"

Publicado em 02/02/2022 Editoria: Geral Comente!


Convidado como jurado do Prêmio Desterro na modalidade dança contemporânea, o diretor do Balé Teatro Guaíra, Luiz Fernando Bongiovanni, defende a arte como potencial de transformação e incitação à reflexão  

 

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Luiz Fernando Bongiovanni esteve em Florianópolis como jurado do Prêmio Desterro

De passagem por Florianópolis a convite do Prêmio Desterro, encerrado no último domingo (30), o diretor do Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, Luiz Fernando Bongiovanni, ficou animado com os solos e duos contemporâneos que assistiu durante a Mostra Competitiva, no Centro Integrado de Cultura (CIC). Também elogiou a qualidade dos temas abordados nos trabalhos pelos grupos e artistas participantes.

"Acho que os coreógrafos do contemporâneo são artistas antenados nas questões do nosso tempo, como questões de gênero, discriminação, liberdade, injustiça; e questões de sempre, como por exemplo o amor, as relações e sentimentos decorrentes. Mas, vez ou outra, aparece algo distinto, e é sempre muito interessante pensar nessas peças que aparecem com um tema, ou mesmo apenas com uma inspiração, completamente diferente. Eu adoro ver o pensamento coreográfico dos meus pares. Dança é uma arte viva e, por isso, sempre em transformação", comenta Bongiovanni.

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Durante o workshop de dança contemporânea ministrado no CIC

Além de integrar o corpo de jurados na modalidade contemporânea, Luiz ministrou workshop para alunos. Na opinião do diretor, os cursos são formas de reciclagem para bailarinos e podem provocar uma grande reviravolta na forma de encarar a produção em dança e assimilar o pensamento pedagógico de diferentes professores. Ele mesmo conta que nos anos de 1980, durante o Festival de Dança de Joinville, fez aula com a bailarina Regina Miranda. Foi uma experiência transformadora para seu estudo.

Impressionado com a qualidade dos finalistas do festival, Luiz confessa que teria prazer em trabalhar junto com esses bailarinos e coreógrafos. E faz votos para que esses artistas possam ser vistos por muita gente. "A arte tem um potencial de transformação e incitação à reflexão que muitas vezes passa despercebido. Nesse momento em que percebemos um jogo de oposição entre civilização e barbárie, eu acredito muito que não se constrói civilidade sem arte. Eu tenho certeza que se esses artistas que eu vi pudessem encontrar a população que não é de dança, algo muito especial aconteceria".

 

Presente e futuro da dança no Brasil

Estudo, estudo e estudo. A palavra resume o aconselhamento de Bongiovanni para quem deseja seguir o caminho da dança profissional no país e encarar os desafios, que são muitos. Ele sugere uma formação que seja para além do movimento.

"A formação do movimento eles já possuem, e fazemos isso bastante bem no país. Mas essa outra, ainda temos pouco. Porque precisamos articular em discurso aquilo que fazemos. Parece que estamos sempre de volta a um estágio de justificar o que fazemos para a sociedade. Questões como: por que dança e arte são importantes? Por que é preciso ter uma secretaria de cultura e economia criativa num governo? E por aí vai... As perguntas seriam muitas para colocar aqui, mas o que me parece relevante é que cada um que esteja nessa cadeia produtiva perceba e contribua para mais consciência das questões articuladas à arte e sociedade, arte e política, arte e estado. Particularmente eu não acho mais possível investir apenas no desenvolvimento técnico e artístico de cada indivíduo, estamos fazendo isso há anos sem resultados transformadores. Acho que precisamos de uma geração de artistas que possa saber profundamente o que estão fazendo e por que estão fazendo, no palco e fora deles, para transformar a sociedade e o país", dispara.

Premiados em Dança Contemporânea

Os premiados do Prêmio Desterro na modalidade Dança Contemporânea foram anunciados esta semana em três categorias. A Melhor Concepção Coreográfica goi título conquistado pelo Raça Centro de Artes (SP), o troféu Melhor Desempenho Cênico ficou com a Cia. de Dança Ímpeto (SP) e Inovação e experimentação para o Studio de Dança Sabrina Coelho (SP). O resultado das demais premiações podem ser conferidos no site: www.premiodesterro.com.br

O 11° Festival de Dança de Florianópolis foi uma realização da Secretaria Especial da Cultura/Governo Federal com organização do Instituto Cultural Desterro. Contou com o patrocínio da CGT Eletrosul, do BRDE, da Celesc Distribuição, da Videplast e da Teltec, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); além do patrocínio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes/Prefeitura Municipal de Florianópolis e apoio da Bee The Change, da Fecoagro e da Jomani Corretora de Seguros, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura; como também o apoio institucional do Floripa Airport.

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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