O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,1% no terceiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores, confirmando o estado de recessão técnica de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira (01) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a segunda queda consecutiva do ano, apesar do crescimento de 4% em comparação com 2020.
A recessão técnica acontece, por definição, justamente quando um país enfrenta dois trimestres consecutivos de retração e é um alerta econômico. De acordo com especialistas, a situação mais preocupante é quando o encolhimento da economia estende-se por um longo período e afeta vários setores ao mesmo tempo.
Ainda segundo dados do IBGE, a última recessão no Brasil havia sido em 2020, quando o PIB encolheu 2,3% no primeiro trimestre e 8,9% no segundo, graças ao forte impacto econômico gerado pela pandemia. Os números do PIB para o segundo trimestre de 2021 também foram revisados, passando de -0,1% para -0,4%.
"Os estudos sobre o PIB já revelam um cenário um pouco melhor do que aquele enfrentado em 2020, mas ainda há muito a ser feito", comenta Thomas Carlsen. O executivo é COO e co-fundador da mywork, startup de controle de ponto online para pequenas e médias empresas, e é formado em Economia pelo Insper. "O impacto econômico em diferentes setores trouxe muitas pressões aos brasileiros e o desemprego ainda é uma preocupação latente para muitas pessoas que buscam uma recolocação profissional depois do desligamento", avalia Thomas.
Apesar da alta de 1,1% no setor de serviços, que correspondem a mais de 70% do PIB nacional, o IBGE também aponta que o desempenho econômico atual é reflexo de uma queda de 8% no setor agropecuário no trimestre, que puxou os resultados para baixo. Os setores de exportação e importação também despencaram, com quedas de -9,8% e -8,3% respectivamente, enquanto a indústria, que responde por aproximadamente 20% do PIB, ficou estagnada.
Por outro lado, cinco atividades oriundas do setor de serviços foram responsáveis por elevar o setor: informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%), administração, defesa, saúde e educação pública e seguridade social (0,8%) e outras atividades de serviços (4,4%).
"Com o avanço da vacinação contra a covid-19 no país, há a gradual reabertura de comércios e aumento da mobilidade urbana, o que permitiu que muitas famílias voltassem a consumir mais serviços ao invés de bens", comenta Carlsen.