A UNICEF, Unesco e Opas/OMS alertaram que “a reabertura segura das escolas deve ser prioridade”. Todavia, enquanto o Brasil fica perdendo tempo discutido como e quando retornar às aulas presenciais, países europeus já reabriram as escolas há muito tempo, sendo a Alemanha, República Theca e Dinamarca os primeiros países a reabrirem o ensino primário.
O ECDC – European Centre for Disease Prevention and Control, concluiu depois de acompanhar de perto 31 países em três níveis (ensino fundamental, primário e secundário) que a reabertura das escolas não provocou aumento do contágio da Europa. A própria OMS (Organização Mundial de Saúde), já orientou que é mais prejudicial para os alunos manter as escolas fechadas do que reabri-las em contexto de pandemia.
Com o início da pandemia no Brasil, em março, estima-se que 44 milhões de estudantes ficaram longe das salas de aulas, gerando um abalo na desigualdade de aprendizagem, especialmente meninas e meninos em situação de vulnerabilidade, além do impacto na saúde mental. Sim, pois, o prolongamento do isolamento, longe da escola, dos amigos, trará profundas mazelas na vida dessas crianças e adolescentes. Aliado a isso, há o problema da desnutrição, porquanto há crianças no Brasil que só têm alimentação na escola. Também não se pode ignorar que muitas famílias de baixa renda não possuem adequado acesso à internet, o que dificulta e até mesmo inviabiliza o acesso à educação.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus advertiu que “Muitas vacinas estão na terceira fase de testes clínicos e todos esperamos que haja várias vacinas eficientes que possam ajudar a prevenir que pessoas sejam infectadas. No entanto, não existe bala de prata no momento -- e pode ser que nunca exista”, de forma que os nossos políticos devem enfrentar o desafio e garantir que crianças e jovens possam voltar às aulas e lá permanecerem, independemente da situação de risco para o coronavírus no Estado.
O nosso Governador Moisés sancionou o projeto que prevê a volta às aulas em 2021, depois de muita pressão popular, contudo manteve o controle sobre a decisão de eventuais fechamentos em casos de piora do quadro da doença nas regiões. Um erro, pois é fundamental a retomada das aulas presenciais, de forma permanente e estável, basta oferecer condições de segurança sanitária, tais como: desinfecção de escolas, tendas de desinfecção dos alunos na entrada, controle de temperatura, uso de máscaras, lavagem de mãos e instalação de torneiras, grupos menores de alunos, distanciamento, horários diferentes de entrada e saída, arejamento da sala de aula e afastamento de professores do grupo de risco.
Vejam o paradoxo: as escolas não podem abrir para receber alunos, mas podem abrir para receber mesários e eleitores nas eleições??? Isso demonstra o nível cultural do nosso país, em relação aos países europeus que priorizaram a educação de suas crianças e adolescentes.
Os estudos apontam que em crianças a sintomatologia da COVID-19 é mais leve se comparada a adulto, a prova disso que o Hospital Infantil Joana de Gusmão, está realizando cirurgias eletivas e a taxa de ocupação de leitos na UTI continua dentro da normalidade.
Quanto mais tempo durar a interrupção das escolas, pior será, pois exaspera as desigualdades, expõem as crianças mais vulneráveis a serem exploradas, e, dificulta o seu retorno às escolas.
Ao invés de nossos Governadores e Prefeitos privarem uma geração ao direito à educação e se preocuparem exclusivamente a abrir shoppings, restaurantes e bares, devem se espelhar nos países desenvolvidos que tem como prioridade educar crianças e não isolá-las.
Pitágoras já dizia “educai as crianças e não será preciso punir os homens”, de modo que educação tem que ser considerada como atividade essencial e não pode sofrer interrupções sob pena de ocorrer uma hecatombe educacional.
Nicoli Moré Menegotto
(escritora)
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)