Do Moderno ao Contemporâneo.
Hoje resolvi trazer um pouco de história e conceito, visto que daqui para frente em minhas publicações vocês irão se deparar com expressões como: arquitetura contemporânea, casa contemporânea, edifício contemporâneo, interiores contemporâneo e será interessante que entendam a forma como eu vejo esta arquitetura.
Observação: Todas as palavras sublinhadas são "clicáveis", direcionando para o tema da palavra.
Para chegar ao “contemporâneo” vou passar de forma sucinta pela história da Arquitetura e iniciarei pelo período Moderno (criado na década de 1920 e mais expressivo entre 1930 e a década de 1960). Irei me deter apenas ao Modernismo brasileiro, para conseguir fazer esta ponte com a arquitetura contemporânea brasileira.
O Modernismo foi o período em que a arquitetura, artes e paisagismo brasileiro mais se destacaram mundialmente. Seguindo os preceitos modernistas (os cinco pontos da arquitetura moderna), criados por Le Corbusier, o Brasil criou uma arquitetura própria, levando o concreto armado ao seu limite estrutural e plástico, o que fez nossos arquitetos e engenheiros se destacaram e virarem referência. Certamente foram os “anos dourados” da arquitetura brasileira.
Quem nunca ouviu falar do Oscar Niemeyer, não é mesmo?
Mas temos outros inúmeros arquitetos modernistas importantes e essenciais para a construção da nossa história arquitetônica.
Quem tiver um tempinho:
Na década de 1960 o modernismo começou a sofrer críticas internacionais, enfraquecendo na maioria dos países, com posições contrárias ao “estilo internacional” e ao urbanismo setorizador e segregador, advindo da Carta de Atenas.
Na década de 1970 iniciou-se a época Pós-moderna, caracterizada pela pluralidade de estilos arquitetônicos, sem conceito nem estética padrão.
Dentre os estilos pós-modernos mais expressivos, podemos destacar:
High Tech, década de 1970: Considerado um “modernismo tardio”, utilizava materiais de alta tecnologia, como metal e vidro, principalmente na Inglaterra, França e Estados Unidos.
Desconstrutivismo, década de 1980: Caracterizado pela fragmentação, formas irregulares, distorcidas e escultóricas, um “caos controlado” que por vezes confundem a percepção visual.
Regionalismo crítico, década de 1980: É a arquitetura baseada no contexto local, no resgate das raízes locais, muitas vezes desconsideradas no movimento moderno, mas ao mesmo tempo não desprezando as evoluções sofridas na arquitetura.
E a arquitetura contemporânea?
Na verdade, a arquitetura contemporânea não pode ser definida, ela é plural, é o resultado de todas as vivências de estilos de arquitetura que já passaram, é a total “liberdade” projetual.
Mas como o Ricardo define esta arquitetura no Brasil?
É fato que no Brasil nunca houve a ruptura total com o estilo moderno. Academicamente falando, a maioria dos arquitetos brasileiros foram e são influenciados por essa época fértil e importante.
Isso não significa que não existam críticas, a rigidez dos preceitos arquitetônicos modernos e seu urbanismo deficiente em várias questões foram repensados pelos arquitetos contemporâneos brasileiros, que souberam filtrar os ensinamentos e conceitos daquela época, aliando novas tecnologias e sustentabilidade às suas arquiteturas contemporâneas, sem as “amarras” do passado.
Então para mim, a arquitetura contemporânea brasileira é a evolução natural e inteligente da arquitetura moderna.
Vocês poderão ler ou ouvir também que a arquitetura contemporânea brasileira é a arquitetura “inspirada no modernismo”, “com traços modernos” ou com um “olhar moderno” e não deixa de ser verdade.
E como posso identificar uma arquitetura contemporânea brasileira?
Vou citar algumas características em comum entre a arquitetura modernista e a contemporânea e algumas evoluções vindas com o tempo:
- Volumetria bem trabalhada, utilizando formas simples, uso de balaços nas lajes, grandes vãos, deslocamento do volume do pavimento superior em relação ao pavimento inferior, trazendo “movimento”. Jogo de impressões entre leveza e peso estrutural, preocupação com as sensações transmitidas pela arquitetura e suas ambiências.
- Não utilização de ornamentos e elementos meramente decorativos;
- Uso de concreto aparente (não sempre, mas muito utilizado), agora somado aos novos materiais e novas tecnologias;
- Utilização de contrastes nos materiais e formas (concreto/vidro, aço/madeira, peso/leveza);
- Plantas livres e com ambientes integrados interna e externamente;
- Minimalismo (“O menos é mais”);
- Preocupação com o entorno e conexão com a cidade;
- Integração entre arquitetura, paisagismo, arte e móveis;
- Conforto nas edificações, bastante evoluído na arquitetura contemporânea;
- Sustentabilidade (evolução natural da arquitetura contemporânea, vinda das novas relações com a natureza e visão de mundo).
Poderíamos citar inúmeras características em comum às arquiteturas moderna e contemporânea, mas agora vamos ver duas casas modernistas, uma por fotos e a outra por vídeo:
Residência Max Define (1976) - Arquiteto Eduardo Almeida:
Fonte: https://www.arquivo.arq.br/residencia-max-define
Residência Taques Bitencourt (1959 e restaurada para venda) - Arquiteto Vilanova Artigas:
Vejamos alguns vídeos com exemplos de casas contemporâneas muito bem pensadas e integradas à natureza. Percebam a conexão que elas têm com as casas modernistas:
Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/
Após análise da parte histórica e conceitual pudemos perceber o quanto a arquitetura contemporânea se aproxima da arquitetura moderna brasileira.
Propositalmente escolhi residências modernas e contemporâneas que priorizam a integração com a natureza.
Espero que tenham gostado e conseguido captar tudo isso! hehe
Abraços e até a próxima publicação.
Ricardo Cunha - Arquiteto
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