Floripa News
Cota??o
Florian?polis
Twitter Facebook RSS

Jazz! Americano? Europeu?

Publicado em 11/10/2020 Editoria: Entrevista Comente!


Acervo pessoal do autor.

Acervo pessoal do autor.

Jazz! Americano? Europeu?

 

Com o título de fenômeno cultural mais significativo da música contemporânea o jazz tem origem na última década do século XIX com os negros africanos chegando ao sul dos Estados Unidos para trabalharem em colônias francesas. Também podemos mencionar o jazz europeu que acontece mais tarde. Segundo o historiador Eric J. Hobsbawm “O jazz surgiu no ponto de intersecção de três tradições culturais europeias: a espanhola, a francesa e a anglo-saxã” (2009, p.61). A cidade de New Orleans acolhe a origem do jazz conforme afirma o historiador:

New Orleans pode arrogar-se o título de berço do jazz, contra todos os outros postulantes. Pois foi lá, e só lá, que a banda de jazz surgiu como fenômeno de massa. A extensão disso é indicada pelo impressionante fato de que essa cidade, de mais ou menos 89 mil habitantes negros – o tamanho de Cambrige – contava, em 1910, com pelo menos trinta bandas, cuja reputação sobreviveu até nossos dias. A primazia de New Orleans não pode ser questionada. Em nenhum outro lugar havia músicos de jazz nascidos já em 1870, como Bunk Johnson (trompete), Alphonse Picou (clarinete), ou Manuel Perez (trompete), isso sem falar do legendário Buddy Bolden, que liderou a primeira banda de historicamente registrada, por volta de 1900. (HOBSBAWM, 2009. p. 69).

Primeiramente o jazz não foi uma música titulada como jazz, mas anunciada como música improvisada. A importância do jazz na música ocidental contemporânea é equiparada ao sentido de fundamento para as ideias musicais do presente. De forma genuína o jazz influenciou desde a maneira de tocar até o que tocar, bem como, foi o responsável pela aparição da música comercial num contexto geral. Falar de jazz não é tarefa fácil, pois podemos voltar o nosso olhar para um estilo/gênero ou pensar o jazz como uma espécie de forma/sotaque de tocar qualquer coisa – música clássica, barroca, religiosa, popular, e tudo mais. O aspecto do improviso na música é mais antigo do que a origem do jazz. Encontramos improvisação na música renascentista, barroca, clássica e profana onde podemos afirmar que o seu apogeu acontece no jazz.  

Um belo exemplo de jazz europeu é Ain’t Misbehavin, composição de Harry Brooks Fats Wallter e Andy Razaf tocado por Django Reinhardt ao violão, Stéphane Grappelli ao violino e banda! Duas razões me fazem sugerir esse tema: Reinhardt é o maior guitarrista de jazz do séc XX e a outra, porque há paralelos entre a origem do jazz nos Estado Unidos – as músicas cantadas pelos escravos negros enquanto trabalhavam nos campos de algodão do sul profundo e nascidas de rimos africanos - e o jazz Europeu – a música tocada em volta de fogueiras pelos ciganos.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=JGmAkFWD3PA

 

Curiosidade

Em novembro de 1928, Reinhardt sofre um grave acidente tendo a sua mão esquerda mutilada em um incêndio em sua própria casa. Ele perdeu os dois dedos – anular e mindinho – e o polegar ficou inutilizado. O que é surpreendente, pois Django desenvolveu uma técnica de tocar somente com dois dedos mudando o destino de abandonar a música. É um exemplo incrível! Confere esse vídeo que mostra exatamente a solução impressionante que ele desenvolveu:

Link: https://www.youtube.com/watch?v=aZ308aOOX04

 

Referências

MUGIATI, Roberto. Improvisando Soluções. Rio de Janeiro: Bestseller, 2008.

HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz. São Pulo: Paz e Terra, 2009.

 

Carlos Schrubbe

Carlos Schrubbe é Professor e pesquisador na área de Música. Formado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), é diretor executivo do Vila EnCantos Produções e ativista cultural em Blumenau, Santa Catarina. Foi diretor de cultura da Fundação Cultural de Blumenau de 2014 a 2016. Schrubbe iniciou os estudos de violão aos seis anos de idade, trabalhou por dois anos como professor na Escola de Música do Teatro Carlos Gomes. Foi professor e diretor do Centro Cultural da Vila Itoupava, onde aplicou projetos educacionais de música, dança e teatro em um espaço museológico. Em 2014, foi reconhecido, pela Academia Catarinense de Letras e Artes, como Personalidade Musical do Ano, no estado de Santa Catarina. Hoje, além da atividade empresarial, atua como guitarrista do grupo Vila Bossa Jazz, é barítono no coro de câmara Vocal Consort Blumenauensis e se dedica à pesquisa e à performance bem orientada dos períodos barroco e clássico ao violão, fundindo os resultados nas execuções de jazz.

 

Maiores informações no instagram: @clubedojazzsc

 

 

 

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

Comentários