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Nos garimpos da linguagem.

Publicado em 10/10/2020 Editoria: Gramática Comente!


Nos garimpos da linguagem 

                                           

Caro leitor:

Uma pequena amostra do que você verá no meu livro Aspectos práticos de redação e revisão, a ser lançado brevemente.

 

Algumas dificuldades da Língua Portuguesa:

 

01.      Emprego de mais e mas

• Emprega-se mas como sinônimo de porém (conjunção adversativa, que introduz uma oração com ideia contrária à da oração anterior):

Ex.:     Estudei, mas não aprendi. Gostaria de viajar, mas agora não tenho férias.

• Emprega-se mais como o contrário (antônimo) de menos (advérbio):

Ex.:     Ande mais depressa (menos depressa). Leia mais alto (menos alto).

 

02.      Emprego de mau e mal

• Emprega-se mau como contrário (antônimo) de bom (adjetivo):

Ex.:     Dispenso o seu mau conselho (bom conselho). Ele tem maus hábitos (bons hábitos).

• Emprega-se mal como contrário (antônimo) de bem (advérbio):

Ex.:     Ele está mal acostumado (bem acostumado).

 

03.      Emprego de por que, porque, porquê e por quê

• Emprega-se por que (separado e sem acento):

 a) Quando se trata de pergunta (equivale a por qual - preposição+pronome):

Ex.:     Por que não vieste ontem? Será por que ele agiu assim?

 

b) Quando puder ser substituído por pelo qual, motivo pelo qual e por qual razão:

 Ex.:     Este é o motivo por que (pelo qual) não pude vir.

 

• Emprega-se porque quando se trata de conjunção subordinativa causal (mais em resposta):

Ex.:     Estou atrasada porque acordei tarde. Não saí porque não quis.

 

Quebra cabeça: Tente explicar por que o 2o. porque da linha seguinte é junto, numa frase interrogativa: Não me receberam por quê? Porque não sou rica?

Emprega-se porquê (junto, com acento) quando substantivo (sempre com artigo - o, os, um uns), como sinônimo de razão, motivo, causa:

Ex.:     Não sei o porquê da tua aflição. Cite os porquês desta decisão absurda.

 

Obs.: Por quê (separado, com acento) é o mesmo caso da letra a, mas em final de frase:

Ex.:     Você não veio, por quê? Está aborrecido? Por quê?

 

04.      Emprego de onde e aonde

• Emprega-se onde quando o verbo não é de movimento:

Ex.:     Onde está o livro? Eles residem onde?

• Emprega-se aonde quando o verbo é de movimento: Ex.: Aonde vão vocês?

Ex.:     O cão desapareceu da clínica, aonde fora levado para tratamento.

 

05.      Emprego de e a

• Emprega-se (verbo) quando a ideia for de passado e puder ser substituído por faz:

Ex.:     Cheguei pouco tempo (cheguei faz pouco tempo).

• Emprega-se a (preposição) quando a ideia for de futuro (não equivale a faz):

Ex.: O jantar será servido daqui a 10 minutos. Daqui a pouco chega o jornal.

• E ainda em distância, tempo e equivalentes:

Ex.:     A capela fica a dez passos daqui. O segundo colocado ficou a dois segundos da vitória.

O vice ficou a 200 votos da vitória.

 

06.      Cerca de e acerca de

A primeira significa aproximadamente:

Ex.: Cerca de mil pessoas encomendaram este produto.

• Acerca de significa sobre, a respeito de:

Ex.:     Falávamos acerca de política (sobre política).

Atenção: Não confundir HÁ CERCA DE (faz aproximadamente) com ACERCA DE (sobre, a respeito de)

 

07.      Emprego de por isso 

• Não existe a forma porisso, é sempre separado:

Ex.:     É por isso (por esse motivo) que não gosto de aglomeração.

 

08.      Emprego de a par e ao par

• A par tem o sentido de ciente, sabedor, informado:

Ex.:     Estou a par do preço. Estás a par das tuas responsabilidades?

Ao par é termo das operações da bolsa: cotação ao par, câmbio ao par.

Ex.:     O câmbio esteve ao par no mês de maio. (ex.: um dólar igual a um real)

 

09.      Emprego de consigo

• Consigo não significa de uma pessoa a outra, mas com a própria pessoa.

Ex.:     A mãe levava consigo o filho pequeno. Ele levou consigo todo o dinheiro.

Nota: Embora de uso corrente em Portugal, aqui no Brasil sua redação levará risco vermelho se você escrever: preciso falar consigo. Use: com você, com o senhor, com a senhora, com Vossa Excelência, com Vossa Senhoria.

 

10.      Mim e Eu

• Em se tratando de sujeito do verbo, teremos de, forçosamente, utilizar o pronome reto (eu, tu, ele; nós, vós, eles). Há forma prática para identificar o pronome sujeito: quando vem antes do verbo no infinitivo, geralmente é sujeito, cabendo, portanto, o do caso reto:

Ex.:     Comprei este livro para eu ler. Este trabalho é para tu fazeres agora.

Nota: Dos pronomes do caso reto, só dois nunca podem vir regidos de preposição: eu e tu.

• É incorreto dizer entre eu e tu. Corrija-se: entre mim e ti. E também: entre você e mim; entre mim e ti; entre eles e ti.

 

11.      Emprego dos pronomes oblíquos o, a, os, as

  a) Sem alteração, quando o verbo termina em vogal: Chamei-os (chamei eles), viu-a (viu ela), leu-a (leu ela).

   b) Associados a formas verbais terminadas em r, z, s – os pronomes o, a, os, as          assumem as formas lo, la, los, las, caindo aquelas consoantes: Chamá-lo, fê-la, inquiri-los, distribuí-las, incluí-lo, destituí-la.

  c) Tomam as formas no, na, nos, nas quando associados a verbos terminados em m, ão, õe (sons nasais): Chamam-no (chamam ele); dão-na (dão ela); lavam-nos (lavam eles); trazem-nas (trazem elas); põe-na (põe ela).

 

Lia Leal

Escritora

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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