Caro leitor:
Uma pequena amostra do que você verá no meu livro Aspectos práticos de redação e revisão, a ser lançado brevemente.
Algumas dificuldades da Língua Portuguesa:
01. Emprego de mais e mas
• Emprega-se mas como sinônimo de porém (conjunção adversativa, que introduz uma oração com ideia contrária à da oração anterior):
Ex.: Estudei, mas não aprendi. Gostaria de viajar, mas agora não tenho férias.
• Emprega-se mais como o contrário (antônimo) de menos (advérbio):
Ex.: Ande mais depressa (menos depressa). Leia mais alto (menos alto).
02. Emprego de mau e mal
• Emprega-se mau como contrário (antônimo) de bom (adjetivo):
Ex.: Dispenso o seu mau conselho (bom conselho). Ele tem maus hábitos (bons hábitos).
• Emprega-se mal como contrário (antônimo) de bem (advérbio):
Ex.: Ele está mal acostumado (bem acostumado).
03. Emprego de por que, porque, porquê e por quê
• Emprega-se por que (separado e sem acento):
a) Quando se trata de pergunta (equivale a por qual - preposição+pronome):
Ex.: Por que não vieste ontem? Será por que ele agiu assim?
b) Quando puder ser substituído por pelo qual, motivo pelo qual e por qual razão:
Ex.: Este é o motivo por que (pelo qual) não pude vir.
• Emprega-se porque quando se trata de conjunção subordinativa causal (mais em resposta):
Ex.: Estou atrasada porque acordei tarde. Não saí porque não quis.
Quebra cabeça: Tente explicar por que o 2o. porque da linha seguinte é junto, numa frase interrogativa: Não me receberam por quê? Porque não sou rica?
Emprega-se porquê (junto, com acento) quando substantivo (sempre com artigo - o, os, um uns), como sinônimo de razão, motivo, causa:
Ex.: Não sei o porquê da tua aflição. Cite os porquês desta decisão absurda.
Obs.: Por quê (separado, com acento) é o mesmo caso da letra a, mas em final de frase:
Ex.: Você não veio, por quê? Está aborrecido? Por quê?
04. Emprego de onde e aonde
• Emprega-se onde quando o verbo não é de movimento:
Ex.: Onde está o livro? Eles residem onde?
• Emprega-se aonde quando o verbo é de movimento: Ex.: Aonde vão vocês?
Ex.: O cão desapareceu da clínica, aonde fora levado para tratamento.
05. Emprego de há e a
• Emprega-se há (verbo) quando a ideia for de passado e puder ser substituído por faz:
Ex.: Cheguei há pouco tempo (cheguei faz pouco tempo).
• Emprega-se a (preposição) quando a ideia for de futuro (não equivale a faz):
Ex.: O jantar será servido daqui a 10 minutos. Daqui a pouco chega o jornal.
• E ainda em distância, tempo e equivalentes:
Ex.: A capela fica a dez passos daqui. O segundo colocado ficou a dois segundos da vitória.
O vice ficou a 200 votos da vitória.
06. Cerca de e acerca de
•A primeira significa aproximadamente:
Ex.: Cerca de mil pessoas encomendaram este produto.
• Acerca de significa sobre, a respeito de:
Ex.: Falávamos acerca de política (sobre política).
Atenção: Não confundir HÁ CERCA DE (faz aproximadamente) com ACERCA DE (sobre, a respeito de)
07. Emprego de por isso
• Não existe a forma porisso, é sempre separado:
Ex.: É por isso (por esse motivo) que não gosto de aglomeração.
08. Emprego de a par e ao par
• A par tem o sentido de ciente, sabedor, informado:
Ex.: Estou a par do preço. Estás a par das tuas responsabilidades?
•Ao par é termo das operações da bolsa: cotação ao par, câmbio ao par.
Ex.: O câmbio esteve ao par no mês de maio. (ex.: um dólar igual a um real)
09. Emprego de consigo
• Consigo não significa de uma pessoa a outra, mas com a própria pessoa.
Ex.: A mãe levava consigo o filho pequeno. Ele levou consigo todo o dinheiro.
Nota: Embora de uso corrente em Portugal, aqui no Brasil sua redação levará risco vermelho se você escrever: preciso falar consigo. Use: com você, com o senhor, com a senhora, com Vossa Excelência, com Vossa Senhoria.
10. Mim e Eu
• Em se tratando de sujeito do verbo, teremos de, forçosamente, utilizar o pronome reto (eu, tu, ele; nós, vós, eles). Há forma prática para identificar o pronome sujeito: quando vem antes do verbo no infinitivo, geralmente é sujeito, cabendo, portanto, o do caso reto:
Ex.: Comprei este livro para eu ler. Este trabalho é para tu fazeres agora.
Nota: Dos pronomes do caso reto, só dois nunca podem vir regidos de preposição: eu e tu.
• É incorreto dizer entre eu e tu. Corrija-se: entre mim e ti. E também: entre você e mim; entre mim e ti; entre eles e ti.
11. Emprego dos pronomes oblíquos o, a, os, as
a) Sem alteração, quando o verbo termina em vogal: Chamei-os (chamei eles), viu-a (viu ela), leu-a (leu ela).
b) Associados a formas verbais terminadas em r, z, s – os pronomes o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las, caindo aquelas consoantes: Chamá-lo, fê-la, inquiri-los, distribuí-las, incluí-lo, destituí-la.
c) Tomam as formas no, na, nos, nas quando associados a verbos terminados em m, ão, õe (sons nasais): Chamam-no (chamam ele); dão-na (dão ela); lavam-nos (lavam eles); trazem-nas (trazem elas); põe-na (põe ela).
Lia Leal
Escritora
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)