Minha apresentação
Início do livro Ilha dos meus encantos, que poderá ser usada pelo Floripa News para apresentar-me aos seus leitores.
Pra começo de conversa
Vou logo me apresentar
Pra saberem quem sou eu
Que esta terra vem cantar.
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta ilha e
E não quero sair daqui.
Por signo tenho peixes
Que é também meu ascendente
Quem quiser me ver feliz
Me deixe lidar com gente.
Por sina zodiacal
A água é meu elemento
Amo o mar com todo tempo
Com sol, com chuva ou com vento.
Sendo assim predestinada
Só posso morar na Ilha
Pra viver de água cercada
Com cachorros e a filha.
A nadar aprendi cedo
Era ainda pequenina
De água não tenho medo
Mas respeito a Joaquina,
Que quase já me levou
Mar bravio com vagalhão
Foi Deus que me socorreu
Estendendo sua mão.
Nado de peito e de costas
Borboleta e cachorrinho.
Duas vezes do Campeche
Fui à ilha num pulinho.
Das leis e do ensinar
Tenho canudo na mão
Mas prefiro escrever
Pois o faço por paixão.
Sou cronista, faço contos
E verso do pé quebrado
Agora vou batalhar
Pra ver tudo publicado.
De Camões não tenho nada
Muito menos do Morais
Mas pra louvar minha Ilha
Meu talento satisfaz.
E assim dito e escrito
Vamos botar mãos à obra
Se vale amor e vontade
Esses dois tenho de sobra.
Paisagem do Sonho
Só quero que Deus me ajude
E me dê a sorte boa
Pra comprar terreno grande
Lá no morro da Lagoa.
A casa pode ser simples
Mas vidro vai ter bastante
Pra fazer de cada peça
O meu sonhado mirante.
Uma casa transparente
É meu sonho de ilhoa
Pra poder ver inteirinha
A minha linda Lagoa.
Em noite de lua cheia
Quero, mesmo de pijama,
Chegar a qualquer janela
E ver lindo panorama.
Nessas noites, coisa linda:
É vista pra deslumbrar
A luz fria prateando
As águas calmas do mar.
E quando mudar o tempo,
Com vento que tudo agita
Poderei ver bem nervosa
Minha paisagem bonita.
Talvez vocês não se lembrem
Por isso vou repetir:
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta ilha
E não quero sair daqui.
Paisagem da janela
Eu estou de bem com a vida
Nada dos outros invejo
Uns moram na Beira-Mar
Eu moro na Beira-Brejo.
Olhando pela janela
Vejo imensa vastidão
Avenida, passarela
E o Colégio do Simão.
Uma creche, uma gruta
Um campo de futebol
Muita gente na labuta
Nem mesmo nasceu o Sol.
Quando para o coletivo
Ouço do freio o chiado:
Desce um bando de escolares
E um bando de soldados.
Também desce a moça humilde
Que precisa trabalhar
Deixa o filhinho na creche
Quase noite vem buscar.
Vejo coisa, vejo gente,
Asa delta e passarinho
Vez por outra um acidente
Que causa um apressadinho.
Passeando na avenida
Há gente de todo jeito:
Moço, velho, gordo, magro
E atleta que estufa o peito.
Há moça fina, elegante
Passeando com cachorro
Se fico daqui distante
De saudade quase morro.
Faz tempo que não repito
Parece que esqueci:
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta Ilha
E não quero sair daqui.
Paisagem da alma
Um dia vem a saudade
E aporta aqui na Ilha
Olho tudo e vejo nada
Pensando na minha filha.
Que partiu já faz dois anos
Pra lá fora aventurar
Namora um americano
Nem sabe se vai voltar.
Lembro dela no colégio
No jardim e no prezinho
Também lembro suas zangas
Mas as lembro com carinho.
Às vezes até remorso
Me bate no coração
Pois nem sempre tive tempo
De lhe dar minha atenção.
Que bobagem pensar nisso
Culpar-me não leva a nada
Já fui pai e mãe sozinha
Não quero culpa dobrada.
Quem já sabia relembra
Quem não sabe vai ouvir:
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta Ilha
E não quero sair daqui.
Na beira da praia
Em Ingleses, no Santinho
Em Jurerê, Armação
No tempo de pesca farta
Que lindo ver arrastão!
O pescador musculoso
De tanta rede puxar
Trabalha pro seu sustento
Alegre trazer do mar.
Só quem já viu é que sabe
Quem não viu nem avalia
O peixe vivo pulando
Na areia, pura euforia!
O dono da rede comanda
A partilha com ciência
E se fecham muito a roda
Desafasta a assistência.
A moça compra tainha
O grisalho a quer ovada
Eu também separo a minha
Para assá-la recheada.
Voltam todos para casa
Peixe fresco na mochila
Sem grito nem empurrão
Sem grosseria na fila.
Assada, frita, ensopada
Seja em posta ou inteirinha
De todo jeito vai bem
A saborosa tainha.
Um pirão é a pedida
Para o peixe acompanhar
São delícias desta vida
De quem vive junto ao mar.
Farinha da boa mesmo
Só produzida em Barreiros
E se por acaso for pouca
Meu quinhão tiro primeiro.
A gente come e repete
Nem ao menos se encabula
Satisfaz o apetite
E vai além: cai na gula.
Não quero ser insistente
Mas volto a me repetir:
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta Ilha
E não quero sair daqui.
Vista geral da Ilha da Magia
Terra boa, hospitaleira
É mesmo esta nossa Ilha
Tem até arte rendeira
Que passa de mãe pra filha.
Tem Figueirense, Avaí
Boi de mamão, carnaval
Coisa linda de ser ver
São as luzes de Natal.
Praça Quinze tão famosa
Da figueira centenária
Com artesãos e velhinhos
E hippy com ar de pária.
Vez por outra uma turista
Corre ao redor da figueira
Acreditando na dita
Receita casamenteira.
Ao terminal que tem nome
De mulher: Rita Maria
Chega e sai nosso turista,
Dia e noite, noite e dia.
Se ele chega de avião
Mais a paisagem o seduz
Com tanta vista bonita
Como a ponte Hercílio Luz.
No verão vêm do Uruguai,
Do Paraguai, da Argentina
Vão à praia tão estranhos:
De short, meia e botina.
Comem muito chocolate
Muito pão e pouco arroz
E se o preço lhes convém
Pedem logo: dáme dos!
Vindos de todo o Brasil
Aqui chega o ano inteiro
Gaúcho, paranaense
Carioca, paulista e mineiro.
Muitos deles gostam tanto
Que nem mais querem voltar
Envolvidos pelo encanto
Da Terra de Sol e Mar.
Não fazemos distinção
Venham de longe ou de perto
Pois o ilhéu coração
A todos está aberto.
Vento sul e chuva fina
É difícil de encarar
Mas quase sempre faz sol
Na Terra de Sol e Mar.
Há lula, peixe, marisco
Moça linda, garotão
Jogando conversa fora
E comendo camarão.
Gente pobre, gente rica
No surfe, no futebol
Quanto mais a gente fica
Mais se quer ficar ao sol.
Parapente e jet ski
Mais voadora e veleiro
Embelezam nossas praias
Em passeio domingueiro.
Para quem gosta e tem tempo
É só jogar a puçá
Do cais, da praia ou da ponte
Pra muito siri pescar.
Ir à Costa só de barco
A cavalo ou de canoa
Quem tiver um bom preparo
Ir a pé é uma boa.
Pela trilha belas coisas
Por certo que achará
Avencas e samambaias
E ar bom pra respirar.
Se há cascata por perto
Com certeza há borrachudo
Mas não me importo, eu os mato
Ou me protejo com tudo.
Já começo a falar mal
Da nossa Ilha Faceira
É bom parar por aqui
Antes que faça besteira.
Não poderia encerrar
Sem voltar a repetir:
Sou nascida em Osório
Criada em Itajaí
Vou vivendo nesta Ilha
E não quero sair daqui
Gosto demais desta terra
E dela não abro mão:
Não sou ilhoa nativa
Mas o sou de coração.
Este livro tem potoca
Tem história verdadeira
De moça que quer motoca
De gente namoradeira.
De gente séria e honrada
De um tudo eu escutei
Não poderia faltar
Alguma história de gay.
Se é verdade ou se é mentira
Não cabe a mim comprovar
Seguindo a minha vontade
Os tais casos vou narrar.
Creia ou não, caro leitor,
Dentre tudo que lhe digo
Alguns dos casos, porém,
Aconteceram comigo.
E quem mais quiser saber,
Leia o livro co’atenção
E passear aqui venha
Sem escolher estação.
Leve livros de presente
Pra sua gente querida
Eles vão ficar contentes
E eu, muito agradecida.
Deixo agora de rimar
E entro direto na prosa.
Espero que vocês gostem.
Assinado: Lia Rosa.
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)