Patrícia Aristimunha abriu a programação de palestras do segundo dia do Simpósio (Foto – Junior Duarte)
Patricia Aristimunha palestrou sobre os desafios e alternativas para a produção de matrizes livres de promotores de crescimento (AGP) no 12º Simpósio Técnico de Avicultura
Os desafios que envolvem a restrição e eliminação do uso de promotores de crescimento (AGP, na sigla em inglês) - antibióticos na dieta dos animais, que melhoram a conversão alimentar – em matrizes foram o tema da primeira palestra técnica do 12º Simpósio Técnico de Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição, promovido pela Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), nesta quarta-feira, em Florianópolis.
Segundo a gerente de serviços técnicos da Kemin América do Sul e doutora em Produção e Nutrição de não ruminantes pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Patrícia Aristimunha, o Brasil tem hoje uma oportunidade ímpar para conhecer alternativas aos antibióticos, experimentar e ir se adaptando de forma gradual. O Brasil é atualmente o terceiro maior consumidor de antibióticos em animais, atrás da China e dos Estados Unidos. "Minha posição técnica é que podemos conhecer alternativas para nos adaptarmos aos poucos, diferentemente do que ocorreu na Europa, que precisou se adaptar à legislação de forma brusca", explicou.
Desde 2006 o uso de antibióticos em dietas de animais é banido em toda a União Europeia. A alteração na legislação, feita sem um período de transição, causou impactos na agroindústria do continente europeu. Apesar de ter havido redução da resistência bacteriana, ocorreu aumento do custo da produção, da idade de abate, do uso terapêutico de antibióticos, entre outras consequências.
O assunto é central hoje porque vários países restringem ou proíbem o uso de AGP – além de o mercado consumidor demandar o mesmo. Em 2007, o México baniu os AGPs, em 2011 foi a vez da Nova Zelândia e da Coreia do Sul. Em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial para Sanidade Animal (OIE, na sigla em inglês) lançaram um programa global para a resistência antimicrobiana, a seguir os Estados Unidos lançaram o próprio programa a respeito. No Brasil, o Ministério da Agricultura (Mapa) começou a elaborar legislações para retirada de AGPs em 1998. Em 2017, o Mapa lançou o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Resistência a Antimicrobianos na Agropecuária
Fora as restrições da legislação, há outro fator que torna a discussão fundamental: a efetividade dos promotores de crescimento vem se reduzindo muito nas últimas décadas. Segundo dados apresentados pela pesquisadora, em 1980, uma ave que usava AGP tinha um crescimento 4% maior na comparação com um animal sem uso. Já nos anos 2000 esse número havia se reduzido para 0,7%.
No entanto, a produção livre de antibióticos na dieta dos animais exige estratégias: de gestão de áreas, de biosseguridade – da fábrica à ave –, nutricionais, assim como um programa preventivo de gestão de saúde. "O mais importante é conhecer o desafio e montar estratégia envolvendo todos os setores de forma holística", disse Patrícia. A base, explicou, é usar controlador de gram positiva e um agente que melhore a capacidade de absorção do intestino.
› FONTE: Marcos A. Bedinc- Jornalista