Dados do IBGE revelam que em Santa Catarina 21% da população possui algum tipo de deficiência visual. São pessoas que vivem em uma sociedade que não está adaptada aos conceitos de acessibilidade. Com o intuito de trazer inclusão social o "Projeto Releituras" realiza a gravação de audiolivros de literatura brasileira e catarinense em formato de radionovelas. A iniciativa, que é inédita e não possui fins lucrativos, busca voluntários para destinar sua voz para fazer o bem e parceiros para viabilizar a iniciativa.
A autora do projeto é Maria de Fátima Medeiros e Silva, graduanda do curso de letras português na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professora particular de línguas (inglês e holandês). Diagnosticada com "degeneração de córnea" Fátima buscou na iniciativa a solução para ajudar pessoas que, como ela, precisam de uma atenção melhor por parte do Estado e da sociedade. "Ao tentar escutar um audiolivro achei enfadonho, foi aí que lembrei das antigas radionovelas e a emoção que passavam", afirma.
Após uma pesquisa de campo sobre as necessidades e dificuldades das pessoas de baixa visão e cegas, Fátima decidiu criar o "Projeto Releituras, Audiolivro para Deficientes Visuais" em outubro de 2017. Com o crescimento da iniciativa a autora foi descobrindo que muitos outros grupos poderiam se beneficiar, como pessoas com deficit de atenção, dislexia, analfabetos, idosos e crianças.
Como ajudar
Além de Fátima, uma equipe de 158 voluntários se mobiliza para as gravações. Para participar é necessário apenas um pré-requisito: vontade de ajudar ao próximo. Como os participantes não são profissionais algumas oficinas preparam as vozes. São realizadas aulas de Leitura, Cênicas, Locução, Dicção e Ensaios Gerais, sempre por profissionais da área. No momento os encontros ocorrem aos sábados no Auditório da Biblioteca Universitária (UFSC) em dois horários, às 9h e às 14h. Os novos voluntários podem se cadastrar a qualquer momento no facebook.com/projetoreleiturasaudiolivro. A necessidade maior é de vozes masculinas.
Em agosto o projeto entrou na fase de gravação dos primeiros textos. Nesta etapa, o trabalho necessita uma estrutura com salas e equipamentos de gravação e edição que permitam finalizar os audiolivros. "Atualmente usamos locais emprestados, que exigem dos voluntários a utilização de recursos próprios para participar das oficinas. Nossa maior necessidade neste momento é ter um local para gravação", afirma Fátima.
O estágio seguinte é a disponibilização do material em formato MP3 para bibliotecas de universidades e escolas públicas. A última etapa é o sorriso e a atenção de quem pode se sentir realmente incluso e ter a possibilidade de conhecer o trabalho de autores catarinenses e brasileiros. "É magnífico, doar a voz para que os outros possam enxergar é como doar sangue para salvar uma vida", conclui Fátima.
Serviço
O quê? Encontros Projeto Releituras, audiolivros para deficientes visuais
Quando: Sábados em dois horários 9h e 14h
Onde: Biblioteca Universitária (Campus UFSC Trindade)
Inscrições e informações: facebook.com/projetoreleiturasaudiolivro
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)
