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Dia Mundial dos Oceanos reacende debate sobre necessidade de preservar áreas marinhas

Publicado em 08/06/2018 Editoria: Meio Ambiente Comente!


A unidade de conservação receberá o nome de Parque Estadual Marinho do Naufrágio Queimado devido à embarcação que se encontra naufragada no local / Foto: Divulgação

A unidade de conservação receberá o nome de Parque Estadual Marinho do Naufrágio Queimado devido à embarcação que se encontra naufragada no local / Foto: Divulgação

A beleza dos recifes de corais enche os olhos de quem tem a chance de mergulhar e ver de perto as imensas formações coloridas que abrigam inúmeras outras espécies de seres vivos. As estruturas recifais estão entre os mais antigos e ricos ecossistemas da Terra, e possuem uma importância ecológica, social e econômica incontestável: protegem a costa contra as ondas, evitando a erosão; são fontes de alimento, abrigo e proteção para cerca de um milhão de espécies marinhas; e contribuem para a geração de renda da população por meio da pesca e da indústria do turismo.

Por toda essa relevância, 2018 foi eleito o ano Internacional de Recifes de Coral. Esta é a terceira vez que o ecossistema ganha destaque. O primeiro foi comemorado em 1997, com o objetivo de chamar a atenção para o aumento das ameaças e degradação desse ecossistema e, 21 anos depois, o foco ainda é o mesmo.

Pelo esforço em manter esses ambientes conservados, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza tem apoiado diversos projetos e ações pelo País que beneficiam as áreas costeiras e marinhas. Neste ano, por exemplo, uma dessas iniciativas que tem foco nos oceanos - principalmente, nos recifes de coral - deverá ser concluída. O projeto tem como objetivo a criação de uma unidade de conservação marinha, desta vez na região da Paraíba: o Parque Estadual Marinho do Naufrágio Queimado.

O objetivo é conservar o patrimônio natural e cultural resguardado nos ecossistemas recifais da costa paraibana, possibilitando o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza, o turismo ecológico, a interpretação ambiental e as pesquisas científicas. A unidade também foca na recuperação dos estoques pesqueiros do Estado, contribuindo para a manutenção da pesca artesanal na plataforma continental paraibana. “Nosso País tem uma riqueza imensa de espécies nos oceanos, muitas ainda desconhecidas. Precisamos de projetos como esse para mostrar o valor desses ecossistemas e embasar políticas públicas que garantam a sua proteção, trazendo benefícios ambientais, econômicos e sociais”, define a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.

Durante a realização das pesquisas, o responsável técnico do projeto, Bráulio Santos, e uma equipe de pesquisadores percorreram 1.800 quilômetros da costa paraibana para mapear as informações recifais do estado. O resultado foi a descoberta de variadas formações localizadas a mais de 30 metros de profundidade e uma biodiversidade impressionante. “O Naufrágio Queimado, por exemplo, é a única embarcação com caldeiras retangulares construída na história da navegação mundial cuja localização é conhecida. No mundo inteiro não há uma embarcação naufragada com essas características, o que merece seu devido valor. Além disso, o local abriga uma vida marinha fantástica”, reforça Santos.

Diversas espécies ameaçadas e endêmicas foram encontradas - entre macroalgas, esponjas, corais, peixes, quelônios (tartarugas-marinhas) e mamíferos marinhos - e, segundo o pesquisador, novos estudos devem revelar uma diversidade biológica ainda maior. “Ao todo, 193 países já decidiram conservar 10% do ambiente marinho até 2020. A Paraíba, hoje, tem 0,5% da plataforma continental conservada, um valor muito pequeno para uma riqueza ambiental imensa. Com a criação dessa unidade de conservação, a área passaria para 10,7% no Estado, e o mais importante, a proteção será realizada na região do Estado que concentra ameaças humanas e oportunidades de conservação, não em regiões remotas do mar paraibano.”, comemora o pesquisador.

Investimento ainda é tímido nos oceanos brasileiros

No Brasil, o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais), criado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), contempla 52 espécies ameaçadas de extinção e visa melhorar o estado de conservação dos ambientes coralíneos, contando com a redução dos impactos causados pela ação do homem, a ampliação da proteção e do conhecimento sobre essa formação marinha, e a promoção do uso sustentável e da justiça socioambiental.

Os recifes de coral da costa brasileira estão distribuídos em, aproximadamente, três mil quilômetros, sendo as únicas formações recifais do Atlântico Sul. Por toda essa área existem unidades de conservação nas esferas federais, estaduais e municipais que protegem apenas uma parcela desses ambientes. A criação de novas áreas protegidas é essencial para conservação desses ecossistemas sensíveis.

Outras ações também são necessárias para combater as maiores ameaças aos recifes de coral, como a pesca predatória, a poluição das águas, o desenvolvimento costeiro desordenado, o assoreamento dos rios, além das mudanças climáticas que alteram as condições químicas e físicas da água.

 

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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