No ano de 2013, no Brasil, foram assassinados 313 membros da comunidade LGBT, segundo pesquisa do Grupo Gay Bahia (GGB), ou seja, um assassinato há cada 28 horas. Se compararmos nossos números com os do Chile, que teve apenas quatro assassinatos de transexuais, travestis, lésbicas, bissexuais ou gays no mesmo período, podemos perceber que crimes ligados à homofobia acontecem 80 vezes mais no Brasil que no país vizinho.
Crimes realizados por razões homofóbicas são feitos por pessoas que sentem antipatia, desprezo, preconceito, aversão e, até mesmo, medo, por homossexuais, bissexuais, travestis e transgêneros. Ao longo dos anos, a mídia brasileira expôs muitos casos de agressões físicas e verbais cometidas por pessoas que possuem a percepção de que a orientação não heterossexual é negativa e “errada”.
Segundo pesquisa de cunho psicológico, a homofobia pode estar ligada a um sentimento reprimido que o agressor possui. Por exemplo, homens que foram criados em lares machistas, opressores e homofóbicos possui grandes chances de se descobrirem homossexuais, com o passar do tempo. Em um estudo, em que os pesquisadores analisaram as diferenças entre o que as pessoas dizem sobre sua orientação sexual e sua orientação verdadeira (baseando-se em reações que os pacientes apresentaram), foi possível perceber duas coisas. A primeira é que os participantes que possuíam pais mais abertos e compreensivos estavam mais em contato com sua orientação verdadeira, seja o indivíduo hetero ou homeafetivo. A segunda constatação foi a de que os filhos de pais conservadores apresentavam desejos homossexuais, porém escondiam isso, e, muitos, possuíam tendência a um comportamento homofóbico.
Segundo o psicólogo João Alexandre Borba, quem agride o próximo por ter convicções diferentes das suas, é porque não tem maturidade para sustentar suas próprias convicções. Ou seja, muitas vezes, ao agredir o outro por ele ser diferente de si, é provável que você seja mais parecido com ele do que pensa.
Borba afirma que teve um paciente com um caso evidente de repressão de sentimentos. “Ele agredia homens que mostravam afeição por outros rapazes, e sempre demonstrava muita raiva ao falar sobre isso. Após algum tempo, eu sugeri que essas reações eram uma negação de seus desejos; ele se ofendeu e demorou um mês para voltar a se consultar comigo”, conta o psicólogo.
Um mês depois do ocorrido, entretanto, o paciente retornou ao consultório, para dizer que havia “ficado” com um amigo, e não sabia o que fazer com isso. “Hoje, anos depois, eles namoram. Meu paciente está feliz e parou de agredir a si mesmo e aos outros homens”, explica o profissional.
O especialista afirma que a partir do momento em que as pessoas passam a se aceitarem verdadeiramente, a violência acaba e o respeito e a compreensão ao próximo passam a tomar lugar da antiga raiva contida, afinal, só podemos oferecer respeito quando antes o auto respeito acontece.
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)