A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) o Manual de Apoio ao Paciente com Câncer. O evento ocorreu na última sexta-feira (15), no Auditório Antonieta de Barros, no Palácio Barriga Verde, na presença do presidente do Parlamento estadual, deputado Silvio Dreveck (PP), e do médico oncologista Drauzio Varella, que proferiu palestra sobre câncer após o lançamento da publicação. O presidente da Comissão de Saúde da Alesc, deputado Neodi Saretta (PT), e representantes da Secretaria de Estado do Câncer e da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) em Santa Catarina também participaram do evento.
O manual apresenta de forma objetiva e com linguagem fácil toda a legislação voltada à pessoa com câncer. Ele faz parte da campanha institucional da Assembleia, denominada “Câncer. Você não está sozinho nesta luta”, que busca informar os pacientes e seus familiares sobre toda a legislação federal, estadual e municipal que assiste os portadores da doença.
“O objetivo da Assembleia é conscientizar e mostrar às pessoas que têm câncer e a seus familiares que eles têm uma série de direitos, como isenção de impostos, saque do FGTS, quitação de imóveis, entre outros”, afirmou Dreveck. “Sabemos que isso não resolver todo o problema relacionado ao câncer, mas ajuda na parte financeira, que muitas vezes fica fragilizada quando alguém está com essa doença.”
Dreveck entregou uma das primeiras cópias da cartilha para a secretária da RFCC em Santa Catarina, Maria Círia Aragão Zunino. O manual será distribuído em todo o estado e também pode ser consultado no site oficial da campanha.
Drauzio Varella parabenizou a Assembleia pela iniciativa. Ele afirmou que a legislação sobre o câncer é desconhecida por praticamente todos os pacientes e os médicos, em geral, sabem pouco sobre essa legislação. “Não é nenhum favor o que essa cartilha faz, não é caridade. São direitos que tem que ser exercidos e respeitados”, comentou o médico.
Incidência
Santa Catarina é um dos estados brasileiros com maior incidência de câncer. Entre os homens, ocupa a segunda posição no ranking de casos; entre as mulheres, está em terceiro. Para Varella, essa incidência maior pode estar ligada a vários fatores, como um sistema de detecção da doença mais avançado, quando comparado com outros estados; a colonização alemã, com a prevalência de pessoas de pele clara, mais sujeitas a câncer de pele; além do trabalho na agricultura, que ocasiona maior exposição ao sol.
Para o médico, um dos principais problemas relacionados ao câncer na rede pública de saúde atualmente é a demora no diagnóstico. “Uma mulher percebe hoje que tem algo no seio e só consegue uma mamografia daqui a meses, e depois demora mais um tempo para conseguir agendar consulta com o médico”, comentou.
Ele também alertou para o encarecimento do custo de tratamento da doença. Enquanto os primeiros medicamentos voltados ao câncer custavam em média 100 dólares por ciclo de tratamento, atualmente as drogas mais modernas chegam a 10 mil dólares por ciclo.
“Não tem como pagar essa conta. O SUS não dá conta, os planos de saúde também não”, disse. “O Brasil precisa de uma política de saúde permanente, precisa fabricar esses medicamentos. Não dá para transformar o Ministério da Saúde e as secretarias de Saúde em moeda de troca. Não se pode nomear e trocar os cargos desses setores por critérios políticos, conforme os interesses de quem está no poder.”
Palestra
Durante pouco mais de uma hora, Drauzio Varella tratou da evolução do tratamento do câncer. Comentou que boa parte dos tipos dessa doença, se diagnosticados em tempo, são tratáveis e controláveis ou podem garantir uma convivência com o câncer, com qualidade de vida, por muitos anos.
“O câncer é um inimigo que está dentro de nós. Diferente dos vírus e das bactérias que transmitem doenças e invadem nosso corpo, o câncer está sempre com a gente”, explicou.
O médico listou os vários fatores de risco para a doença. O principal é o cigarro. “As pessoas acham que o tabagismo causa apenas câncer de pulmão, mas esse é apenas um tipo”, disse. “O cigarro devasta o organismo, se espalha pelo corpo todo. É um erro que não podemos cometer.”
O consumo de álcool e alguns vírus, como o HPV, também estão relacionados com a incidência da doença. Mas, nos últimos anos, dois outros fatores ganharam importância: a obesidade e a vida sedentária. “É a tragédia da vida moderna”, resumiu. Varella insistiu na importância da prática de atividades físicas com regularidade e da alimentação balanceada como instrumentos essenciais para a prevenção do câncer.
› FONTE: Marcelo Espinoza - AGÊNCIA AL