Arroz, verduras, legumes. O que sobra da alimentação da criançada da Creche Municipal de Florianópolis Lausimar Maria Laus, no Rio Vermelho, tem como destino o galinheiro montado na unidade, que é habitado por três galinhas, um galo e dois pintinhos. Uma forma de reaproveitar os 40 quilos produzidos diariamente de resíduo orgânico.
Os estercos das aves passaram a enriquecer a horta da creche. Houve melhora na produtividade e na qualidade do solo, e menos impacto ao meio ambiente. Além disso, permite que a terra retenha mais água, assim, as plantas sofrem menos em período de estiagem. Na horta, que existe desde 2012, há alface, pimentões, morango, feijão, abóbora, cebolinha, cenoura, melissa, boldo.
O projeto, coordenado pelo professor de educação física Nado Gonçalves, com o apoio de outros profissionais, como da professora Patrícia Machado, ganhou um novo reforço. Parte das 279 crianças da instituição, reabastecem os recipientes de água e milho dos animais, recolhem os ovos e transferem a terra adubada para a horta.
No entanto, conforme Nado Gonçalves, mais do que desenvolver tarefas, a interação com as aves tem alimentado o encantamento e o respeito das crianças pela natureza. Esse contato direto, explica, mexe com as sensações lúdicas das crianças que entram no jogo de imitação, no jogo de pegar e correr para não ser pego, de enfrentar os animais. “Tudo isso as desafia a superar seus medos”.
Em seus momentos de contemplação e pesquisa, as crianças observam o movimento das aves. O sobe e desce de seus poleiros, o ciscar no chão e o cacarejar, que provoca risos nos pequenos. Em momento de carinho, de colo em colo, as galinhas, o galo e os pintinhos passeiam pelos braços da criançada.
Todos “descobrem” ou “redescobrem” identificações. Que os bichos fazem muitas coisas iguais a eles: comunicam-se, comem, caminham, pulam, cantam, bebem água, precisam de cuidados.
Com atitude de respeito e cumplicidade, meninos e meninas constroem uma nova imagem do animal que já não é mais aquele que chega à mesa em forma de empanado, mas o bicho que brinca com eles no “quintal da creche” numa interação que educa e diverte.
Conforme o professor de educação física, essa relação abre espaço também para as aventuras das crianças que tentam jogar um punhado de areia nos bichos e alcançá-los com um galho do lado de fora do galinheiro. Mas, ao mesmo tempo sensibiliza o grupo, que ao ouvir a galinha emitir sons ao ter seu ovo recolhido, solicita: “Prof! Devolve o ovo dela, ela tá chorando!”
› FONTE: Assessoria de Comunicação da PMF