Lideranças indígenas da comunidade do Morro dos Cavalos participaram na manhã desta terça-feira (28), de audiência pública no Senado, em Brasília, para denunciar os crimes contra a comunidade e as agressões sofridas pela indígena Ivete de Souza, 59 anos, que teve a mão esquerda decepada por golpes de facão no começo de novembro. Os indígenas, que defendem a demarcação de suas terras em Palhoça (SC), têm sofrido constantes agressões. A procuradora da República Analúcia Hartmann, do Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF/SC), visitou Ivete, que está se recuperando, na comunidade Guarani Mbya na segunda-feira e conversou com lideranças locais.
Na audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado nesta terça-feira, de cerca de uma hora e 20 minutos, a ex-cacica Eunice Kerexu Antunes, filha de Ivete, disse que a comunidade do Morro dos Cavalos tem sofrido atentados desde 2012. Também participaram da audiência Rogério Navarro, subprocurador-geral da República; Elizete Antunes, cacica Yakã Porã do Território Indígena Morro dos Cavalos; e Vanderlei Gonçalves, liderança do Território Indígena Morro dos Cavalos. A audiência pública está disponível na íntegra no site do Senado: http://legis.senado.leg.br/comissoes/reuniao?reuniao=7007&codcol=834
Na visita dessa segunda-feira (27), à comunidade do Morro dos Cavalos, a procuradora Analúcia Hartmann ouviu das lideranças Guarani que as agressões e ameaças contra os indígenas não pararam. Geralmente à noite pessoas não identificadas disparam tiros, xingam e gritam palavrões na entrada da aldeia. Conforme relato à procuradora, a comunidade, onde moram cerca de 300 pessoas, continua apreensiva e se sente abandonada em relação à apuração dos crimes. Vigílias, com apoio de voluntários, têm sido feitas diariamente para proteger a comunidade.
Neste último fim de semana a comunidade da área próxima à Escola Indígena Itaty, à margem da BR-101, no Morro dos Cavalos, recebeu 24 de um total de 35 postes de iluminação do projeto Litro de Luz. A aldeia terá iluminação diariamente no período noturno do projeto alternativo que utiliza painéis solares, lâmpadas de led, uma bateria de sete amperes, canos de PVC e garrafas pet de dois litros. Uma câmara de vídeo online, segundo a comunidade, também deverá ser instalada em breve para identificar agressores.
› FONTE: Assessoria de Comunicação do MPF/SC