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Morre o comunicador, Antunes Severo

Publicado em 23/11/2017 Editoria: Florianópolis Comente!


Antunes Severo / Foto: Charles Guerra - Agência RBS

Antunes Severo / Foto: Charles Guerra - Agência RBS

Antunes Severo faleceu em Florianópolis, nessa quarta-feira (22), aos 85 anos. Casado com Nivalda Severo por 60 anos. Pai de cinco filhos, tinha sete netos e quatro bisnetos. O corpo de Severo foi enterrado no Cemitério Jardim da Paz. Severo faz parte não só da história do rádio em Florianópolis como do desenvolvimento da comunicação até os dias atuais. 

História

Nascido no arroio do Itapevi, interior do Rio Grande do Sul, no dia 2 de agosto de 1932, Eurides Antunes Severo veio de uma família de pouquíssimos recursos financeiros e passou por dificuldades inimagináveis. Teve o pai assassinado antes mesmo dele nascer. Foi tirado da mãe e viveu de favor na casa de parentes. Fez trabalhos forçados para ajudar na renda da família, cresceu sem estudo, sem cidadania, sem ao menos um documento que o identificasse.

Foi aprender a ler apenas ao se aproximar da maioridade. Mas ali já conhecia um aparelho que iria mudar a sua vida e que virou motivo de tanta obstinação: o rádio. Aos 20 anos, entrou para a Escola de Sargentos das Armas e dali foi morar em Três Corações, no interior de Minas Gerais.

Nenhum obstáculo econômico ou social era maior do que seu sonho de trabalhar no rádio. E assim, como militar, começou a carreira de radialista ao apresentar o show de calouros da ZYK-6 Rádio Clube de Três Corações. Deixou a carreira militar em 1953 e um mês depois começou a trabalhar na Rádio Rio Negro, na divisa do Paraná com Santa Catarina.

De autodidata a mestre

O início difícil fez com que aquele jovem garoto do interior gaúcho se transformasse em um autodidata. Aprendeu a ler aos 17 anos e daí sempre buscou se superar. Realizou exames do Supletivo com 30 anos de idade e conseguiu passar no vestibular da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) aos 32 anos para cursar Administração. Não parou mais. Buscou também a carreira acadêmica, se especializou, se tornou professor universitário e em 2001 recebeu o título de Mestre em Administração e Gestão Estratégica de Empresas.

Colecionador de amigos e fãs, Antunes Severo tornou-se mais do que um guru da comunicação no sul do país. É um empreendedor nato, um exemplo de ousadia e abnegação.

“Eu sou alguém que tinha tudo para dar errado e ainda assim deu certo, e é por isso que tive a coragem de compartilhar a minha história, na esperança de que ela convença um leitor desanimado a não abrir mão do seu sonho e da sua vocação”, resumiu no momento do lançamento do livro que contou sua história, “O menino do arroio Itapevi”, escrito pela jornalista Ana Lavratti.

De 1976 a 2004 lecionou matérias das áreas de comunicação e marketing, nos níveis de graduação e pós, nas universidades do Estado de Santa Catarina, Regional de Blumenau, Federal de Santa Catarina e Única da Fundação de Estudos Superiores de Administração e Gerência.

Na sua lista de conquistas estão o título de melhor Animador de Rádio do Paraná e a criação da agência de publicidade A.S. Propague, uma das primeiras do sul do país e atualmente uma das mais conceituadas do Brasil. Também foi professor universitário, executivo da comunicação, secretário de Estado da Comunicação Social de Santa Catarina, fundador da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB-SC), autor de livros, primeiro presidente do Instituto Caros Ouvintes, e idealizador de campanhas e coberturas históricas.

A chegada a Florianópolis

A história de Antunes Severo em Florianópolis – e em grande parte a história da comunicação na Capital catarinense – começou em outubro de 1956. O radialista deixou o Paraná acompanhado do amigo Edwin Scott Balster e chegaram à cidade de ônibus. No dia seguinte a dupla batia à porta da Rádio Diário da Manhã para fazer história na imprensa local.

A emissora foi uma das grandes inovadoras na cobertura jornalística do estado. Antunes participou ativamente desta época de ouro, conduzindo as históricas coberturas do Carnaval da cidade e seus bailes, eleições, entre outros eventos. Com sua chegada, o rádio em Florianópolis viveu um novo patamar.

No fina da década de 50, chegou a trabalhar por meses na Rádio Guaíba, em Porto Alegre. Não se adaptou. Retornando a Florianópolis, voltou a trabalhar na emissora Diário da Manhã, da família Bornhausen. Nova guinada: o grupo comprara a Rádio Difusora de Itajaí e o nome de Antunes Severo surgiu para a função de gestor.

Instituto Caros Ouvintes

Dedicou-se à pesquisa nas áreas de comunicação social e marketing e ao Instituto Caros Ouvintes de Estudo de Mídia, como editor e presidente.

O Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia nasceu como resultado da ampliação das atividades do site criado para dar suporte à produção e lançamento do livro Caros Ouvintes – Os 60 anos do Rádio em Florianópolis, escrito por Ricardo Medeiros e Antunes Severo. No período de dois de agosto de 2003 quando foi definido o projeto, até quatro de agosto de 2005 quando foi lançado o livro, uma série de atividades ampliou a repercussão da iniciativa resultando na criação do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia. A fundação oficial da entidade ocorreu no  dia 25 de janeiro de 2005.

› FONTE: Caros Ouvintes

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