A Estação Experimental da Epagri em Ituporanga (EEItu) observou na safra 2017/18 a ocorrência de um vírus em cebola ainda não relatado na região Sul do país. A diagnose do vírus foi confirmada por análises realizadas no laboratório da Embrapa Hortaliças em Brasília. Este vírus, conhecido como Iris yellow spot virus, foi observado no Nordeste em 1994. Desde então, não existiam relatos oficiais da ocorrência dessa virose para a cultura da cebola no Brasil.
Até o momento foi constatada a presença do vírus nos municípios catarinenses de Ituporanga, Aurora e Campos Novos. Estudos realizados até agora certificam que o microrganismo não é transmitido por sementes.
O vírus é transmitido pelo tripes ou piolho da cebola, que é o principal inseto-praga da cultura. “Essa é uma informação importante em termos epidemiológicos, uma vez que em anos mais secos e com maiores infestações por tripes os riscos de ocorrência da doença se elevam”, avalia Edivânio Rodrigues de Araújo, pesquisador da EEItu.
Além da infestação por tripes, outros fatores podem estar associados à ocorrência da virose. “Apesar de estudos sobre manejo e epidemiologia da doença ainda serem praticamente inexistentes nas condições brasileiras, sabe-se que o aparecimento dos sintomas pode estar associado a algum fator de estresse abiótico, como temperaturas elevadas e estresse hídrico, entre outros”, explica Renata de Souza Resende, também pesquisadora da unidade.
Os sinais da doença merecem atenção. Há uma distinção clara entre os sintomas observados nas folhas ou no pendão floral. No pendão os sintomas são mais característicos, geralmente com manchas amarelas ou verde claras, em formato de losango, podendo ter o centro verde ou não. Já nas folhas os sintomas são menos específicos: pode-se observar manchas esbranquiçadas nas folhas, mas a queima ou “sapeco” generalizado das folhas, em um curto período de tempo, é o sintoma mais agressivo da virose.
Essa queima foliar repentina (em questão de dias a lavoura apresenta aspecto de queima) é parcialmente desencadeada por algum fator de estresse. Isso significa que, em alguns casos, podem existir plantas infectadas com o vírus, mas que não apresentam sintomas. Então, após serem submetidas a algum fator estressante, os sintomas se manifestam de forma rápida. Os sintomas normalmente aparecem no período de início da bulbificação.
O manejo da doença envolve uma série de práticas integradas: 1) Controle do tripes; 2) Controle de plantas daninhas (plantas daninhas, como o caruru, podem servir de fonte de inóculo do vírus); 3) Manejo correto da irrigação e da adubação; 4) Práticas conservacionistas, como uso de cobertura no solo e rotação de culturas também são recomendadas.
Por ser uma doença nova na região e ainda haver pouca pesquisa sobre o tema, a Estação Experimental de Ituporanga vai iniciar estudos sobre o tema. Já a partir da próxima safra serão pesquisadas a detecção do vírus, para entender a disseminação da doença, bem como práticas de manejo que minimizem as perdas ocasionadas pela virose.
› FONTE: Assessoria de Comunicação do Governo de SC