O segundo sobrevoo da temporada 2017 de monitoramento de baleias francas no litoral sul de Santa Catarina foi realizado no dia 19 de setembro e trouxe uma boa notícia. A análise prévia do número de baleias francas que frequentam a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca dá sinais de que a população deste mamífero marinho pode estar aumentando em relação a 2016. A observação aérea integra o Programa de Pesquisa e Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e Adjacências, desenvolvido pela SCPar Porto de Imbituba e executado pelo Grupo ACQUAPLAN.
Considerado o período de pico de ocorrência da espécie, o sobrevoo de setembro foi realizado entre as cidades de Florianópolis (SC) e Torres (RS) e constatou a presença de 49 baleias na região, sendo 24 pares de fêmea e filhote e uma baleia adulta solitária. Algumas delas, inclusive, já teriam sido identificadas em anos anteriores, como é o caso de uma fêmea avistada em 2007, e agora reencontrada com filhote no costão da Ponta do Papagaio, próximo à Fortaleza de Naufragados, em Palhoça.
Ao longo da região do sobrevoo, 26 baleias francas foram localizadas dentro da APA, 10 em Balneário Rincão e 13 no extremo sul de Santa Catarina. "O fato de termos observado um número maior de baleias na região da APA da Baleia Franca mostra que é possível estar ocorrendo uma normalização do número médio de baleias que frequentam a costa catarinense, mas somente as próximas observações e análises dos dados poderão confirmar se isso está mesmo ocorrendo, atualizando-nos sobre a relação entre número de filhotes nascidos aqui e a quantidade de alimentos na Antártica", explica o oceanógrafo Emilio Dolichney, responsável pelo sobrevoo.
Este é o quinto ano que a SCPar Porto de Imbituba realiza o Programa de Monitoramento das Baleias Francas. Dentro do rol de atividades previstas para a temporada está a realização de três sobrevoos e o monitoramento terrestre, em andamento com observação diária das enseadas das praias do Porto e Ribanceira, ambas em Imbituba.
Conforme explica o gerente de meio ambiente da SCPar Porto, Robson Busnardo, "o principal objetivo do Programa é a preservação da espécie e a continuidade das operações portuárias de forma a minimizar o impacto em seu habitat marinho". Busnardo destaca ainda que o desenvolvimento do programa tem possibilitado a ampliação da pesquisa e, consequentemente, o conhecimento sobre o comportamento da Baleias Francas. "No entanto, seu maior mérito é a ausência de registros de colisões com embarcações de pequeno, médio e grande porte na região de estudo", conclui.
As baleias francas "catarinenses"
A maior parte das baleias avistadas dentro e no entorno da APA da Baleia Franca em 19 de setembro deste ano são fêmeas com filhotes. Elas se aproximam da costa à procura de águas quentes e enseadas protegidas para procriação e amamentação. A espécie é capaz de gerar um novo filhote a cada três anos, sendo que o tempo de gestação é de 12 meses. Machos e juvenis também costumam ser vistos na região, geralmente sozinhos.
A rota migratória das baleias francas ainda é incerta, mas sabe-se que elas partem da Antártica, onde se alimentam de krill no verão e acumulam reserva energética em forma de gordura para a jornada rumo ao continente sul-americano.
Vítimas da caça indiscriminada e das mudanças climáticas nos últimos 400 anos, as baleias francas diminuíram drasticamente sua presença na costa brasileira em meados da década de 1970. No entanto, a pesca de baleias só foi definitivamente encerrada no Brasil na segunda metade da década de 1980, por decreto federal, após exaustiva campanha mundial pela proibição da caça. As baleias francas retornaram às enseadas do sul do Brasil apenas no decorrer dos anos 1990.
Em 2000, criou-se por decreto federal a APA da Baleia Franca, com o objetivo de proteger a principal área de ocorrência da espécie no Brasil. Passados 17 anos da criação da APA, hoje a estimativa de crescimento populacional das francas é de 12% ao ano.
› FONTE: Comunicação Social SCPar Porto de Imbituba e Grupo ACQUAPLAN