Parte significativa dos brasileiros ainda não possui o hábito de poupar. É o que revela o Indicador de Reserva Financeira, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) que mostra que 75% dos entrevistados não conseguiram guardar recursos no mês de agosto. O percentual revela um crescimento 3,4 pontos percentuais em relação a julho. Apenas 19% dos consumidores pouparam parte de seus ganhos.
O principal motivo citado pelos entrevistados para não poupar é a baixa renda. De acordo com a sondagem, 48% justificou dessa forma. A falta de renda, num cenário de alta do desemprego, também pesa, sendo mencionada por 16% desses entrevistados. Os imprevistos foram mencionados por 14%, enquanto a dificuldade para controlar os gastos e a falta de disciplina foram mencionados por 13%.
A pesquisa destaca ainda que nas classes A e B, a proporção de poupadores foi maior, de 38%. Já a quantidade de poupadores observada nas classes C, D e E, foi inferior aos das classes A e B, com 14%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, as principais razões apontadas para não poupar refletem, de fato, o momento de crise econômica. "O descuido com relação aos gastos, contudo, deve ser visto com atenção" alerta a economista.
Menos da metade dos brasileiros tem o hábito de poupar
Quando se trata do hábito de poupar no geral, e não mais da poupança no último mês, a última sondagem constatou que 33% guardam dinheiro habitualmente, sendo que 6% reservam sempre o mesmo valor e 28% poupam o que sobra do orçamento.
Os propósitos daqueles que têm o hábito de poupar são variados, sendo o principal deles, a proteção contra imprevistos, mencionada por 36%. Em seguida, aparece a realização de sonho de consumo (25%), as viagens (24%), e a reserva para o caso de desemprego (24%). A garantia de um futuro melhor para a família foi citada por 23%. Já a aposentadoria foi lembrada por 11%.
Segundo Marcela Kawauti, mesmo que não se poupe grandes somas, o hábito de guardar dinheiro ajuda o consumidor a não extrapolar os ganhos e manter um maior controle de suas finanças.
"Se o consumidor for surpreendido por alguma situação que demande dinheiro, e não dispor da quantia, poderá acabar tendo que recorrer a empréstimos e pagar juros que, em geral, são muito elevados. Além disso, é sempre muito inconveniente ter que buscar recursos numa hora ruim. Daí a importância de estar minimamente preparado para fazer frente a esses eventos", diz.
Pagamento de dívidas
O levantamento revelou ainda que metade (51%) dos brasileiros que constituem reserva financeira disseram que precisaram fazer uso de ao menos parte dos recursos em julho – em junho, 45% tiveram que utilizar seus recursos. O destino dessa quantia, para 13%, foi o pagamento de contas da casa e para 11%, o pagamento de dívidas. Além desses, 9% mencionam despesas extras e, outros 9%, mencionam os imprevistos.
Esse último caso exemplifica e importância da reserva, cuja finalidade, entre outras, é proteger o consumidor contra esse tipo de situação. Na falta desses recursos, os que sacaram das reservas para fazer frente a imprevistos teriam que recorrer ao crédito, em condições normalmente não vantajosas.
Poupança ainda é preferida
Os números mostram ainda que o perfil dos brasileiros é mesmo mais conservador quando o assunto é investimento. Para 61% dos poupadores habituais, a tradicional Conta Poupança é o destino mais costumeiro das reservas. O hábito de guardar dinheiro em casa aparece em segundo lugar, citada por 19%. Em seguida, aparecem os fundos de investimentos (8%), a Previdência Privada (6%); os CDBs (5%); e os papeis do Tesouro Direto (4%). Entre aqueles que conseguiram guardar dinheiro em agosto, e que sabem o valor guardado, foram poupados R$ 525, em média.
"É importante que o consumidor esteja sempre acompanhando seus investimentos, de forma a garantir que seus ganhos sejam os maiores possíveis. Assim, estudar novas opções e sempre avaliar as diferentes possibilidades de destino da poupança é uma forma inteligente de conseguir otimizar os rendimentos", recomenda o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.
Os poupadores de recursos que optam por deixá-los em casa elencaram suas razões. A questão da liquidez, isto é, facilidade para dispor do dinheiro quando precisar, pesa nessa decisão, sendo mencionada por 43%. Também se destacam a percepção de que não vale a pena deixar pouco dinheiro em banco (31%), a desconfiança com as instituições financeiras (22%); a insegurança com relação aos bancos (22%) e o medo de um novo confisco da poupança (22%).
Metodologia
A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileira, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via web e presencialmente entre os dias 1 a 14 de agosto de 2017. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
› FONTE: SPC Brasil