Karine Borges, de 17 anos, sentiu o peso da idade com o simulador de envelhecimento. Ao vestir uma roupa que aproxima da realidade vivenciada por uma pessoa de 70 anos, a jovem compreendeu como é ter o corpo pesado, visão reduzida e baixa audição. "Eu sabia que os idosos possuíam inúmeras limitações, mas não tinha dimensão das dificuldades enfrentadas. Sem dúvidas valorizarei ainda mais meus avós", afirmou.
A experiência foi proporcionada pela Faculdade Senac Chapecó à Karine e aos visitantes da 2ª edição do Workshop Viva as Diferenças, promovido pela Fundação Aury Luiz Bodanese, Cooperativa Central Aurora Alimentos e mais de 20 parceiros.
O evento, que teve duração de dois dias, reuniu diversas entidades e instituições que atuam em favor da inclusão social, pessoal e profissional de pessoas com deficiência. Cerca de 1.300 pessoas participaram das atividades. O coordenador educacional da Faculdade Senac de Chapecó, Franki Kucher, explicou que a intenção da instituição em promover a atividade Sentindo na Pele foi gerar empatia nas pessoas incentivando o respeito às diversidades. "Quando as pessoas vivem as adversidades enfrentadas por pessoas com deficiência ou idosos, por exemplo, passam a ter um novo olhar sobre essas situações. Colocar-se no lugar do outro é contribuir para a criação de ambientes mais inclusivos", observou.
Tecnologia a favor da inclusão
(Luan Techio ganhou a prótese personalizada)
A prótese que Luan Techio, de 27 anos, usa no braço direito foi doada pelo empreendedor paulista Thiago Jucá, fundador da Startup Protesis que desenvolve próteses acessíveis com uma impressora 3D. O intermédio foi oportunizado pelo coordenador dos cursos de Sistemas de Informação e Engenharia da Computação da Unoesc Chapecó, Tiago Zonta que trouxe Jucá para uma palestra em Chapecó.
O empreendedor faz próteses personalizadas e para Luan não poderia ser diferente. A prótese do jovem, que perdeu parte do braço direito com 18 anos em um acidente de trabalho, leva as cores e o escudo da Associação Chapecoense de Futebol. "Quando veio a Chapecó ele fez questão de trazer a prótese de presente", contou Zonta. Segundo o professor, a prótese oportuniza o abrir e fechar de mãos e segurar objetos. "Algumas tecnologias já são aplicadas à inclusão social, entre elas estão a realidade aumentada, a virtual e a impressão 3D que é o caso da prótese", complementou.
Após o acidente, Luan precisou aprender a encarar as dificuldades e a viver com as diferenças. "No começo foi difícil o processo de aceitação, mas com o apoio da família e dos amigos passei a ver a vida por outro ângulo e a agradecer por cada dia", relembrou.
Trabalhando no Frigorífico Aurora Chapecó II (FACH II) há seis anos, onde atua no setor de Tecnologia da Informação, o jovem encontrou um ambiente de valorização e crescimento pessoal e profissional. "Poucas empresas se preocupam realmente com a inclusão de pessoas com deficiência”, relatou.
Várias atividades
Entre a ampla programação do Viva as Diferenças os visitantes também puderam conferir relatos de superação como o da administradora Gisely Niedermayer com a palestra "Eu Escolhi ser feliz. E você? Seja o autor de sua própria história". O ex-goleiro e embaixador da Chapecoense Jackson Follmann mandou um vídeo diretamente de Roma, na Itália, e o fisioterapeuta da Chapecoense Marcos Bilibio contou como está ocorrendo o processo de recuperação dos jogadores do clube sobreviventes da tragédia com o voo da Lamia, em novembro de 2016.
O Desfile Inclusivo foi um dos grandes sucessos da segunda edição. Pessoas com deficiência que trabalham na Aurora Alimentos desfilaram todo o seu charme ao lado dos modelos da Kozzer Agência de Modelos, a maquiagem foi feita pelo SENAC, as roupas para o desfile foram cedidas pela Loja Nazari e a maquiagem foi produzida pelos salões de beleza Lequip e Orvalho do Mar.
O magicontador, como é tradicionalmente conhecido, Eric Chartiot encerrou a 2ª edição do Workshop Viva as Diferenças falando sobre inclusão com um toque de magia. Com espetáculos de mágica, Chartiot falou sobre viver as diferenças de uma maneira lúdica. "Somos como peças de um mesmo quebra-cabeça. Cada uma é única e particular e todas se encaixam perfeitamente. Assim também é a vida cada pessoa ocupa o seu lugar e tem importância diante do grande quebra-cabeça. Nos completamos com as diferenças", observou.
Chartiot reiterou como fundamental o protagonismo pessoal para tornar a sociedade no que queremos. "Falamos de inclusão na teoria, mas o que efetivamente estamos fazendo para que isso se torne realidade? Quando as diferenças trabalham juntas o mundo se torna muito mais mágico. Inclusão significa olhar para o outro, percebê-lo e respeitá-lo", finalizou.
A presidente da Fundação Aury Luiz Bodanese, Isabel Cristina Trierveiler Machado, agradeceu o apoio dos parceiros e voluntários que fizeram o sucesso do Viva as Diferenças e antecipou que a terceira edição ocorrerá em um novo município que será ainda divulgado. "Valorização e respeito são os primeiros passos para um mundo melhor. Vamos juntos construir uma sociedade mais inclusiva, repleta de diferenças e amor ao próximo".
Parceiros
Foram parceiros do 2º Workshop Viva as Diferenças: Sescoop/SC, Adevosc, APAE Chapecó, Unimed Chapecó, Associação Chapecoense de Futebol, Associação de Surdos de Chapecó, CAPP, Clínica de Comunicação e Centro Auditivo Comunica, Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Fraternidade Cristã da Pessoa com Deficiência, IFSC, INSS, Kozzer Produções e Eventos, Lojas Nazari, Near, SEASC, Senac, Senai, Sesc, Uceff, Unochapecó, Unoesc, Unopar, Vale do Sol, BRSIS, Hstands e Ministério Público de Santa Catarina.
› FONTE: Marcos A. Bedin